Publicado em 22 de agosto de 2019 às 06:53
Em festa do Dia dos Pais, comemorada no colégio particular onde estuda a sua filha caçula, o presidente Jair Bolsonaro reconheceu nesta sexta-feira (9) que a educação no país "não vai muito bem" e atacou a "ideologia de gênero" nas unidades de ensino.>
Em discurso gravado por pais de estudantes e ao qual Folha teve acesso, ele atribuiu à ideologia nas salas de aula os problemas nos níveis de educação no país e disse que tem trabalho para afastá-la do ambiente escolar, já que seu objetivo, segundo ele, é formar uma "militância".>
"A educação do Brasil, com as exceções de praxe, não vai muito bem. Em grande parte, devemos isso a uma ideologia que, ao longo de décadas, foi se aproximando das escolas. O que nós queremos é que os nossos filhos sejam bem instruídos. O trabalho é de tirar e afastar certas ideologias, como a ideologia de gênero, pessoas que estão preocupadas apenas em fazer com que, no futuro, tenhamos militância", disse.>
O discurso do presidente foi feito aos pais de estudantes em um auditório na escola onde estuda Laura Bolsonaro, de 8 anos, antes de uma apresentação dos alunos. Segundo uma mãe de aluno, a direção da escola consultou os pais sobre permitir ou não que o presidente fizesse um discurso e a maioria foi favorável.>
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Bolsonaro disse ainda que o sonho dele é fazer com que a nova geração seja mais bem educada que a dele.>
A teoria de gênero, reconhecida academicamente, estabelece que gênero e orientação sexual são construções sociais, e não apenas determinações biológicas. Já para segmentos da direita, a "ideologia de gênero" é um ataque ao conceito tradicional de família.>
O termo "ideologia de gênero" foi criado pela Igreja Católica e citado pela primeira vez em 1998, em uma nota da Conferência Episcopal do Peru. Ele acabou adotado por grupos radicais de direita.>
No mês passado, o presidente disse que irá alterar o formulário de solicitação de passaportes. Em café da manhã com a bancada evangélica, ele afirmou que nos campos relativos à filiação do requerente serão substituídas as palavras "genitor 1" e "genitor 2" por "pai" e "mãe".>
Em 2017, a Polícia Federal adotou o termo "genitor" para contemplar novas formações familiares, como as compostas por casais homoafetivos. A iniciativa de alterar a solicitação do passaporte não é a primeira tomada pelo Ministério das Relações Exteriores no combate às discussões de gênero.>
Recentemente, diplomatas brasileiros receberam instruções oficiais para que, em negociações em foros multilaterais, reiterem "o entendimento do governo brasileiro de que a palavra gênero significa o sexo biológico: feminino ou masculino".>
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