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Bancada capixaba aposta em baixo impacto na agenda do Congresso

Bancada capixaba aposta em baixo impacto na agenda do Congresso

Essa, porém, não é uma visão unânime. Há quem alerte para falta de coesão na base governista

Publicado em 21 de março de 2019 às 23:59

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Plenário da Câmara dos Deputados. (Marcos Oliveira/Agência Senado)

Apesar da expectativa sobre como o Congresso Nacional reagirá à prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB), líder de um dos maiores partidos do país, parlamentares capixabas não acreditam em interferência do fato político na condução da agenda do governo. Alguns setores de Brasília não descartam dificuldades em projetos prioritários, já que a prisão amplia o desgaste entre o Legislativo e o Judiciário.

Coordenador da bancada federal capixaba, o deputado Josias da Vitória (PPS) avalia que a captura de Temer era prevista, em razão das investigações em curso, mas que ela não afetará a agenda de reformas.

"A mudança na composição do Congresso foi expressiva. Há compromisso com a sociedade, esperança de ter uma política diferente. Grande parte dos novos parlamentares são pessoas com compromisso o desenvolvimento do país e com as políticas públicas importantes esperadas pela sociedade, o pacote anticrime e a reforma da Previdência", disse.

Outros membros da bancada federal também apostam em poucas consequências. "Em relação à reforma da Previdência, não tenho dúvida que o Congresso entende da sua importância para o Brasil retomar o seu crescimento e irá trabalhar no projeto com muita celeridade", afirmou a deputada Soraya Manato (PSL), por nota. Para ela, as prisões de Temer e do ex-ministro Moreira Franco são "mais um capítulo do combate à impunidade no Brasil".

Na visão da deputada Lauriete Rodrigues (PR), trata-se de um momento triste para a imagem do país. "Esta ação é o fortalecimento da Lava Jato. A operação não pode parar. A prisão dos envolvidos em corrupção não quebra o clima do debate da reforma da Previdência Social. O Congresso Nacional quer o debate e sabe da importância que representa para o Brasil", frisou.

O deputado Felipe Rigoni (PSB) também considera que a consequência política da prisão de Temer tem pouco poder de influência sobre o Congresso. Rigoni pondera, no entanto, que esse risco é maior com relação à saída de Moreira Franco do jogo. O ex-ministro é padrasto da esposa de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara e um importante articulador da reforma.

 

"Em relação às votações, não acredito que tenha impacto grande em votações. O que pode ter impacto grande é a prisão de Moreira Franco. Pode ser visto como espécie de retaliação do próprio governo em relação a algumas falas do Maia, mas acho que as votações vão continuar acontecendo", ponderou, via assessoria.

O senador Marcos do Val (PPS) frisa que os parlamentares conseguirão separar os assuntos, sem tirar os projetos legislativos importantes do foco. "Em relação à tramitação dos projetos, como a reforma da Previdência, não vejo interferência – a não ser que deputados, senadores e ministros em exercício sejam acusados e julgados. Fora isso, somos parlamentares com capacidade para separar as coisas. O Brasil precisa avançar, precisa dessas reformas e vamos trabalhar para aprová-las de forma justa e ágil", disse, por nota.

O também senador Fabiano Contarato (Rede) manifestou-se pelas redes sociais sobre a prisão de Temer, mas não opinou sobre o efeito no funcionamento do Legislativo. "Esse é um passo importante para deixar claro que todos são iguais perante a lei e irão responder pelos seus atos na Justiça", postou.

A senadora Rose de Freitas (Podemos) foi procurada, mas não deu retorno à reportagem.

AGUARDANDO

A minimização de possíveis consequências políticas da crise na bancada emedebista não é unanimidade na bancada. O deputado federal Ted Conti (PSB) entende que ainda é cedo para medir os impactos desse novo fato político.

"A prisão de hoje mostra que ninguém está acima da lei e reforça a tese de que o país precisa ser passado a limpo. É importante que o combate à corrupção no Brasil prossiga com firmeza e rigor. E sobre o andamento de projetos importantes no Congresso acredito que ainda é cedo para medir algum impacto", frisou, por nota.

AMEAÇA

Já o deputado Helder Salomão (PT) afirma que a condução das agendas do governo pode, sim, ficar ameaçada. O parlamentar, que já amargou a prisão do ex-presidente Lula (PT), não descarta a possibilidade de a prisão de Temer ter acontecido por razões mais políticas do que jurídicas, especificamente para as autoridades da Lava Jato mostrarem força.

"Toda vez que a operação Lava Jato está nas cordas, promovem um espetáculo. Após aquela proposta de colocar os R$ 2,5 bilhões em uma Fundação, eles entraram em desgaste profundo. Espero que essa não seja a razão da ação da Lava Lato no dia de hoje. Temos casos, como o de Lula, sem provas", disse.

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Helder também pontua que prejuízos ao governo são possíveis, sobretudo se ficar sugerida alguma "manobra política" da Lava Jato. "Pode fragmentar ainda mais a base frágil do governo. Se ficar caracterizada manobra política, vai explodir o Congresso. Minha impressão é a de que vai provocar rebuliço, mas na base aliada e no centrão. Não na oposição. A base está preocupada. Alguns deputados entendem que não é só ação da Justiça", disse o oposicionista.

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