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Os locais mais perigosos para motoristas de aplicativo na Grande Vitória

Os locais mais perigosos para motoristas de aplicativo na Grande Vitória

Criminosos usam celular roubado para assaltar motoristas

Publicado em 12 de maio de 2019 às 23:35

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Luiz Fernando, presidente da Associação de Motoristas de Aplicativo, relata insegurança com os novos golpes usados por bandidos. (Kaique Dias)

Com o objetivo de render motoristas de aplicativos, bandidos estão inovando na hora de agir. Agora, um novo golpe tem preocupado quem trabalha na área: Criminosos roubam celulares e, por meio dos aparelhos, pedem uma corrida. Acreditando que irão atender pessoas com boas avaliações no aplicativo, os motoristas acabam rendidos pelos assaltantes.

De acordo com o presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos do Espírito Santo (Amapes), Luiz Fernando Muller, embora os aplicativos tenham melhorado a configuração de segurança, os assaltantes conseguem driblá-los facilmente.

“A maioria dos aplicativos já mostra a nota do passageiro, se ele fez menos de cinco corridas, a região do destino. Mas agora os bandidos têm essa nova forma de agir, roubam o celular e pedem o motorista pelo aplicativo do aparelho da vítima. Como o motorista vê que é um cliente com boa nota e referência, ele aceita a corrida. Ao chegar, é rendido pelo assaltante. Esse crime ainda não se tornou mais comum porque muitos celulares são bloqueados por senha”, acredita.

Mas de acordo com um motorista de aplicativo, que preferiu não se identificar, já há registro de casos em que assaltantes exigem que vítimas informem a senha do celular após serem assaltadas.

“Em conversas com os colegas de profissão, percebemos que a região onde esse tipo de ação mais tem acontecido é no Centro de Vitória, principalmente na região do Parque Moscoso”, afirmou.

PEDIDO DE AJUDA

Outra forma de agir sem provocar desconfiança do motorista de aplicativo é quando o criminoso vai em algum lugar público, e pede ajuda para algum desconhecido, dizendo que precisa pedir uma corrida, mas está com o celular descarregado ou com defeito.

“Ele simula que está com problemas para conseguir a corrida e pede ajuda para alguém na rua ou em algum estabelecimento para pedir o carro. O criminoso afirma que fará o pagamento da corrida em dinheiro e a pessoa, de boa fé, acaba pedindo a corrida. O motorista vai ao local, achando que vai carregar o verdadeiro dono da conta, mas na verdade encontra o bandido, que comete o assalto”, contou Luiz Fernando.

NA PORTA DA IGREJA

Há ainda quem tente enganar os motoristas, pedindo a corrida na porta de igrejas. Ao chegar no local, despreocupada, achando que irá buscar um fiel, a vítima depara-se com o assaltante.

“Quem vai desconfiar de uma pessoa que está pedindo o carro na porta de uma igreja? Foi assim que um motorista sofreu um sequestro relâmpago em Jacaraípe, na Serra, há algumas semanas. Ele chegou na porta da igreja evangélica e foi rendido pelo bandido, colocado à força dentro do porta-malas do veículo e abandonado após ser assaltado”, afirmou Luiz Fernando.

A Amapes fez um levantamento dos bairros considerados mais perigosos, com mais casos de assalto e sequestros-relâmpago para motoristas de aplicativo no Estado. Entre eles estão Gurigica, na Capital, e Jardim Carapina, na Serra.

MOTORISTAS INFORMAM TRAJETO PARA COLEGAS

Enquanto os criminosos arrumam novas formas de enganar e assaltar motoristas de aplicativos, as vítimas também criam estratégias para evitar cair nos golpes. Compartilhar o trajeto com colegas de profissão, estar atento à avaliação do cliente no aplicativo, e até mesmo rejeitar algumas corridas estão entre as táticas.

De acordo com o presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos do Espírito Santo (Amapes), Luiz Fernando Muller, a maioria dos motoristas participam de grupos no WhatsApp com colegas de profissão para que um possa ajudar o outro em casos de perigo.

“Embora os aplicativos tenham melhorado muito, ainda há uma deficiência no cadastro: o criminoso pode pegar o CPF e data de nascimento de qualquer pessoa para fazer um perfil. Então, a gente busca segurança por conta própria. Quando pegamos um passageiro suspeito, compartilhamos no grupo nossa rota para que os colegas possam rastrear. A gente tem que usar a própria intuição para detectar as situações de perigo”, explica.

Por mais que não seja adequado, muitos motoristas costumam perguntar o local exato do destino do passageiro. Se for uma região com grande índice de assaltos a motoristas ou que esteja em guerra entre criminosos, eles preferem cancelar a viagem.

“É chato porque quem está chamando pode ser um passageiro do bem. Mas são pequenos cuidados que encontramos para tentar escapar”, diz.

CÂMERAS

 

Em dezembro do ano passado, A GAZETA mostrou histórias de motoristas que recorreram a câmeras para escapar da violência. Um dos que apostou na tecnologia foi Rodrigo Neris Candelot, 37. A câmera fica fixada no para-brisa do veículo e consegue captar toda a parte interna do carro. As imagens ficam arquivadas num cartão de memória.

“A câmara inibe alguns tipos de comportamentos. Eu considero que fiz um investimento porque traz segurança. O custo do equipamento ficou em torno de R$ 500”, afirmou o motorista na ocasião.

“Há poucos registros de câmeras instaladas no Estado, mas indicamos a todos. A filmagem pode inibir práticas erradas, como roubos e casos de assédio. Isso já se tornou tendência em lugares como em Mato Grosso”, comenta Luiz Fernando.

OS LOCAIS MAIS PERIGOSOS

Dez bairros da Grande Vitória são considerados os mais perigosos para motoristas de aplicativo no Espírito Santo. O levantamento tem como base as ocorrências informadas à Amapes e também informações que os próprios motoristas recebem de aplicativos que alertam sobre esses pontos de risco, com mais casos de assalto e sequestros-relâmpago. Por conta disto, a violência em diversos bairros da Grande Vitória faz com que as pessoas que trabalham nesse ramo alterem o atendimento a moradores destas regiões.

Vitória

- Gurigica

Vila Velha

- Barramares

- Santa Rita

- Cobi

- Jabaeté

- Morada da Barra

Cariacica

- Porto de Santana

- Itaquari

Serra

- Jardim Carapina

- Carapina Grande

"SAÍMOS SEM SABER SE VAMOS VOLTAR VIVOS"

Assaltado duas vezes em menos de dois meses por criminosos que usaram diferentes golpes para agir, o motorista de aplicativos Marcos Antônio do Nascimento Junior, 31, chegou a parar de trabalhar por um tempo por conta do trauma que enfrentou. Agora, ele decidiu usar um carro mais simples na esperança de não tornar-se vítima novamente.

Como foi o assalto mais recente que sofreu?

Uma mulher foi assaltada por bandidos armados em Campo Grande, em janeiro. Eles chegaram para ela e disseram: “É um assalto. A gente não quer nada seu, mas você vai usar o seu celular para chamar o Uber para a gente”. Ela foi obrigada a chamar. Quando eu cheguei, ela disse: “Moço, me desculpa”. O criminosos já abriram a porta dizendo que era assalto. “Não faz nada, só sai do carro”. Quando saí, eles me deram uma coronhada na cabeça. Pura covardia.

Como foi o primeiro assalto?

Foi em dezembro de 2018. Peguei um passageiro em Ataíde, Vila Velha, para Terra Vermelha. Ele era cadeirante, então colocamos a cadeira na parte de trás e ele seguiu na frente, comigo. Chegando em Terra Vermelha, ele desviou a rota para Morada da Barra. Outro homem entrou no carro e os dois anunciaram o assalto. Eles disseram: “Mas você vai dirigir para a gente. No final, se a gente terminar o serviço e achar você gente boa, a gente nem te assalta”. Eles passaram em vários lugares, entregando algo e o tempo todo mandavam que eu só olhasse para frente. Na época, eu participava de um grupo com motoristas e policiais. Minha mulher ligou, eles mandaram atender e dizer que estava tudo bem. Fiz isso, mas antes de desligar, mandei uma mensagem no grupo. Era um código que tínhamos. Quando alguém estava em perigo extremo, enviava a localização. Enviei a mensagem às 13 horas. Duas horas depois meu carro foi interceptado pela polícia e os bandidos foram presos. Eles estavam com uma arma falsa e um carregador de pistola.

O que passou a fazer para tentar escapar dessas ações?

Comprei um carro mais simples e um celular mais humilde também. Infelizmente tive que fazer isso.

Como é trabalhar dessa forma?

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A gente trabalha todo dia entregando a vida nas mãos de Deus. Saímos de casa sem saber se vamos voltar bem e vivo.

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