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Polícia investiga mortes de cães por envenenamento em São Roque, no ES

Polícia investiga mortes de cães por envenenamento em São Roque, no ES

Moradores se mobilizaram contra a crueldade; ONG local afirma que cerca de 40 animais já foram vítimas nos últimos dois meses

Publicado em 5 de setembro de 2019 às 23:19

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Algodão dentro da Prefeitura de São Roque do Canaã. (Geraldo Bastos)

Ironicamente, a cidade que tem no nome o santo considerado padroeiro dos cães está sofrendo, justamente, com o envenenamento daqueles que são considerados os melhores amigos do homem. De acordo com a ONG Legião Protetora de Cães e Gatos, que atua em São Roque do Canaã, Noroeste do Espírito Santo, já foram aproximadamente 40 cachorros envenenados nos últimos dois meses.

Tamanha crueldade indignou e mobilizou diversos moradores locais que tentam combater o crime de alguma forma: seja espalhando cartazes de alerta pelas ruas ou pedindo para que as pessoas denunciem os maus-tratos e fiquem atentas às câmeras de segurança dos respectivos comércios. Para investigar o caso, a Polícia Civil também já foi acionada.

Jocinete Schneder, representante da ONG Legião Protetora de Cães e Gatos. (Larissa Avilez)

“No começo, nós achamos que os cachorros estavam morrendo por alguma doença, mas depois nós vimos que os sintomas eram de envenenamento. Teve gente que encontrou pedaços de linguiça com chumbinho dentro. Então, registramos vários boletins de ocorrência e esperamos que as medidas cabíveis sejam tomadas”, explicou Jocinete Schneder, representante da ONG.

De acordo com a PC, a investigação será feita pela Delegacia de Santa Teresa, cidade viiznha. Neste tipo de caso, o procedimento de praxe é apreender os restos dos animais para serem examinados e, assim, verificar o envenenamento. Algumas pessoas também estão sendo ouvidas na delegacia.

O vira-lata Pitoco, de nove anos, ainda está se recuperando do envenenamento no começo da semana. (Larissa Avilez)

Embora os cães de rua estejam mais suscetíveis, a crueldade também atinge os cachorros domésticos. O Pitoco, vira-lata de nove anos, foi um deles. “Quando eu o encontrei, ele babava muito, tremia e vomitava. Achei que ele não sobreviveria”, relembrou o auxiliar de serviços gerais Joel Moreira Rodrigues, que viveu o drama na noite da última terça-feira (3).

A MORTE DO ALGODÃO, O XODÓ DA CIDADE


Apenas um dia antes, o morador mais ilustre e querido do centro de São Roque do Canaã morreu com suspeita de envenenamento. Frequentador assíduo da Paróquia Municipal, das lojas com ar-condicionado e também de um bar que vende espetinhos, o vira-lata Algodão morreu com aproximadamente oito anos de idade e fez com que a cidade ficasse de luto.

Quem o encontrou ainda agonizando foi o comerciante Itamar Regattieri. “Um rapaz viu que ele estava passando mal atrás de um carro e me chamou. Nós tentamos salvar, mas ele morreu 1h depois. Foi muito dolorido. Para mim foi como se tivessem matado o meu filho! Ele era tratado como um rei aqui, todo mundo adorava ele”, relembrou bastante emocionado.

Itamar Regottieri, em frente ao bar que possuí e onde o Algodão ia diariamente. (Larissa Avilez)

Quem também chorou ao falar do Algodão foi a dona de casa Zéli Tonini, que superou várias dificuldade ao lado do cãozinho. “Ele teve câncer e doença do carrapato. Com a ajuda das pessoas – que doavam dinheiro, compravam rifa, emprestavam o carro ou a caixa de transporte – conseguimos curá-lo. Pena que a crueldade humana fez com que ele deixasse a gente”, contou.

Motivo de muita alegria, Algodão inspirou a estudante Maria Luiza Boschetti, de 13 anos, a escrever uma crônica, que a levou para a etapa estadual da Olimpíada de Língua Portuguesa. “Fiz o texto a mais ou menos um mês, porque ele estava comigo desde quando era pequena, era como se fosse meu, ao mesmo tempo em que era de todo mundo”, disse.

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Quando ficou sabendo da morte do companheiro de quatro patas, ela demorou a acreditar. Ao cair a ficha, também caíram lágrimas. Mas, sem querer, Maria Luiza cunhou frases que não perderão o valor: “Ele é realmente macio, faz jus ao seu nome Algodão, o cachorro que é o melhor amigo de qualquer homem. Livre, mesmo velhinho, sua lembrança é eterna”.

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