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Manifestante é vaiado ao defender PF e criticar Bolsonaro em Vila Velha

Manifestante é vaiado ao defender PF e criticar Bolsonaro em Vila Velha

"Sou a favor do Ministério Público, sou a favor da Polícia Federal, sou a favor da Receita Federal. Não tenho bandido de estimação", discursou Antonio Carlos Gomes

Publicado em 27 de agosto de 2019 às 05:47

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Antônio Carlos Gomes (de camisa preta) foi vaiado e hostilizado por manifestantes após subir no palco e dizer que estava insatisfeito com Bolsonaro. (Eduardo Dias)

Manifestantes no ato pró-Lava Jato, contra a lei do abuso de autoridade e também a favor do governo Bolsonaro em Itaparica, Vila Velha, vaiaram um dos participantes que discursava no carro de som neste domingo (25).

Antonio Carlos Gomes subiu no veículo e, ao microfone, contou que votou no atual presidente da República, mas está insatisfeito com a interferência na Polícia Federal e no Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que agora se chama Unidade de Inteligência Financeira, e na Receita Federal.

"Vocês não estão entendendo. Nós não somos cegos, eu não. Sou a favor do Ministério Público, sou a favor da Polícia Federal, sou a favor da Receita Federal. Não tenho bandido de estimação. Quem tem bandido de estimação é o PT e não podemos fazer igual ao PT. A Polícia Federal tem que continuar independente, o Ministério Público tem que continuar independente", discursou.

"Por que o Coaf mudou? Porque os líderes do PSL no momento que foi votado o projeto de abuso de autoridade não foram contra? A Joice Hasselmann (deputada federal pelo PSL e líder do governo no Congresso) ficou caladinha. Os líderes do PSL ficaram todos calados. Depois que se tornou um escândalo aí 'nós somos contra, que isso'. Para com isso, meu amigo, aqui ninguém é cego. Não votamos no Bolsonaro para ele repetir o PT, para repetir corrupção", prosseguiu, sob vaias.

Quando desceu do carro de som, foi interpelado por um grupo de manifestantes. Um deles, usando uma camisa da Seleção Brasileira, ainda reclamou que a imprensa quis falar com Gomes. "Vocês entrevistam o mais desinformado".

O ato em Itaparica terminou por volta das 17h10. Desta vez, os manifestantes não se concentraram na Praia da Costa e nem atravessaram a Terceira Ponte. De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), 200 pessoas participaram do ato em Vila Velha. O mesmo número foi estimado pelos organizadores.

INTERFERÊNCIA

O próprio Jair Bolsonaro (PSL) já disse que foi eleito para "interferir mesmo" e pediu a troca de alguns superintendentes da Polícia Federal. Lembrado que esta é uma atribuição do diretor-geral da instituição, falou em trocar, então, o próprio diretor-geral.

A PF é um dos principais atores da Operação Lava Jato e do combate à corrupção e outros crimes no país e, em tese, está sob o comando do ministro da Justiça, Sergio Moro. Mas Bolsonaro também já disse: Se eu trocar [o diretor-geral da Polícia Federal] hoje, qual é o problema? Está na lei que eu que indico e não o Sergio Moro. E ponto final”.

O Coaf, ou Unidade de Inteligência Financeira, outra peça importante no combate à lavagem de dinheiro, e instrumento utilizado na Lava Jato e outras operações, agora está sob a batuta do Banco Central. E uma Medida Provisória editada por Bolsonaro permite que integrantes do órgão possam vir de indicações políticas. O então chefe do Coaf, Roberto Leonel, aliado da Lava Jato, perdeu o posto.

Já a Receita Federal também está na mira. O número dois da instituição, João Paulo Ramos Fachada, que é quem cuida do dia a dia da Receita, também foi demitido.

DALLAGNOL CRITICA

O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, já criticou o governo devido às intervenções nos órgãos de investigação e controle. 

“Nós vemos também que essas investigações relativas à família dele [Bolsonaro] têm relação com áreas em que ele tem buscado atuar – segundo várias pessoas têm avaliado, de modo indevido – em relação à Receita Federal ou à Polícia Federal. O que nós podemos esperar é que exista uma atuação do presidente coerente com aquilo que ele divulgou em campanha, com a pauta que ele abraçou, que é a pauta anticorrupção", afirmou Dallagnol em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, do Paraná. 

CASSETA & PLANETA

O humorista Marcelo Madureira, do Casseta e Planeta, teve que sair escoltado pela polícia de um protesto contra a lei do abuso de autoridade no Rio de Janeiro neste domingo. 

"Não tenho medo de vaias. Votei no Bolsonaro e vou criticar todas as vezes que for necessário. Como justificar uma aliança do Jair Bolsonaro com o Gilmar Mendes para acabar com a Operação Lava Jato? É isso que está acontecendo", disse Madureira antes de ter o microfone cortado. 

PAUTA

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Entre as reivindicações dos protestos deste domingo, que ocorreram também em Vitória e outras cidades do país, estão o veto ao projeto de lei do abuso de autoridade, o impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli e Gilmar Mendes, a aprovação do pacote anticrime do ministro Moro e a indicação de Dallagnol para procurador-geral da República. Na capital capixaba, o ato foi realizado em Camburi. Lá, também de acordo com a Sesp, 800 pessoas participaram.

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