Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 14:13
Registros obtidos em cartórios mostram que o então deputado estadual e hoje senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) adquiriu em três anos, de 2014 a 2017, dois apartamentos em bairros nobres do Rio de Janeiro, ao custo informado de R$ 4,2 milhões.>
Em parte das transações, o valor registrado pelos compradores e vendedores é menor do que aquele usado pela prefeitura para cobrança de impostos.>
O período da aquisição dos imóveis pelo filho de Jair Bolsonaro é o mesmo em que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) teria detectado movimentação de R$ 7 milhões nas contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, segundo reportagem do jornal O Globo publicada neste domingo (20).>
O ex-motorista é investigado sob suspeita de ser o pivô de um esquema ilegal de arrecadação de parte dos salários de servidores do gabinete, prática conhecida como rachid.>
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Flávio começou na vida pública em 2002, tendo como único bem na época um Gol 1.0, segundo sua declaração de bens.>
Em outro relatório, divulgado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, sobre movimentações atípicas na conta do filho do presidente, o Coaf identificou um pagamento de R$ 1.016.839 de um título bancário da Caixa - a análise considerou movimentações que ocorreram entre junho e julho de 2017. Segundo a reportagem, o órgão não conseguiu identificar a data exata e o beneficiário.>
De acordo com os documentos obtidos em cartórios, Flávio registrou em junho de 2017 a quitação de uma dívida com a Caixa no valor aproximado de R$ 1 milhão para aquisição de um dos apartamentos que comprou, no bairro das Laranjeiras, no Rio. Segundo dados de uma das escrituras, o débito foi pago em 29 de junho daquele ano.>
Segundo informações cartoriais, Flávio comprou o imóvel na planta, por valor declarado de R$ 1,753 milhão.>
Ele se desfez do bem em 2017, quando fez uma permuta, recebendo em troca uma sala comercial na Barra da Tijuca e um apartamento na Urca, além de R$ 600 mil em dinheiro para completar o negócio. Na escritura, o imóvel dado por ele tinha passado a valer R$ 2,4 milhões.>
O novo bem, na Urca, teve valor registrado de R$ 1,5 milhão.>
Outro apartamento adquirido pelo senador eleito entre 2014 e 2017 foi um na Barra da Tijuca, pelo valor de R$ 2,55 milhões.>
Para a compra, ele também teve de pegar uma espécie de empréstimo, dessa vez com o banco Itaú, pelo valor de R$ 1,074 milhão.>
O apartamento fica em uma das regiões mais nobres do bairro, na avenida Lúcio Costa, de frente para a praia, próximo do condomínio em que o pai tem casa.>
Em sintonia com a constante movimentação de imóveis da qual participa, Flávio declarou em 2018 ter só o apartamento da Lúcio Costa e a sala na Barra, o que sinaliza venda ou outro tipo de transação no da Urca.>
A Folha de S.Paulo revelou em janeiro de 2018 que o presidente Jair Bolsonaro, à época deputado federal e pré-candidato, e seus três filhos que exercem mandato multiplicaram o patrimônio na política.>
Com base em pesquisas cartoriais, a reportagem mostrou que até aquele mês eles eram donos de 13 imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 15 milhões, a maioria em pontos altamente valorizados do Rio, como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca.>
A Folha de S.Paulo também mostrou em janeiro do ano passado que Flávio havia negociado ao menos 19 imóveis nos nos últimos 13 anos.>
A maior parte são 12 salas do Barra Prime, um prédio comercial. Todas foram vendidas para a MCA Participações, empresa que tem entre os sócios uma firma do Panamá. Ela adquiriu as salas de Flávio em novembro de 2010, 45 dias depois de o deputado ter comprado 7 das 12 salas.>
MOVIMENTAÇÕES ATÍPICAS>
O senador eleito passou a ser protagonista da dor de cabeça do governo após a revelação das movimentações de Queiroz.>
Quase um mês depois, agora ele é também foco do Ministério Público e demais autoridades.>
O relatório sobre movimentações de Flávio mostra que ele recebeu em sua conta bancária 48 depósitos em dinheiro entre junho e julho de 2017. Os 48 depósitos em espécie foram feitos no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Alerj sempre no valor de R$ 2.000.>
O levantamento de dados pelo Coaf motivou reclamação do senador eleito ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, a corte suspendeu a investigação que envolvia Queiroz e Flávio.>
A reportagem enviou perguntas ao advogado e à sua assessoria no final da tarde e início da noite deste domingo (20), mas não obteve resposta.>
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