A cirurgiã dentista Naira de Magalhães, de 36 anos, foi diagnosticada com câncer neste ano. O sinal de alerta ocorreu ao fazer o autoexame. No início, sentia um caroço do tamanho de um bago de feijão, que evoluiu para o tamanho de uma bola de gude em menos de um mês.
Naira disse que, ao perceber o caroço, realizou o ultrassom, mamografia e, em seguida, a biópsia. Desde então, realizou a mastectomia, ou seja, a remoção da mama e sessões de quimioterapia.
Apesar da agressividade que a doença se desenvolveu e chegou em sua vida, ela optou por encará-la de frente. Eu fiz a escolha de encarar a doença de forma positiva. Acredito que, quanto mais positiva encaro a vida, mais coisas positivas acontecem. Acabei sendo a responsável por dar força e consolar a família com a notícia, afirma.
Especialistas afirmam que mulheres mais velhas, sobretudo a partir dos 50 anos de idade, possuem risco maior de desenvolver câncer de mama. No entanto, muitas delas têm descobrindo a doença cada vez mais jovens, como no caso de Naira que teve câncer aos 36 anos.
O oncologista clínico do hospital Unimed Oncologia, Vinicius Lucas Campos, acrescenta que existem fatores que predispõem o surgimento da doença, tais como genética, idade, o fato das mulheres não terem filhos, uso de cigarro, radiação ionizante (tomografia e raio-x).
Ele explica que, apesar de não haver explicações científicas sobre o que tem ocasionado o câncer de mama em mulheres jovens, o fator genético pode estar contribuindo.
A mastologista Andressa Ferrari, do hospital São Bernardo, acredita que as mulheres têm descoberto a doença mais cedo também porque hoje é possível diagnosticar tumores cada vez menores.
Cerca de 7% dos casos de câncer são diagnosticados antes dos 40 anos, sendo que o câncer de mama é o mais diagnosticado nas mulheres entre 25 a 39 anos. Nesta faixa etária não é comum, mas é o mais prevalente, explicou.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é de 59,7 mil novos casos de câncer de mama no País e 1.130 no Estado este ano, sendo a doença a que mais mata mulheres.
Segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), de 2015 a agosto de 2019 foram registradas 1.449 mortes por câncer de mama no Espírito Santo. Dados preliminares apontam que em 2018 foram registrados 338 mortes e em 2019, de janeiro a agosto, 217 mulheres morreram em decorrência da doença.
Para reduzir esses indicadores, a prevenção e o diagnóstico precoce são aliados. Por isso é importante saber onde buscar assistência.
A mastologista Andressa Ferrari ressalta que o diagnóstico precoce da doença é importante. A mamografia deve ser feita a partir dos 40 anos para as mulheres que não apresentam fatores de risco, e o autoexame a partir dos 20 anos.
A médica acrescenta que além do aparecimento de um carocinho, o câncer de mama pode deixar outros alertas. A vermelhidão na pele da mama sem ter uma causa aparente e uma ferida que não melhora, mesmo ao passar uma pomada, são outros possíveis sinais.
Apesar do esforço em se aprimorar e individualizar o tratamento, diagnosticar precocemente é fundamental. Por causa desse diagnóstico precoce o tratamento inicia-se mais cedo, isso fez aumentar a sobrevida das mulheres significativamente nos últimos 30 anos, ressalta.
O oncologista Vinicius Lucas Campos esclarece ainda que existem vários tipos de câncer de mama, e que os tratamentos têm evoluído ao longo do tempo e estão cada vez mais individualizados.
De acordo com o ginecologista-obstetra Ary Célio de Oliveira, referência em saúde da Mulher da Sesa, é preciso que as mulheres fiquem atentas aos fatores de risco.
Praticar atividade física regularmente, ter uma dieta saudável, ter a manutenção do peso ideal e principalmente evitar o consumo excessivo de álcool e cigarros são práticas fundamentais para a prevenção primária do câncer de mama nas mulheres, explicou Ary. Segundo o médico, 30% dos casos podem ser evitados por medidas como essas.
Segundo uma pesquisa publicada pelo Ministério da Saúde em julho deste ano, a capital do Espírito Santo aparece em segundo lugar no ranking das capitais e Distrito Federal com as maiores frequências de mulheres, entre 50 a 69 anos de idade, que referiram ter realizado exame de mamografia nos últimos dois anos.
Vitória apareceu no ranking com 84,6%, atrás apenas de Salvador (BA), com 85,9%. Em terceiro ficou Porto Alegre (RS), com 84,1%.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta