Pelo segundo dia consecutivo, estudantes e servidores da Ufes fecham os acessos da universidade nos campi de Maruípe e Goiabeiras, em Vitória. O grupo montou tendas nos portões e passou a madrugada em frente à instituição. O movimento é nacional e acontece em universidades de todo o país.
Na Ufes, os veículos não entram em Maruípe e em Goiabeiras desde a manhã desta quarta-feira (02). O acesso de pedestres no campus de Goiabeiras é feito apenas pelo portão lateral, próximo à maternidade Santa Úrsula, a pé ou de bicicleta.
O bloqueio impacta nos serviços da universidade. O funcionamento dos restaurantes universitários de Goiabeiras e Maruípe continua suspenso porque, de acordo com a Ufes, os caminhões das empresas fornecedoras de alimentos não puderam entrar na Universidade, o que inviabilizou o preparo das refeições. Por isso, não será servido nem almoço nem jantar.
O Núcleo de Línguas anunciou a suspensão das atividades e a Biblioteca Central também não vai abrir nesta quinta, assim como não funcionou na quarta, segundo a Ufes.
Os manifestantes protestam contra o Governo Federal e criticam o corte de gastos no ensino superior e o programa Future-se. O projeto do governo Bolsonaro prevê estimular a captação de recursos privados pelas instituições de ensino, inserir a figura jurídica das OSs (organizações sociais) para gestão das universidades e formar um fundo soberano para administrar o patrimônio imobiliário ligado às reitorias.
"São vários cortes de verbas, um atrás do outro. Tem a emenda constitucional 95 (que limita por 20 anos os gastos públicos - desde 2018, as despesas federais só podem aumentar de acordo com a inflação acumulada), tem os cortes nos investimentos na saúde e na educação. Tem o projeto Future-se, que todas as universidades praticamente já estão negando esse projeto que vai contra a ideia do que a gente tem de universidade", protestou a presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufes, Beatriz Moreira
Durante todo o dia, os participantes do ato realizam reuniões e aulas públicas, que tem como tema central de discussão os cortes de verbas para as universidades e institutos federais.
Os manifestantes vão se reunir às 17h, em frente ao Teatro Universitário. Eles vão discutir se fazem uma caminhada pelas ruas de Vitória. O destino ainda não foi definido.
Corte de verbas: ao todo, seguem bloqueados R$ 3,8 bilhões dos R$ 6,1 bilhões suspensos desde o início do ano para as universidades de todo o Brasil. Os cortes são nas verbas discricionárias (despesas não obrigatórias) das universidades).
"Future-se": o programa apresentado pelo Ministério da Educação quer vincular parte do custeio das universidades federais. A proposta também regulamentaria a gestão das instituições com participações de Organizações Sociais privadas (OSs).
As OSs poderiam ser usadas na gestão de contratos de serviços, como vigilância, manutenção e limpeza. Já o regime de contratação de professores e técnicos, segundo o Ministério da Educação, não seria alterado.
Para os manifestantes, essas medidas, que ainda estão em fase de discussão, representam um risco para a autonomia das universidades e são apontadas como passos para a privatização do ensino superior público. Em assembleia, o próprio Conselho Universitário se posicionou contrário à proposta.
Reforma da Previdência: o grupo também protesta contra outros projetos do governo, como a Reforma da Previdência, em tramitação no Senado Federal. Os estudantes e professores argumentam que a reforma retira direitos dos trabalhadores. Já segundo o Governo Federal, a mudança no regime previdenciário acaba com privilégios e vai impulsionar o crescimento econômico.
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