Publicado em 4 de julho de 2019 às 01:16
O presidente Jair Bolsonaro, em articulação com líderes partidários da Câmara, negociou nesta quarta (3) regras de aposentadoria mais suaves para policiais federais.>
O acordo, porém, caiu após a recusa da categoria às mudanças apresentadas, consideradas insuficientes.>
Até a conclusão deste texto, a comissão especial ainda discutia o relatório da reforma da Previdência. Passada esta fase, o texto vai para votação no plenário.>
A PEC (Proposta de Emenda à Constituição), enviada pelo governo em fevereiro, criava uma idade mínima de 55 anos para homens e mulheres policiais federais, policiais rodoviários federais, policiais legislativos.>
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O texto negociado com o relator do texto, Samuel Moreira (PSDB-SP), previa idade mínima de 53 anos para homens e de 52 para mulheres.>
Hoje, não há idade mínima para as categorias se aposentarem, mas apenas a exigência de 30 anos de contribuição, se homem, e de 25, se mulher.>
Para os trabalhadores da iniciativa privada, a idade mínima de aposentadoria, pela reforma da Previdência, será de 65 anos para homens e de 62 para mulheres. Hoje, essas regras não existem.>
Bolsonaro tentou abrandar as regras para os policiais após receber críticas dos agentes, que são parte da base que o apoiou nas eleições.>
Em protesto na Câmara, na terça-feira (2), quando foi apresentada a segunda versão do relatório de Moreira, um grupo de agentes federais criticou o presidente, aos gritos de "acabou o amor, Bolsonaro traidor".>
A Folha de S.Paulo mostrou nesta quarta que Moreira teria de ceder à pressão de policiais federais, principalmente depois de Bolsonaro passar a atuar para beneficiá-los.>
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), participou das tratativas que visavam buscar uma solução para a questão levantada por Bolsonaro sobre os policiais.>
No início da noite, Maia anunciou que o acordo não fora concretizado. A nova --e terceira-- versão da proposta na comissão, lida nesta quarta, não tratou do tema.>
Presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal), Edvandir Paiva disse à reportagem que a proposta feita pelo governo "não resolve" o problema da categoria.>
"A idade mínima de 55 anos não era nosso principal problema. O governo está tentando vender que apresenta um novo texto melhor para a categoria, mas na verdade não melhorou nada", disse Paiva.>
Os policiais querem que quem está perto de se aposentar tenha de trabalhar 17% a mais do período que falta para cumprir o tempo mínimo de contribuição.>
Esse é o mesmo "pedágio" previsto para Forças Armadas, policiais militares e bombeiros dos estados.>
Após negociações com líderes, Maia e Moreira, o governo propôs um "pedágio" de 100%. Assim, para quem falta dois anos para se aposentar, teria de trabalhar mais quatro anos.>
A sugestão não agradou aos policiais federais, que agora passarão a apoiar uma emenda do PSD que beneficia a categoria e demais setores da segurança pública.>
Agora, líderes da Câmara querem que Bolsonaro tenha de conseguir os votos para agradar a sua base eleitoral e desidratar sua própria reforma da Previdência.>
"Eu acredito que, já que não houve acordo, o governo não vai trabalhar para o destaque ser aprovado e derrubar as categorias do texto. Isso será uma sinalização muito ruim no plenário. Se uma categoria sair, vão sair todas", afirmou Maia.>
Ele defendeu que os policiais federais também deem sua contribuição, já que toda a sociedade será atingida pelas alterações nas regras de aposentadoria.>
"Ninguém faz isso sorrindo, ninguém comemora votação de reforma da Previdência, mas a gente faz com muita convicção que é o único caminho para garantir estabilidade", disse.>
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