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Vale tem prejuízo de 3,7 milhões de dólares por dia com interdição

Vale tem prejuízo de 3,7 milhões de dólares por dia com interdição

Quatro usinas de pelotização da mineradora estão paradas

Publicado em 9 de fevereiro de 2019 às 12:46

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Vista panorâmica das Instalações da /Vale Complexo de Tubarão. (Carlos Alberto Silva)

O cenário de crise vivido pela Vale ganha mais um elemento de tensão com a paralisação de quatro usinas de pelotização da companhia, após a Prefeitura de Vitória interditar três áreas do Complexo de Tubarão, na noite da última quinta-feira (7).

Com um dos sistemas de tratamento de efluentes impedido de receber parte da água usada no processo industrial, a empresa está deixando de produzir 32 mil toneladas de pelotas de minério por dia. Os reflexos disso para o caixa da mineradora é a perda de uma receita diária de 3,7 milhões de dólares conforme análise dos relatórios financeiros e de produção da empresa.

Estão sem atividades as usinas de 1 a 4. Essas representam, de acordo com o relatório de produção da Vale, quase 40% das pelotas fabricadas em Vitória.

A “tempestade” que tem coberto a Vale até esta semana não tinha ainda atingido o Espírito Santo. Mesmo com a tragédia em Brumadinho, o descomissionamento de dez barragens do Sistema Sudeste e a decisão judicial que levou à brusca queda da exploração da mina de Brucutu, a empresa, segundo especialistas, planejava não mexer na sua produção de pelotas para honrar contratos já firmados.

Em Tubarão, a Vale tem quatro sistemas para tratamento de efluentes líquidos interligados. Um deles, com a ação da prefeitura, está sem operar. Ainda estão lacrados o pátio de insumos próximo à lagoa 9 e às vias de circulação que contribuem para o aumento dos sólidos suspensos.

Com a forte chuva de quinta-feira, os reservatórios ficaram ainda mais cheios. Sem poder usar um dos sistemas e com a saturação dos outros, a saída da empresa foi reduzir a produção de pelotas.

A água armazenada nessas estruturas é resultado da lavagem de piso, umectação de vias e aspersão de pilhas. É tratada para ser novamente aproveitada. Quando os sistemas estão com a capacidade acima do limite, os efluentes acabam vazando para o mar.

Fontes ligadas ao setor afirmam que a paralisação das atividades das quatro usinas colocam em jogo 5 mil empregos da cadeia produtiva. “Acredito que a interdição não vai durar muito, pois, apesar dos problemas ambientais, não existe um quadro de risco de morte. Existem alternativas para mitigar esses impactos”, avalia um especialista.

Outro consultor da área industrial acredita que a melhor alternativa agora para a Vale seria dialogar com a prefeitura. “Um termo de ajustamento de conduta, com aval do Ministério Público, pode ser uma forma de se resolver essas pendências no curto prazo para que a empresa volte a sua operação normal”.

Ele analisa ainda que a postura da companhia nos últimos anos afastou a empresa da sociedade. “Ela se distanciou das comunidades. A Vale é um ativo muito importante para não ter uma boa relação com a população.”

Recordes

As quatro usinas de pelotização que estão sem operar produziram nos três primeiros trimestres do ano passado 8,6 milhões de toneladas de pelotas.

O relatório de produção dos meses de julho, agosto e setembro afirma que a empresa bateu recorde de produção de pelotas, principalmente por causa do religamento das plantas I e II.

As oito usinas de Tubarão correspondem a 62% da produção de pelotas da companhia, o restante está na planta de Fábrica, Vargem Alta e Omã.

Justiça

Nesta sexta-feira (8), a Vale deu entrada na Justiça Estadual com uma ação para tentar reverter a interdição. O processo corre na 3ª Vara da Fazenda Pública de Vitória. Até o início da noite, não havia decisão.

Em comunicado, a Vale disse que está cumprindo a determinação de imediato e vai analisar o teor do auto de interdição para adotar as medidas cabíveis.

Nas últimas fiscalizações realizadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a empresa disse que não foi constatada nenhuma irregularidade nesse sistema e os laudos de monitoramento de outubro a dezembro de 2018 indicam que os efluentes estão dentro dos parâmetros estabelecidos.

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A Vale ainda ressaltou que monitora os corpos d’água que recebem efluentes há mais de 30 anos, sem que haja qualquer alteração na qualidade.

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