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'Fome não é necessariamente da pele colada no osso', diz vice-governadora

"Fome não é necessariamente da pele colada no osso", diz vice-governadora

Vice-governadora, que tem como bandeira a área social, rebateu declarações do presidente, que realacionou a fome ao físico esquelético

Publicado em 19 de julho de 2019 às 23:32

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Moradora do bairro Operário, em Vitória, Jacqueline chegou à política por meio de bases populares. (Carlos Alberto Silva)

A afirmação feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) de que no Brasil a fome é uma mentira, e sim "passa-se mal, não se come bem", foi criticada pela vice-governadora Jacqueline Moraes (PSB), que avaliou que este problema social não pode ser minimizado, apesar das evoluções dos últimos anos, já que pode voltar a piorar.

"Fome não é necessariamente da pele colada no osso. É ter um alimento digno e adequado para a sua sobrevivência. Não podemos considerar que o cidadão que só tem feijão com farinha para comer não passa fome", pontuou. Jacqueline hoje comanda um trabalho na vice-governadoria de integração das políticas públicas para questões sociais. Segundo ela, de janeiro a maio deste ano 146 mil famílias do Estado foram enquadradas na extrema pobreza, que são aqueles que possuem renda percapita mensal abaixo de R$ 109,00.

Ela também rebateu a avaliação do presidente, ao comparar o problema da fome no Brasil com os países da África. "Você não vê gente mesmo pobre pelas ruas com físico esquelético como a gente vê em alguns outros países pelo mundo", declarou Bolsonaro.

"Não concordo com a fala dele. Não é preciso estar igual aos países da África para reconhecer que existe fome no Brasil. Há pessoas que têm privação de tudo, de todas as suas necessidades básicas. A gente está atento a isso, porque entende que o avanço da miséria está diretamente ligado à crise econômica e ao aumento do desemprego. A consequência direta é o aumento da pobreza e da desigualdade".

PERFIL

Quanto à forma de ocorrência do problema da fome, Jacqueline afirma que de acordo com sua percepção, ao percorrer o Estado, o problema é mais grave nas áreas urbanas do que no interior. "Ando muito nas comunidades, e vemos que tem pessoas que enviam as crianças para escola por conta da merenda, para se alimentarem. Vejo os relatos de crianças que querem ficar mais tempo na escola para poder comer. Nas cidades maiores, há tanto o problema das pessoas em situação de rua, como aquelas das periferias. Isso também existe no interior, mas temos feito incentivos à agricultura familiar para dar uma alternativa à essa população", afirmou.

Horas depois da declaração polêmica sobre a fome, Bolsonaro recuou e fez outras ponderações sobre o tema. "O que tira o homem e a mulher da miséria é o conhecimento. Não são bolsas e programas assistencialistas. Nós temos que lutar nesse sentido, nessa linha para dar dignidade ao homem e à mulher brasileira", afirmou o presidente.

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Para Jacqueline, reduzir a pobreza também passa por manter políticas de proteção social, que dão um piso de segurança para a população vulnerável. "Não se pode deixar de dar assistência. É necessário dar benefícios para que as pessoas criem dignidade. Quem come feijao com farinha não vai ter saúde para se desenvolver para nenhum trabalho, quem tem necessidade extrema não tem força para produzir. Estamos trabalhando para tirar essas pessoas da vulnerabilidade, e em paralelo, para que tenham uma qualificação para poder empreender", defende.

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