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Aumentam os casos de estupro e feminicídio no Espírito Santo

Aumentam os casos de estupro e feminicídio no Espírito Santo

Foram 42 assassinatos de mulheres vítimas do ódio pelo gênero no último ano

Publicado em 10 de agosto de 2018 às 02:06

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(Pixabay)

O número de feminicídios no Espírito Santo aumentou. Foram 42 casos em 2017, sete a mais do que no ano anterior, que teve 35 ocorrências. Os dados também revelam a elevação de registros de estupro: 408 no ano passado contra os 390 de 2016. No entanto, não foi especificado quantos foram cometidas contra mulheres e homens, separadamente.

O levantamento é do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2018, publicado na quinta-feira (8).

No ano passado, casos bárbaros de feminicídio – quando o assassinato é crime de ódio baseado no gênero – chocaram o Estado, como o da médica Milena Gottardi, 38, morta a tiros no estacionamento do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), em setembro. O ex-marido, o policial civil Hilário Frasson, é acusado de mandar assassiná-la.

Outro caso, em agosto, foi o da advogada Gabriela Silva de Jesus, 24, que morreu em um suposto atropelamento, em Colina de Laranjeiras, Serra. A vítima tinha marcas de estrangulamento, segundo a polícia, e o ex-noivo, Rogério Costa de Almeida, é acusado de homicídio.

HOMICÍDIO

A quantidade de feminicídios contribuiu para o aumento da taxa de homicídios no Estado. O número de assassinatos cresceu 17,7% em 2017 em relação ao ano anterior. Foram 1.405 vítimas, enquanto em 2016 teve 1.181 morte, ou seja, 224 a mais.

Isso deixou o Espírito Santo em 11º no ranking de Estados que mais tiveram assassinatos a cada 100 mil habitantes.

Sobre o Espírito Santo, o professor do mestrado em Segurança Pública da UVV, Pablo Lira, afirma que o número de homicídios tem sido reduzido ano a ano. Mas a paralisação da Polícia Militar, em fevereiro de 2017, alavancou a quantidade de casos, com 219 mortes em 20 dias.

“Aquela situação de exceção jamais vivida antes, impactou na taxa de homicídios e de crimes contra o patrimônio. A ausência da Polícia Militar mostrou a fragilidade do tecido social brasileiro, acompanhamos cenas lamentáveis, pessoas que não tinham histórico criminal que realizaram saques e arrombamentos”, disse.

No entanto, ele acredita que o Estado tem condição de retomar a redução de homicídios nos próximos anos. Para isso, são necessárias ações estruturais de integração das polícias, políticas de prevenção, como projetos sociais e policiamento ostensivo, e também atividades de ressocialização de presos.

BRASIL

No Brasil, os números assustam: o país teve sete mortes por hora no ano passado, chegando a marca de 63 mil. O Rio Grande do Norte foi o Estado com a taxa mais alta por 100 mil habitantes: 68, seguido por Acre (63,9) e Ceará (59,1).

O anuário também contabilizou o número homicídio de mulheres ano passado. Foram 4.539 (aumento de 6,1% em relação a 2016). Desse total, 1.133 foram vítimas de feminicídio. Já os estupros, aumentaram em 8%. Foram 60.018 casos registrados no país no ano passado, aumento de 8,4% em relação a 2016.

Secretário diz que já houve redução de crimes este ano

Os indicadores negativos do Espírito Santo são atribuídos pelo governo à greve da Polícia Militar, em fevereiro do ano passado, quando houve um aumento expressivo de homicídios e de outros crimes. Agora, trabalha-se com a expectativa de melhor desempenho em 2018.

O secretário estadual de Segurança Pública, coronel Nylton Rodrigues, ressalta que os números de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) deste ano, de janeiro a 8 de agosto, já se revelam melhores do que os dos dois últimos anos. Enquanto em 2018, foram 689, no mesmo período do ano passado foram 908 e, em 2016, 734.

Os homicídios contra mulheres também tiveram crescimento entre 2016 e 2017, passando de uma taxa de 5 para 6,7 a cada 100 mil habitantes. Contudo, o secretário assegura que, assim como nos demais assassinatos, os praticados contra mulheres também já começaram a reduzir este ano.

O coronel Nylton reforça ainda a expansão do atendimento especializado por meio das Delegacias de Mulheres e o índice de resolução de homicídios, em torno de 70%. Para os assassinatos em geral, esse índice é de 40%, o dobro da média nacional.

Em relação ao aumento nos casos de estupro, o secretário observa que o crime tem características específicas, mas que o governo tem investido na atenção à mulher vítima de violência.

“O estupro é um crime medonho e está vinculado a uma ação covarde. Existe um esforço grande das polícias para retirar esses criminosos das ruas, como o caso de um estuprador preso recentemente e que tinha 14 vítimas.”

Questionado sobre o volume de furtos e roubos, que aumentou 65,9%, o coronel Nylton insistiu que o problema também está relacionado à paralisação dos militares, e ainda teve reflexos nos meses de março e abril.

“A ousadia dos criminosos, que partiam para o enfrentamento armados, persistiu até o início de abril e isso se refletiu negativamente durante todo o ano de 2017”, finaliza.

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