Publicado em 27 de agosto de 2019 às 20:57
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) afirmou nesta terça-feira (27) que a propina cobrada na Secretaria de Obras, chamada de "taxa de oxigênio", beneficiava Luiz Fernando Pezão (MDB), ex-vice-governador, secretário e sucessor no cargo (2014-2018).>
Cabral disse que tinha conhecimento das cobranças sobre as empreiteiras de médio porte em programas da Secretaria de Obras, tais como Bairro Novo, para urbanização de bairros da região metropolitana.>
"Pezão participava dessa arrecadação. Era beneficiado, me dava ciência e prestava contas sobre benefícios a terceiros. Muitas vezes eu soube pelos próprios empreiteiros", disse Cabral.>
O ex-governador (2007-2014) afirmou que não recebia participação da "taxa de oxigênio", mas era informado sobre parte do destino. Ele disse ainda que a propina beneficiou pessoas com foro especial, mas não mencionou esses nomes.>
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Pezão está preso desde novembro do ano passado, em decorrência da Operação Boca de Lobo. Na ocasião, ele foi acusado de receber uma mesada de Cabral de R$ 150 mil, produto da propina recebida pelo emedebista.>
Cabral depôs na ação penal em que é acusado de dar anuência à cobrança de propina na Secretaria de Obras, comandada por Pezão e, depois, por Hudson Braga, braço direito do antecessor. Segundo o emedebista, os dois desempenhavam papéis distintos na abordagem aos empresários.>
"Grandes empreiteiros reclamavam do tratamento açodado do subsecretario Hudson Braga. O Pezão era o mais tratável e o Hudson jogava mais pesado com as empreiteiras, por vezes até indelicado", disse o ex-governador.>
Cabral já foi condenado em dez ações cujas penas já somam 216 anos e meio. Ele responde a, no total, 30 ações penais decorrentes da Lava Jato - sendo um na Justiça estadual e os demais na federal.>
Braga negou em interrogatório ter cobrado propina de empreiteiros. Ele disse que cobrou 1% sobre uma obra, na favela de Manguinhos, para complementar salário de servidores envolvidos no projeto.>
"Essa cobrança foi determinada pelo governador e o vice-governador à época. Não tenho nada a ver com isso. Estão querendo me colocar no centro de algo que não tenho nada a ver", disse Braga, já condenado na Operação Calicute por receber propina.>
O advogado Roberto Pagliuso, que defende Braga, criticou o depoimento de Cabral.>
"O ex-governador é um réu camaleão. Muda de pele conforme é de seu interesse. Já foi o réu coitado, o réu agressivo e agora é o réu colaborador. Em todas as posturas, não há qualquer compromisso com a verdade", afirmou Pagliuso.>
A defesa de Pezão não se manifestou sobre o interrogatório de Cabral.>
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