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Ufes reforça segurança, mas poucos alunos são vistos no campus

Ufes reforça segurança, mas poucos alunos são vistos no campus

Mesmo com o reforço na segurança e a manutenção das atividades e aulas por parte da administração central da Ufes, o campus de Goiabeiras, em Vitória, esteve vazio por todo o dia

Publicado em 19 de junho de 2019 às 23:20

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Corredores de acesso às salas de aulas do campus de Goiabeiras, em Vitória, esteve praticamente vazio por toda esta quarta-feira (19). (José Carlos Schaeffer)

“Nós sabemos que pode gerar pânico, e o ambiente que estamos construindo é justamente para que isso não persista”. Essa foi uma das falas do reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Reinaldo Centoducatte, nesta quarta-feira (19), dia seguinte a divulgação de mensagens com ameaças sobre um suposto ataque criminoso na instituição. O policiamento no campus de Goiabeiras, em Vitória, foi reforçado com viaturas da Polícia Militar e do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas (Nuroc).

Segundo Centoducatte, o objetivo é criar um ambiente de normalidade para que o funcionamento do campus não seja afetado por conta das ameaças.

“Não é possível que ameaças dessa ordem afetem o funcionamento das instituições, principalmente daquelas públicas, no caso da universidade. Nós entendemos e buscamos criar esse ambiente para que as atividades possam fluir normalmente. Os órgãos de inteligência farão suas diligências para ver se encontram de onde partiu essas ameaças e, chegando a elas, que eles respondam por esse tipo de procedimento que não condiz com a naturalidade do funcionamento das nossas instituições”, frisou.

Mesmo com o reforço na segurança e a manutenção das atividades e aulas por parte da administração central da Ufes, o campus esteve vazio por todo o dia. Os poucos alunos que foram à instituição encontraram salas de aulas vazias ou com poucos colegas de turma.

A estudante de Química, Rebeca Cozer, 19, que esteve no campus para assistir as aulas desta quarta-feira, demonstrou preocupação. Dos 40 alunos da turma, somente ela e mais três compareceram. Assistiram a primeira aula e foram liberados.

“Acho preocupante. Pode não acontecer hoje, mas pode acontecer a qualquer dia. Uma informação de um fórum da deep web, que é usado para essas coisas, acaba abalando os alunos”, disse.

A estudante de química Rebeca Cozer entre os colegas Bruno e Vitor. Foram os únicos a comparecer às aulas da turma na tarde desta quarta-feira. (José Carlos Schaeffer)

O aluno do curso de Engenharia da Computação, Marco Antônio Milanezi, 19, afirmou que o prédio do curso estava vazio. Para ele, não havia problema ir a aula hoje, mas afirmou entender quem se sentiu inseguro.

“Não vou julgar ninguém que não veio por medo, porque é uma possibilidade. Mas assim como é uma possibilidade de acontecer em qualquer dia. Eu acho que não tinha essa necessidade (de faltar), mas como tem algumas pessoas que ficaram amedrontas, até porque foi uma ameaça sim, eu não tiro a razão de quem não veio”, explicou.

Procurada para comentar sobre indícios de possíveis autores das ameaças, a Secretaria de Estado da Segurança Pública informou que as investigações estão a cargo da Polícia Federal. Também acionada pela reportagem, a Polícia Federal informou que não vai comentar sobre o caso.

REDES SOCIAIS

Nas redes sociais, na noite desta terça-feira (18), muitos internautas relataram que houve evacuação no prédio onde fica localizado o Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), após ser encontrada uma pichação ameaçadora em um dos banheiros. Porém, a informação foi desmentida pela assessoria da Ufes. Nesta quarta, o CCJE está sem alunos. 

Na terça, uma estudante de biblioteconomia, de 52 anos, afirmou à reportagem do Gazeta Online que uma professora liberou os alunos para irem para casa antes do horário de saída, que é às 22h. "Na sala não se parava de falar nisso, estava todo mundo um pouco nervoso e apavorado, então a professora decidiu liberar a gente. Os alunos saíram com pressa, mas não correndo por alguma ameaça", esclareceu.

Alguns professores estão cancelando a aula desta quarta-feira (19), após as ameaças, mas a instituição reforça que as atividades estão mantidas.

Outro print do fórum em que mostra foto tirada na Ufes e uma outra imagem de arma. (Reprodução | Internet)

MEDO

As mensagens viralizadas nas redes sociais assustaram muitos alunos da universidade, que é o caso de um estudante de Física, de 23 anos, que prefere não se identificar.  Ele afirma que todos os alunos estão com muito medo e há uma tensão muito grande. "A gente está com medo, a sensação é de quase pânico, mas eu tenho um trabalho muito importante, que é o trabalho que vai definir a minha aprovação na disciplina. Está marcado há muito tempo, mas a gente vem com medo e isso pode até nos prejudicar nas avaliações que vão acontecer amanhã (quarta)",  disse. 

O medo tomou conta do campus de Goiabeiras. (Esthefany Mesquita)

Já uma estudante de Educação Física disse que também ficou sabendo do ataque por meio do WhatsApp. Ela afirmou que os alunos estão se organizando para não ficarem aglomerados em somente um espaço. "Para não sofrer com esse ataque, a gente precisa vir para a universidade. A gente se organizou de não ir para locais que ficam muito cheios, porque eles procuram lugares que têm muita gente. Então que a gente decidiu foi não ir para restaurante ou não ficar aglomerado".

Um aluno de ciências biológicas, de 23 anos, que também preferiu não se identificar, contou que o momento é delicado. "É triste a situação, mas a gente como aluno, como cidadão, a gente não pode deixar de ir para a universidade, até porque eu tenho uma prova amanhã e isso é muito importante para mim".

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Ameaça de ataque: aluno de ciências biológicas relata medo ao ir à universidade. (Esthefany Mesquita)

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