Publicado em 12 de abril de 2019 às 13:53
A sede da Eco101 concessionária que administra a BR 101 no Estado foi alvo nesta quinta-feira (11) de mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Federal. A ação foi parte da Operação Infinita Highway, que apura o superfaturamento de tarifas de pedágios em rodovias concedidas em Goiás, Bahia e no Espírito Santo. Além do mandado na empresa, outros dois foram cumpridos no Estado em residências de envolvidos no esquema.>
Segundo as investigações da operação, empresas concessionárias contratavam laudos falsos que atestavam a qualidade das rodovias. Assim, evitavam a aplicação de multas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), órgão responsável pela fiscalização da prestação do serviço.>
Viaturas da PF chegaram à sede da Eco101, que fica às margens da BR 101, na Serra, bem cedo nesta quinta-feira de manhã. Às 21h, uma viatura do órgão ainda permanecia na frente do local. O Gazeta Online conversou com o empresário Reginaldo Catafesta, que denunciou o esquema ao Ministério Público Federal.>
Ele afirma que sua empresa emitiu relatórios com informações falsas a pedido da concessionária para conseguir empréstimos e justificar o reajuste do pedágio. A cobrança na BR 101 no Estado começou em 2014.>
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DINHEIRO>
Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), as irregularidades sob investigação apontam que foram arrecadados indevidamente pelo menos R$ 330 milhões em pedágio dos usuários nos Estados investigados. Tais valores decorreriam de problemas relacionados à baixa qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias cujos nomes não foram divulgados. Apenas o Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF-ES) fez menção à Eco101 em sua nota.>
A Polícia Federal chegou a anunciar que faria uma entrevista coletiva para falar sobre a operação em Goiás, mas cancelou e se manifestou apenas por nota nesta quinta-feira.>
As investigações apontam que, com consentimento da ANTT, uma das concessionárias envolvidas no esquema chegou a aumentar indevidamente o valor cobrado pelo pedágio, sob a falsa alegação de elevação dos custos de manutenção de rodovias, baseando-se, para isso, em orçamentos fictícios emitidos por empresas que não existiam.>
Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal da Bahia, do Espírito Santo e de Goiás. O objetivo era localizar e apreender processos, documentos, relatórios, computadores, mídias e smartphones para apurar possíveis crimes de estelionato qualificado, associação criminosa e corrupção, e, também, contra o sistema financeiro.>
O MPF-ES foi favorável aos mandados e, por meio de nota, informou que a investigação, que está em sigilo, pretende apurar a suspeita de utilização de relatórios de vistoria falsos por parte da Eco101.>
Os policiais federais também fizeram buscas em endereços ligados à ANTT, em Brasília. Um dos locais revistados foi o gabinete do diretor-geral da Agência, Mário Rodrigues Júnior.>
A ANTT divulgou nota afirmando que realiza seus trabalhos e toma suas decisões respaldadas em estudos e pareceres técnicos de seus servidores e procuradores jurídicos, dentro da legalidade e lisura, respeitando todos os princípios éticos da administração pública, e em permanente contato com os órgãos de controle. A Agência diz ainda que se coloca à disposição das autoridades para os esclarecimentos que se fizerem necessários. (Com informações de Letícia Gonçalves)>
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O OUTRO LADO>
A concessionária Eco101, que administra toda o trecho da BR 101 no Espírito Santo, informou apenas por meio de nota que não teve acesso ao processo que motivou a operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal, por isso não se pronunciará neste momento.>
A empresa disse ainda que está colaborando com as autoridades e reafirma o seu compromisso com a ética e transparência em todas as suas relações profissionais.>
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ENTENDA A INVESTIGAÇÃO>
FRAUDE>
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Concessionárias>
Contrato com empresa>
Empresa de engenharia alega que era contratada pelas concessionárias para prestar serviços de monitoramento da rodovia e fazer relatórios sobre a qualidade dos pontos, como asfalto, sinalização, drenagem, entre outros.>
Documento verdadeiro>
De acordo com o empresário Reginaldo Catafesta, que denunciou o esquema, um documento com as informações reais era confeccionado e utilizado pela Eco101 para pedir empréstimos em instituições financeiras.>
Documento falso>
Uma segunda versão, com informações falsas, era apresentada à ANTT, para comprovar que a concessionária cumpria com os requisitos previstos e poderia, portanto, reajustar a tarifa do pedágio, relata o empresário.>
DINHEIRO>
Cobrança indevida>
Segundo o TCU, o esquema da arrecadação indevida nos Estados investigados é estimada em pelo menos R$ 330 milhões em cobrança de pedágio.>
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