Publicado em 19 de agosto de 2018 às 00:12
Os anos passam, os hábitos mudam, a sociedade também. Mas há o que o tempo não consegue apagar: a tradição em três restaurantes e um bar, na Grande Vitória. Eles resistem às crises econômicas, de segurança e à renovação de público.>
Pratos tradicionais, espaço característico, muita história e relação de amizade com os clientes são alguns dos fatores comuns a esses estabelecimentos que ficam em Vitória e em Vila Velha.>
No bairro da Praia do Suá, na Capital, fica o restaurante São Pedro, que tem mais de 65 anos de história. Pelas mesas do restaurante, fundado pelo mineiro Hercílio Alves da Silva, passaram engenheiros e operários que participaram da construção da Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, a conhecida Beira-Mar.>
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Foi a partir do pedido de um desses clientes, aliás, que o restaurante passou a servir o seu prato mais conhecido e elogiado: a moqueca capixaba. Um dia, um freguês que gostava da comida da minha mãe pediu para ela fazer uma moqueca. Ela aceitou e passou a oferecer o prato aos sábados, lembra Ruth Alves da Silva, filha dos fundadores do restaurante, Almerinda e Hercílio.>
Desde então, a mesma receita preparada há 60 anos é servida no local. Atualmente, Ruth toma conta do local e está atenta a tudo, inclusive às mudanças, mas estas, aliás, não a preocupam. A mudança é normal. O tempo foi passando sem a gente sentir. Eu só fico controlando para não darem cheque sem fundo (risos), brinca.>
Do outro lado da Terceira Ponte, um bar na Praia da Costa também é reduto da tradição passada de pai para filho. Há 40 anos, o Barzito é parada certa para muitos que vão a Vila Velha. O próprio Zito, fundador do local, brinca ao dizer que passar pela cidade e não ir ao Barzito não é conhecer o município em sua plenitude. Hoje, Zito ainda vai ao bar todos os dias e faz questão de cumprimentar os clientes mesa por mesa. Mas quem está à frente do negócio é o filho dele, Fábio Paiva.>
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Aliás, desde 2010 é Fábio quem encara os desafios de manter o bar aberto apesar das dificuldades. Problemas a gente sempre tem. A maior dificuldade que enfrentamos até hoje foi a crise econômica. Mas, em geral, as crises vêm e vão, aponta.>
REFERÊNCIA>
Em Vitória, mais precisamente na Praia do Canto, o restaurante Lareira Portuguesa comemora os seus 32 anos no mesmo local. Contudo a história é mais longa: ele foi fundado há 45 anos e teve o primeiro endereço em Guarapari.>
No espaço interno do ponto atual, azulejos com desenhos em azul deixam clara a sua origem. Fundado por dois portugueses, o restaurante é tão tradicional na Capital que, quando uma rede de fast-food abriu uma filial ao lado, a referência era o próprio Lareira.>
O sócio-proprietário Fernando Soares Fonseca lembra que chegou a ouvir que Vitória devia ser a única cidade do mundo onde a famosa rede de fast-food não seria a referência, mas sim o restaurante local.>
SOLUÇÕES>
Os problemas vêm e as soluções também. Comerciantes experientes se unem às novas gerações e vão buscando soluções para manter as portas abertas. Assim tem sido no restaurante Atlântica, em Vila Velha, que serve frutos do mar há 50 anos.>
A primeira unidade fica na Praia da Sereia e, recentemente, uma filial foi aberta em frente à Praia de Itaparica. É de lá que vêm inovações para chamar o público e renovar a marca que criou o famoso e muito copiado camarão com coco.>
A gente faz promoções, coloca música ao vivo. Queremos mostrar que o Atlântica é para todos, afirma Patrícia Araujo, gerente do restaurante e membro da família fundadora.>
No Barzito, um dos segredos para superar as adversidades está na clientela fiel. O bar faz 41 anos em outubro e nós temos clientes que frequentam o local há 38. Eles fazem parte da nossa família e nós da deles, afirma Zito.>
FOCO NO CLIENTE PARA GARANTIR O BOM FUTURO DO NEGÓCIO>
Você já deve ter lido por aí a frase servir bem para servir sempre. O dito reflete um dos segredos em comum de alguns dos estabelecimentos mais antigos de Vitória e Vila Velha para que consigam manter as portas abertas, de olho no futuro.>
No restaurante São Pedro, a regra é clara. Orientamos o nosso pessoal a servir bem todo mundo. O bom atendimento faz toda diferença, afirma dona Ruth, que tem mais de 30 anos de experiência com comércio. Seguindo essa cartilha, o restaurante segue firme e com clientela certa.>
No Barzito, no que depender dos clientes, a perspectiva de futuro é próspera. É fácil encontrar por lá quem começou a frequentar o local com os pais e hoje leva os filhos que ficam só no pastelzinho e no refrigerante, é claro. Há, ainda, quem vai ao bar desde o começo.>
O aposentado Sergio Martins, 86 anos, por exemplo, frequenta o local há 38 anos. O Serjão é parte da família Barzito. Vem ao bar desde o começo, lembra Zito, proprietário do local.>
EM FRENTE>
No Atlântica, não é diferente. Nós, membros da família, fazemos questão de ir nas mesas saber se os clientes estão satisfeitos com o atendimento, afirma Patrícia Araujo.>
E, mesmo que as dificuldades venham, nenhuma das casas tradicionais pensa em fechar. Para manter as portas abertas, Fernando Alberto Soares Fonseca, do restaurante Lareira Portuguesa, aposta em três pilares: comida de boa qualidade, incentivo aos funcionários e excelente tratamento aos clientes.>
Já passamos por muita coisa neste ano e ainda vamos passar por mais, como sempre. Mas, para continuar, vamos manter o padrão de qualidade e encarar um futuro mais sereno e com alguma melhoria, espera Fernando.>
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