Publicado em 5 de fevereiro de 2019 às 22:10
O MBL (Movimento Brasil Livre) pedirá o impeachment do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli sob o argumento de que ele interferiu indevidamente na eleição para a presidência do Senado, ao determinar votação fechada.>
O grupo informou que protocolará nesta quarta-feira (06) no Senado Federal o requerimento para afastar o magistrado das funções. Toffoli é o atual presidente do Supremo.>
Além do MBL, assinam o documento o advogado Modesto Carvalhosa, professor aposentado da Faculdade de Direito da USP, e o movimento Vem pra Rua, que militou contra a candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL).>
O texto afirma que o STF, "como guardião constitucional, não possui condão de se sobrepor à consagrada separação de Poderes".>
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Os autores questionam a decisão expedida por Toffoli na madrugada de sábado (02) que anulou uma manobra do plenário do Senado para que a eleição da presidência da Casa ocorresse com votação aberta.>
Segundo o ministro, era preciso respeitar o artigo 60 do regimento do Senado, que prevê o voto secreto.>
A disputa pela cadeira foi vencida no sábado (2) por Davi Alcolumbre (DEM-AP). O senador é colega de partido de membros do MBL que se elegeram em outubro, como o deputado federal Kim Kataguiri (SP) e o estadual Arthur do Val (SP), conhecido como Mamãe Falei.>
O Senado é a Casa responsável por receber e analisar pedidos de afastamento de ministros da corte. Caberá a Davi receber a solicitação e dar seguimento ao processo. A petição é endereçada a ele.>
Como a Folha de S.Paulo mostrou em dezembro, disparou nos últimos anos o número de requerimentos de impeachment de componentes do STF. Foram 23 entre 2015 e o fim de 2018.>
Toffoli constava, de acordo com o levantamento, no segundo lugar do ranking, com quatro petições, empatado com Luís Roberto Barroso.>
A maior parte dos processos costuma ser rapidamente arquivada pelo Senado, seja por conterem falhas jurídicas, seja pela avaliação de que não há motivo suficiente a embasá-los.>
Parte dos pedidos que chegaram à Casa nos últimos tempos foi apresentada pelo MBL.>
No documento de agora, os signatários argumentam que o presidente do STF "agiu em notória atuação desidiosa e incompatível com a honra, dignidade e decoro de suas funções".>
O entendimento dos críticos de Toffoli é que ele desconsiderou "os precedentes da corte e os próprios princípios constitucionais para interferir em ato interno do Poder Legislativo". O ministro já havia revogado liminar do colega Marco Aurélio para que os votos fossem abertos.>
A petição aponta ainda "a celeridade e presteza" do magistrado "para proferir decisão liminar às 3h da madrugada do sábado, dia 2, em petição elaborada no cair da noite da sexta-feira, dia 1º".>
Em sua decisão, Toffoli escreveu que o plenário da Casa "operou verdadeira metamorfose casuística" no próprio regimento, ao optar por votação aberta.>
Para o advogado Rubens Nunes, que é membro do MBL e um dos autores do pedido de impeachment, o fato de Davi estar à frente do Senado pode contribuir para que os requerimentos de afastamento feitos pelo grupo tenham tramitação.>
"Ele foi eleito justamente por se opor ao sistema da velha política de cooptação representada por Renan", diz o advogado.>
"Essa convergência com a vontade popular de mudança passa necessariamente por pautar os pedidos de impeachment de ministros do STF, especialmente o do ministro Toffoli", acrescenta.>
Segundo Nunes, o MBL está confiante de que o senador do DEM colocará em pauta as petições do grupo.>
Procurado via assessoria para comentar o assunto, Toffoli não se manifestou.>
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