> >
No fim do mandato, Temer tentou se aproximar de Bolsonaro

No fim do mandato, Temer tentou se aproximar de Bolsonaro

Já vitorioso, mas ainda não empossado, Bolsonaro deu a entender que não tinha a menor pretensão de aliviar a barra para seu antecessor

Publicado em 21 de março de 2019 às 19:32

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
No fim do mandato, Temer tentou se aproximar de Bolsonaro. (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Antes que Jair Bolsonaro (PSL) fosse eleito para substitui-lo no Palácio do Planalto, Michel Temer (MDB) iniciou um movimento de aproximação.

Já vitorioso, mas ainda não empossado, Bolsonaro deu a entender que não tinha a menor pretensão de aliviar a barra para seu antecessor. "Quem estiver devendo para a Justiça não terá a mínima chance de continuar num governo meu. Quem não estiver devendo, pode até conversar", disse após lhe perguntarem se Temer podia ter algum cargo no Itamaraty.

Temer estaria de olho na embaixada brasileira na Itália. A Constituição inclui, conforme dita seu artigo 102, "chefes de missão diplomática de caráter permanente" no rol de beneficiados por foro privilegiado, que só podem ser julgados pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Asseclas falavam numa saída honrosa para o emedebista, que em 2017 virou o primeiro presidente em exercício denunciado por corrupção e é agora o segundo mandatário brasileiro preso sob suspeita de ser corrupto. O primeiro foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em abril do ano passado.

Uma reunião de Temer com o ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho) Ives Gandra da Silva Martins Filho ajudou a alimentar rumores de que o então presidente tentava construir uma ponte com o próximo inquilino do Palácio da Alvorada.

Ives Gandra se encontrou com Bolsonaro dias depois, mas à reportagem nega que tenha agido como emissário de Temer -esteve, sim, com ele em 2018, mas sempre em eventos.

Os dois são "confrades" (palavras do ministro) na Academia Internacional de Direito e Economia, mas é só, diz. "Demos muitos palestras juntos antes de ele ser político. Quando alguém da minha amizade se torna político, eu me afasto."

Na transição, Temer fez vários gestos para Bolsonaro. Convidou-o, por exemplo, para viagens internacionais. Em novembro, disse que mencionou ao sucessor agendas programadas no exterior, "até o G20, que será agora no fim do mês, não sei se o presidente poderá". Não pode, alegando complicações médicas decorrentes do atentado a faca que sofreu na campanha.

Na reunião que formalizou o governo de transição, Bolsonaro chegou a dizer que "muita coisa" da gestão antecessora seria mantida. Ganhou do emedebista um livro de presente, uma compilação de projetos realizados do seu governo, e também a promessa de empenho para aprovar projetos de interesse do novo governo.

Este vídeo pode te interessar

Uma foto do encontro abasteceu memes à época: Temer muito sorridente apertando a mão de Bolsonaro, com expressão mais contida.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais