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Rio Doce na rota da lama: o plano de prefeituras no ES

Rio Doce na rota da lama: o plano de prefeituras no ES

Se a barragem em Barão dos Cocais (MG) se romper, Rio Doce está na rota da lama; segundo a secretaria estadual de Meio Ambiente, vários fatores podem interferir ou interromper a chegada dos rejeitos ao Rio Doce

Publicado em 20 de maio de 2019 às 21:30

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Barragem aérea da Minas Gongo Soco, em Barão de Cocais . (Google Maps)

Menos de quatro anos depois da tragédia de Mariana (MG), moradores de cidades capixabas pelas quais o Rio Doce passa sentem novamente o medo por causa do possível rompimento da barragem Sul Superior, da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região Central de Minas Gerais, também sob responsabilidade da Vale. Caso o rompimento ocorra, o Rio Doce está na rota da lama.

Apesar da possibilidade dos rejeitos de minério chegarem às águas do Rio Doce, o diretor administrativo-financeiro do Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear), Geraldo Avancini, ressalta que o possível impacto não será tão grave quanto o anterior. “O volume oito vezes menor dos rejeitos e a maior distância contribuem para um cenário menos negativo”, garantiu.

As estruturas paliativas construídas em 2015 também permanecem e podem ajudar no caso de um novo rompimento. “As adutoras, por exemplo, estão instaladas e prontas para serem utilizadas, caso seja necessário. Assim como o nosso estoque de acácia-negra, que é um produto utilizado para tratar a turbidez elevada da água”, comentou.

Além disso, as usinas hidrelétricas de Aimorés, Mascarenhas e Taquari – situadas mais acima do Rio Doce – também colaboram para um menor prejuízo às cidades capixabas de Baixo Guandu, Colatina e Linhares. “Com base no volume, é possível que a lama seja segurada dentro do corpo dessas barragens”, disse Avancini.

PEDIDO DE CALMA À POPULAÇÃO

Devido à perspectiva menos negativa que a de 2015 e a incerteza de que a barragem Sul Superior vá se romper, Geraldo Avancini garantiu que não há motivo para pânico ou desespero. “Pedimos que qualquer informação que chegue pelas redes sociais seja checada, pois o Sanear vai manter a população informada sobre os riscos e a qualidade da água”.

Em relação à estocagem da água, o coordenador do Sanear também defendeu que não há necessidade de fazê-la por enquanto. “Talvez com as adutoras alternativas não consigamos abastecer 100% da população, mas o impacto será muito menor que o de anos atrás, quando todos ficaram sem água”, esclareceu.

AUTORIDADES EM ALERTA

A Prefeitura de Linhares, por meio de nota, informou que equipes da Defesa Civil do município estão monitorando permanentemente a situação, a fim de mitigar os impactos caso o Rio Doce seja atingido; mas lembrou que ainda não se sabe a quantidade de material que poderá atingi-lo e nem quais serão os impactos, caso haja deslocamento da estrutura em Minas Gerais.

Já a Prefeitura de Baixo Guandu, também por meio de nota, comunicou que está elaborando um plano de contingência, junto com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) e a Defesa Civil do município, a ser utilizado se qualquer alteração se verificar no caso de rompimento da barragem da Mina de Gongo Soco.

FUNCIONAMENTO DO TREM ALTERADO

Por causa do possível rompimento, a operação da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) está alterada desde a última quinta-feira (16). Quem embarcar no trem em alguma das estações do Espírito Santo seguirá até a estação Dois Irmãos, que fica na cidade mineira de Barão de Cocais. De lá, os passageiros irão de ônibus até Belo Horizonte.

A alteração é uma medida preventiva, já que o trem circula nas imediações da cava da Mina de Gongo Soco, na qual foram identificadas movimentações no talude da estrutura. Segundo a Vale, a mudança será por tempo indeterminado. Quem preferir também pode pedir o reembolso do valor da passagem à empresa mineradora.

O QUE DIZ A SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE

Segundo a Seama, vários fatores podem interferir ou interromper a chegada da lama ao Rio Doce em caso de rompimento da barragem. Por nota, a secretaria explicou que a distância do barramento até o Rio Doce é de aproximadamente 200 km, o que seria um obstáculo para a chegada da lama.

Disse também que o volume do rejeito deve ser considerado. Além disso, segunda a Seama, no trajeto possível dos rejeitos existem duas outras barragens de produção de energia elétrica que poderiam contribuir para o impedimento do possível fluxo até o Rio Doce.

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Por nota, a Vale confirma que, em caso de rompimento da barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, os rejeitos podem chegar aos rios São João, Conceição, e Santa Bárbara, que são afluentes do Rio Piracicaba e Rio Doce. A empresa acrescenta que está comprometida com o desenvolvimento de ações de minimização dos impactos e contenção dos rejeitos.

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