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Segunda vítima de ritual religioso com cachaça e vela morre na Serra

Segunda vítima de ritual religioso com cachaça e vela morre na Serra

O homem, que teria feito o trabalho de "cura espiritual" em Beatriz Farias Macedo, de 65 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu; ele estava internado no Hospital Jayme Santos Neves

Maria Fernanda Conti

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Publicado em 11 de outubro de 2022 às 22:23

Hospital Dr. Jayme Santos Neves, na Serra
Homem estava internado no Hospital Dr. Jayme Santos Neves, na Serra Crédito: Fernando Madeira

Quase 48 horas após a morte de Beatriz Farias Macedo, de 65 anos, durante um ato religioso em Vila Velha, um homem também não resistiu aos ferimentos e morreu nesta terça-feira (11). Ele não teve a identidade divulgada oficialmente, mas era conhecido como Carlinhos pelos familiares da mulher.

O homem estava internado no Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, com muitas queimaduras, e seria o responsável pela prática religiosa. A informação foi dada à reportagem de A Gazeta pelo sobrinho da vítima, Leonardo Galazzi.

MORTES APÓS ATO COM CACHAÇA E VELA

Beatriz Farias Macedo, de 65 anos, morreu na noite do último domingo (9) após participar de um ato religioso em Riviera da Barra, Vila Velha, no sábado (8). Ela teve 70% do corpo queimado e não resistiu aos ferimentos. Carlinhos, que, segundo parentes da mulher, seria proprietário do local onde ocorreu o fato, também ficou ferido.

Beatriz Farias Macedo, de 65 anos, morreu na noite deste domingo (10) após participar de um ato religioso
Beatriz Farias Macedo, de 65 anos, morreu na noite deste domingo (10) após participar de um ato religioso em Riviera da Barra, Vila Velha, na Grande Vitória Crédito: Reprodução

No boletim de ocorrência consta que a mulher tinha depressão e foi induzida pelo filho e pela nora a ir em uma casa espiritual. O responsável pelo ato religioso teria jogado cachaça em Beatriz e, logo depois, passado uma vela acesa nela.

Beatriz e Carlinhos tiveram o corpo incendiado e foram encaminhados em estado crítico ao Hospital Estadual Jayme Santos Neves, em Morada de Laranjeiras, na Serra.

Em conversa com o repórter André Falcão, da TV Gazeta, o sobrinho da vítima, Leonardo Faria, contou que a tia foi até o local acompanhada do filho, nora e uma sobrinha.

“O que sabemos é que a minha tia Beatriz saiu de casa, acompanhada com o filho, a nora e a minha prima para fazer uma cura e libertação em uma casa, em um centro, que a gente não sabe, de fato, o local, porque não temos o endereço, mas a polícia já está no caso para investigação. Sabemos que o proprietário, o pai de santo é chamado de Carlinhos, também está internado no Jayme, pois teve queimaduras no corpo”, contou.

A sobrinha relatou a Leonardo que Beatriz teve que comprar um lençol e levá-lo até o local combinado para a ação. Quando chegou lá, o homem teria jogado cachaça na mulher e passado a vela ao redor.

NORA CONTA VERSÃO DIFERENTE

A nora da vítima contou uma versão diferente do fato à Polícia Militar. Segundo ela, a vítima se queimou com uma churrasqueira.

“Algo que nos intriga é que quando ela deu entrada no Jayme, foi como incêndio provocado por uma churrasqueira”, afirmou Leonardo.

O irmão de Beatriz e pai da sobrinha da vítima, o aposentado Paulo Sérgio, também ficou intrigado com a versão dada pela nora da mulher.

“Minha filha morava com a Beatriz e presenciou toda a cena. Ela contou para mim, ela não mente, falou a verdade, que na hora em que entraram, o homem colocou minha irmã deitada no chão, enrolou ela em um lençol branco, jogou cachaça ou álcool e o cara passou uma vela acesa em cima e pegou fogo até nele”, destacou.

“A nora, quando levou a minha irmã ao Jayme, omitiu informações, falando que foi acidente em churrasqueira, mas não foi. Isso foi um crime”, finalizou.

O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL

A Polícia Civil informou que o caso seguirá sob investigação da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM) e detalhes da investigação não serão divulgados, por enquanto.

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