Empresas permitem funcionários trabalharem em qualquer lugar
Empresas permitem funcionários trabalharem em qualquer lugar. Crédito: Freepik

‘Resort office’: empresas do ES liberam trabalhar em qualquer lugar no verão

Seguindo a tendência do home office, empresas adotam modelo que permite a funcionários exercerem suas atividades em uma praia ou hotel

Tempo de leitura: 4min
Vitória
Publicado em 20/01/2024 às 20h43

"Meu escritório é na praia, eu estou sempre na área", já diz uma conhecida música do Charlie Brown Jr. e que, especialmente  durante o verão, pode retratar bem um modelo de trabalho que vem sendo adotado nesse período — que, para muitos, também coincide com as férias dos filhos. Depois do home office, empresas vêm permitindo que funcionários desempenhem a atividade laboral de qualquer lugar, como na praia ou em um hotel, sem abrir mão do convívio com a família. 

No Espírito Santo, algumas organizações já permitem que seus colaboradores utilizem o teletrabalho longe de onde moram, numa espécie de "resort office", mas é preciso adotar algumas regras para que a produtividade não seja prejudicada.

É o caso da Nextly, empresa de desenvolvimento de software com atuação no mercado internacional, que conta com 70 trabalhadores, distribuídos por todo o Brasil. Em Vitória, são 21. A companhia atua com modelo 100% remoto há alguns anos. A head of People & Culture Patrícia Tavares Bulhões explica que é permitido trocar o escritório remoto em qualquer época do ano.

“Um dos nossos valores é a flexibilidade com responsabilidade, independentemente de onde a pessoa estiver. Os colaboradores podem exercer suas atividades visitando familiares ou até em um hotel, cafeteria, na fazenda, em um coworking, mas precisa ter produtividade e foco no resultado. Por ser uma rotina diferenciada, alguns deles viajam bastante”, relata Patrícia.

A executiva explica que a empresa de tecnologia tem atuação em outros países e, por isso, os horários de trabalho são diferenciados, como é o caso de quem atende um cliente na Noruega. Nesse caso, o trabalhador começa e termina suas atividades mais cedo do que os demais.

Patrícia Tavares Bulhões, Head of People & Culture da Nextly
Patrícia Tavares Bulhões, Head of People & Culture da Nextly. Crédito: Acervo pessoal

“Essa política de poder trabalhar em qualquer lugar vale o ano todo. Eu, por exemplo, passei o ano-novo em Guarapari. Fui para lá uma semana antes e levei meu notebook. Outros que buscaram qualidade de vida foram morar em outros locais”, comenta.

Patrícia explica que não há uma regra de formalizar a viagem. O compromisso com as obrigações corporativas vai depender de cada funcionário. “A transparência e a confiança fazem parte do processo. Esse é um modelo que dá certo e nunca tivemos problemas com as entregas.”

Assim como a Nextly, o teletrabalho também é adotado pela Trustly, empresa europeia que atua como método de pagamento global. Com o único escritório do Brasil situado em Vitória, a empresa tem cerca de 300 colaboradores que trabalham 100% em home office, morando em diversos Estados brasileiros.

Jacqueline Almeida, que é Diretora de Pessoas. Crédito: Acervo pessoal
Jacqueline Almeida, que é Diretora de Pessoas. Crédito: Acervo pessoal

Segundo a Diretora de Pessoas Jacqueline Almeida, com a modalidade de teletrabalho, é possível aproveitar a vantagem de trabalhar em qualquer lugar do país.

"Desde que a empresa foi aberta no Brasil, temos escritório em Vitória e sempre adotamos o home office. Então, nosso time sempre soube conciliar muito bem com seus gestores essa vantagem da flexibilidade oferecida pela empresa com a responsabilidade sobre suas entregas diárias. Apesar de estarmos 100% em trabalho remoto, mantemos nossas integrações da melhor maneira possível, tendo opções de encontros virtuais ou presenciais”, pontua.

O crescimento do trabalho flexível no Brasil reflete uma transformação significativa no cenário profissional, trazendo consigo diversas vantagens tanto para empresas quanto para colaboradores, conforme afirma a psicóloga e diretora de Liderança, Cultura e Diversidade do Ibef-ES, Gisélia Freitas

Ela salienta que a flexibilidade no horário de trabalho possibilita uma melhor conciliação entre a vida profissional e pessoal, promovendo o equilíbrio e a satisfação dos funcionários. Ainda de acordo com a psicóloga, essa abordagem também se mostra eficaz na retenção de talentos, uma vez que oferece aos profissionais a autonomia para organizar sua jornada de acordo com suas necessidades.

Gisélia Freitas 

Psicóloga e diretora de Liderança, Cultura e Diversidade do Ibef-ES

"Além disso, esse modelo flexível abre portas para a contratação de talentos em qualquer parte do país, ampliando as opções de recrutamento e enriquecendo a diversidade nas equipes. Essa diversidade geográfica contribui para a inovação, ao reunir diferentes perspectivas e experiências"

Gisélia avalia que a adoção do trabalho flexível também resulta em benefícios ambientais, uma vez que reduz deslocamentos diários, diminuindo a emissão de poluentes e promovendo práticas mais sustentáveis. Outro ponto é que a tecnologia desempenha um papel crucial, permitindo a comunicação eficiente e a colaboração remota.

“A flexibilidade no trabalho não apenas atende às demandas dos profissionais contemporâneos, mas também proporciona às empresas uma maior adaptabilidade às mudanças do mercado. Esse modelo contribui para a eficiência operacional, redução de custos com infraestrutura física e melhoria na produtividade, uma vez que permite que os funcionários trabalhem em ambientes mais confortáveis e adaptados às suas necessidades”, ressalta Gisélia.

Andrea Salsa, especialista em gestão de pessoas, avalia que a flexibilidade da jornada de trabalho tem se tornado cada vez mais relevante nas decisões de carreira de muitos profissionais. Seja nas alternativas vinculadas ao trabalho remoto, seja em relação à carga horária.

“Montar a sua própria jornada e ter foco apenas na entrega é e continuará sendo um desafio de adaptação das empresas atualmente. Com isso, líderes vão precisar, cada vez mais, adequar seus estilos de gestão para darem conta desse cenário, onde o controle de presencialidade e a quantidade de horas trabalhadas serão substituídos pela competência de liderar, pela qualidade das entregas e pela manutenção do engajamento da força de trabalho, mesmo que a distância”, observa.

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