> >
Risco em barragem faz Defesa Civil interditar Avenida Beira-Rio, Linhares

Risco em barragem faz Defesa Civil interditar Avenida Beira-Rio, Linhares

Moradores da via foram orientados a sair do local após riscos estruturais na barragem entre o Rio Pequeno e o Rio Doce. Para monitorar a região e garantir a segurança das famílias, avenida foi bloqueada. No entanto, duas famílias se recusaram a sair de suas casas

Publicado em 21 de março de 2019 às 15:32

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Cones e tela interditam entrada da Avenida Beira-Rio, em Linhares. (Divulgação)

Após a Fundação Renova orientar 28 famílias a saírem de suas casas por conta de risco de rompimento da barragem entre o Rio Pequeno e o Rio Doce, em Linhares, a Defesa Civil Municipal interditou as passagens para a Avenida Beira-Rio. Com cones e telas, as entradas para a via estão bloqueadas. Guaritas também foram colocadas no local. Apesar disso, duas famílias decidiram não deixar suas casas. Já os moradores de outras 26 residências estão em hotéis da cidade ou casas de parentes.

A Defesa Civil informou que, devido à instabilidade da barragem, foi preciso interditar a avenida e também uma escadaria que dá acesso ao local. A entrada na via será permitida somente a moradores autorizados e acompanhados por representantes da Renova. Além disso, o tráfego de veículos está proibido.

O barramento foi construído em 2015 pela fundação, depois de uma determinação judicial, para que as águas do Rio Doce não contaminem a Lagoa Juparanã. No entanto, estudos realizados por uma empresa de consultoria contratada pela Renova indicam que há riscos estruturais na barragem e, para garantir a segurança dos moradores, eles foram orientados a sair do local.

Risco em barragem faz Defesa Civil interditar Avenida Beira-Rio, Linhares

Segundo o chefe da Defesa Civil de Linhares, Antonio Carlos dos Santos, o estudo prevê que, se a estrutura romper, toda a água da cheia da Lagoa Juparanã vai começar a descer e isso fará o Rio Pequeno transbordar, podendo chegar a cinco metros acima do nível considerado normal. Com isso, as casas ribeirinhas da Avenida Beira-Rio e até o bairro vizinho, Olaria, podem ser inundados.

“As pessoas podem procurar casas e a Fundação Renova vai custear o aluguel. Infelizmente, a gente sabe que, por mais que tenha a necessidade de tirar essas pessoas dali, não é confortável para ninguém deixar suas casas, mas a gente precisa contar com a colaboração de todos”, ressaltou Antonio Carlos.

A previsão inicial é que ficassem 10 dias longe de suas casas, mas a fundação já informou que não há prazo de retorno, por ser uma medida de segurança. Após esse período, as famílias serão acomodadas em moradias provisórias custeadas pela Renova.

MONITORAMENTO

Escadaria que dá acesso às casas da Avenida Beira-Rio também foi interditada pela Defesa Civil. (Divulgação)

Com a saída da maior parte dos moradores e a interdição da avenida, o local conta apenas com a movimentação de funcionários da Renova. Há guardas que ficam nas guaritas instaladas e fazem o monitoramento da região. “A gente tem que preservar as vidas. Pensando nessa situação, a gente preferiu retirar as famílias por questão de segurança mesmo”, afirmou o chefe da Defesa Civil Municipal.

Sobre as duas famílias que decidiram permanecer em suas residências, Antonio Carlos disse que aguardam uma decisão da Justiça para que os moradores saiam da área de risco. “Estamos tomando as medidas judiciais para que essas famílias possam ser retiradas do local, após determinação da Justiça, por força da lei. A partir do momento que sair uma determinação judicial, aí não cabe mais a nós, e sim à Polícia Militar, que vai conduzir o processo daí para frente”, explicou.

O OUTRO LADO

Em nota, a Fundação Renova – criada para executar a reparação dos danos provocados pelo rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais – esclareceu que todas as medidas adotadas para a retirada das famílias da Avenida Beira-Rio foram implementadas para garantir a segurança dos moradores.

“Tais medidas foram discutidas e definidas em conjunto com a Defesa Civil Municipal, Defesa Civil Estadual, Corpo de Bombeiros, e comunicadas a todos os órgãos competentes. Neste momento, a prioridade são as vidas humanas”, finaliza a nota.

NOTIFICAÇÃO

Barragem entre a Lagoa Juparanã e o Rio Pequeno. (Carlos Palito - TV Gazeta)

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) notificou a Renova e a Samarco devido ao descumprimento de um acordo que foi firmado em junho do ano passado, no qual a fundação e a mineradora se comprometiam a custear os serviços de avaliação e auditoria técnicas independentes para definição das medidas a serem tomadas para a preservação das lagoas de Linhares, tendo em vista os eventuais impactos decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, em Minas Gerais.

De acordo com o MPES, a notificação foi feita porque a Renova acionou a sirene para evacuação das famílias do Rio Pequeno sob alegação de risco de rompimento da barragem do local, sem comunicação prévia ao órgão ou à auditoria da Aecom, empresa indicada pelo acordo.

A nota indica que o estudo que conclui os riscos na estrutura teria sido realizado por uma empresa contratada pela fundação e os resultados foram apresentados por completo à auditoria da Aecom depois da tomada de decisão unilateral da Renova de remover as famílias.

Este vídeo pode te interessar

“Pela notificação, o Ministério Público exige que a Samarco e a Fundação Renova cumpram o que foi definido com exatidão, a fim de que todas as medidas tomadas em relação ao objeto do acordo sejam previamente debatidas com MPES e com a Aecom”, ressalta a nota do Ministério Público.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais