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'Ele ia me matar', diz outra vítima de morador de rua de Vila Velha

"Ele ia me matar", diz outra vítima de morador de rua de Vila Velha

Morador de rua tentou estrangular outra mulher dias antes de matar a empresária Simone com um vergalhão

Publicado em 5 de maio de 2018 às 13:20

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Vergalhão usado para matar a empresária Simone Venturini Tonani é parecido com a amostra que a polícia recolheu no local; objeto tem cerca de 1,5 metro. (Rafael Silva)

O homem que atirou um vergalhão e matou Simone Venturini Tonani, de 42 anos, tem um histórico de agressões e violência em Vila Velha. Outra empresária, de 48 anos, que prefere não se identificar, diz que quase foi estrangulada pelo mesmo morador de rua identificado como Felipe Rodrigues Gonçalves na última quinta-feira (3). Ele foi detido na noite desta sexta (4) e encaminhado para o presídio.

Segundo a empresária, que estava sozinha, ela havia acabado de sair da casa em que mora, na Avenida Hugo Musso, na Praia da Costa, e estava parada em um semáforo com os vidros abertos. Quando percebeu que o acusado se aproximava olhando-a fixamente decidiu fechar as janelas do carro. "Mas a minha janela está com um problema e às vezes demora para receber o comando. Quando ele chegou, conseguiu enfiar a mão pra dentro do carro e tentou alcançar o meu pescoço", detalha.

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As lixeiras públicas, os tonéis dos prédios... Ele chuta tudo. E sempre gritou, xingou... Ele é uma ameaça

X, vítima do morador de rua
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A vítima, então, ficou sem reação, mas os carros que também estavam parados no semáforo arrancaram, mesmo com o sinal vermelho, e ela decidiu fazer o mesmo. "E foi aí que ele tirou o braço. Mas eu não sei como ele não quebrou o vidro. A força que ele estava fazendo era impressionante", conta. "Eu fiquei muito abalada. Só queria chegar ao meu destino e tentar esquecer", completa.

A empresária ficou chocada com a notícia da morte da mulher de 42 anos na noite desta sexta-feira (4) e logo compara: "Poderia ter sido eu. Eu tive um livramento". Ela confidencia que o morador de rua já é conhecido pelos vizinhos porque tem o hábito de destruir as lixeiras e ficar gritando e xingando de madrugada.

PASSAGENS PELA POLÍCIA

Preso morador de rua que atirou vergalhão em mulher, em Vila Velha. (Carlos Alberto Silva)

Felipe, que matou a empresária após atirar um vergalhão na cabeça dela, tem ao menos outras quatro passagens pela polícia.

6 de dezembro de 2017: tentou furtar uma loja de calçados no Centro de Vila Velha, na Praça Duque de Caxias. Foi detido e liberado. 

11 de dezembro de 2017: foi para o DPJ de Vila Velha acusado de arranhar a lateral de um carro. Foi liberado. 

4 de janeiro de 2018: foi preso tentando abrir um porta-malas de um veículo utilizando um guarda-sol e um alicate. Foi encaminhado para o DPJ de Vila Velha e foi solto. 

23 de março de 2018: um morador da Praia da Costa o reconheceu como uma pessoa que estava furtando bicicletas de um condomínio. A polícia o abordou e encontrou drogas com ele. Foi levado para o DPJ de Vila Velha e liberado. 

EMPRESÁRIA MORRE COM VERGALHÃO NA CABEÇA

Cerca de 20 centímetros de um vergalhão que estava em uma obra na Avenida Champagnat, em Vila Velha, penetraram na cabeça da empresária Simone Venturini Tonani, de 42 anos. Ela foi socorrida para o Hospital São Lucas, em Vitória, mas não resistiu e morreu. O crime aconteceu após ela buscar o filho, de 8 anos, em um colégio particular da Praia da Costa.

FILHO VIU A MÃE SER ATINGIDA POR VERGALHÃO

Mulher atingida por barra de ferro em Vila Velha. (Reprodução)

O filho de apenas oito anos da empresária Simone Venturini Tonani, 43 anos, presenciou o momento que a mãe foi atingida por um vergalhão jogado por um morador de rua na Praia da Costa. Ele estava no carro e

foi retirado por pessoas que se aproximaram da cena na Avenida Champagnat, em Vila Velha, por volta das 18h34 desta sexta-feira (4). Ele foi acolhido por uma vizinha da vítima, onde ficou até por volta das 22h, até que a família fosse buscá-lo.

Simone Venturini Tonani, de 42 anos, é proprietária de uma loja de materiais de construção e ferramentas em Cariacica. Ela morava na Praia da Costa, em Vila Velha, e na hora do crime havia acabado de pegar o filho em um colégio particular da região. 

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É algo irreparável. E não sabemos como será a vida dessa criança, que com oito anos de idade perde a mãe

Marcos Venturim, primo da vítima
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De acordo com um primo de Simone, o também empresário Marcos Venturini, foi o menino que desbloqueou o celular para que a família da mulher fosse informada do acidente. "As pessoas que o retiraram do carro foram muito solidárias. Ele que desbloqueou o celular e está consciente de tudo. Ele só não sabe da situação atual. Isso nós ainda estamos esperando um pouco para decidirmos como contaremos", diz.

Marcos lamenta a morte da prima e acredita que o episódio poderia ter sido evitado. "Pelo que nós sabemos, ele (o morador de rua) tem outras passagens pela polícia e não é a primeira vez que ele se envolve em uma situação parecida. Então não era para ele estar ali", avalia.

O empresário Marcos Venturini, primo da mulher morta com um vergalhão na cabeça, em Vila Velha. (Carlos Alberto Silva)

Segundo Marcos, os pais da empresária estão profundamente sensibilizados.

FAMÍLIA ESTÁ SE SENTINDO INSEGURA

Para o empresário, toda a família está se sentindo insegura e, ainda, enfrentando a dor da perda. "Nós estamos falando de uma avenida extremamente movimentada, no Centro de Vila Velha. O trânsito, se olharmos as imagens, está fluindo lentamente, ninguém estava correndo. Poderia ter sido eu ou minha esposa...", diz.

Ele afirma que ninguém poderia imaginar que em um trajeto de aproximadamente 400 metros isso fosse acontecer. "Você pensa em uma mãe indo buscar o filho na saída da escola, na sexta-feira, com a criança dentro do carro, e voltando para casa passa por uma situação dessa", lamenta.

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Com informações de Rafael Silva

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