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Governo diz que acordo com EUA sobre OCDE está mantido

Governo diz que acordo com EUA sobre OCDE está mantido

Após comitiva americana não se posicionar sobre inclusão do Brasil na organização, oposição usa redes sociais para atacar Bolsonaro

Publicado em 8 de maio de 2019 às 11:19

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Bolsonaro ao lado de Trump em visita oficial aos EUA. (Evan Vucci/AP)

Coube ao assessor especial para assuntos internacionais do governo Jair Bolsonaro, Filipe Martins, comentar nesta terça-feira (7), publicamente a postura de diplomatas americanos que se mantiveram em silêncio na reunião da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Genebra, sobre o apoio do governo Donald Trump à adesão do Brasil à entidade. A informação sobre a postura dos americanos foi revelada pelo jornal Valor Econômico.

"A posição do governo americano em relação ao ingresso do Brasil na OCDE é exatamente a mesma que foi adotada pelo Presidente Donald Trump no dia 19 de março: a de apoio claro e inequívoco ao início do processo de ingresso do nosso país na organização", escreveu Martins no Twitter. Segundo ele, "há um impasse sobre o número de vagas a serem abertas na organização, decisão que demandará consenso: enquanto países europeus desejam abrir 6 vagas, outros desejam abrir apenas 4, mas todos apoiam o acesso do Brasil".

O Broadcast procurou no final da noite os ministros Paulo Guedes (Economia) e Augusto Heleno (GSI), além da assessoria do Itamaraty, mas não houve retorno. Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro não mencionou o assunto até 23h40 da terça-feira tampouco o chanceler Ernesto Araújo ou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e acompanhou o pai na viagem em que o tema foi tratado com Donald Trump.

A oposição também usou as redes sociais para cobrar o governo brasileiro. "A subserviência de Bolsonaro a Trump agrada ao astrólogo ideólogo do governo morador dos EUA, mas não se traduz em nenhum ganho real para o País. Pelo contrário, já podem ser vislumbradas as perdas", escreveu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), mencionando o escritor Olavo de Carvalho. "Estados Unidos dão um chute no Brasil e não apoiam sua entrada na OCDE, mesmo depois do Brasil ter abdicado do tratamento diferenciado da OMC, complicando nosso comércio internacional. Até aonde vai o complexo de viralatismo do desgoverno Bolsonaro?", tuitou o deputado André Figueiredo (PDT-CE).

"EUA mantêm bloqueio na OCDE e não cumprem barganha com Brasil", postou o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS). "Belo acordo, capitão! Abrimos mão de vantagens comerciais que tínhamos na OMC a pedido do seu amigo @realDonaldTrump, que lhe retribuiu mantendo o bloqueio ao Brasil na OCDE. É isso que dá ser capacho de americano", ironizou o deputado Jorge Solla (PT-BA).

Os Estados Unidos se comprometeram a apoiar a candidatura do Brasil a membro da OCDE durante viagem oficial do presidente Jair Bolsonaro aquele país em março. O pleito brasileiro foi encampado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que vê a adesão ao chamado clube dos países ricos como um selo internacional de confiança no Brasil. "Estou apoiando o Brasil para entrar na OCDE", disse Trump no Salão Oval da Casa Branca, onde recebeu Bolsonaro no dia 19 de março.

O apoio formal dos EUA para a entrada do Brasil na OCDE é considerado crucial, mas veio com uma contrapartida. Em troca, o governo brasileiro concordou em "começar a renunciar" ao tratamento diferenciado dado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) aos países em desenvolvimento. Para os EUA, isso ajudaria a abrir caminho para a reforma que o país propõe nas regras globais de trocas comerciais.

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Após a reunião privada com Bolsonaro, o presidente americano confirmou o posicionamento à imprensa nos jardins da Casa Branca. "Nós vamos apoiar. Vamos ter uma boa relação em diferentes formas. Isso é algo que vamos fazer em honra ao presidente (Bolsonaro) e ao Brasil", disse Trump em março.

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