
As duas pessoas que foram presas durante a Operação Lobo de Wall Street, nesta quarta-feira (09), em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, foram liberadas após pagamento de fiança. Os empresários foram detidos, em flagrante, pelo crime de posse ilegal de arma de fogo. As investigações dos outros crimes continuam em andamento.
De acordo com a Polícia Civil, além do crime de pirâmide financeira, existe uma suspeita de que eles possam ter cometido estelionato e lavagem de dinheiro. Na ação, foram apreendidos veículos, computadores, documentos e uma grande quantia de dinheiro.
Foram sequestrados mais de 10 veículos, sendo uma BMW X1, um Honda Civic, duas Toyotas Hilux, uma S10, um Golf GTI, um Tracker, um Fiat Toro, duas motos Ducati Monster 1200cc, uma Kawasaki Z1000, um quadriciclo e duas motos elétricas.
“Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão domiciliar nas residências dos investigados e na sede de uma empresa, onde foi apreendida a quantia de R$ 103 mil em espécie”, explicou o delegado Rafael Amaral.
Também foram apreendidos uma pistola calibre 9mm, um revólver calibre 357 e dois revólveres calibre 38, uma espingarda calibre 12 e outra calibre 38, além de 135 munições calibre 9mm, 17 munições calibre 38, 99 munições calibre 357 e 31 munições calibre 12.

Além dos dois detidos, mais seis pessoas são P investigadas. Segundo as autoridades, eles usavam, supostamente, cotas de consórcios como vitrine para atrair investidores e captar recursos com a promessa de gerar ganhos para esse consumidor.
EMPRESA PODE TER MOVIMENTADO R$ 68 MILHÕES
A empresa que foi alvo da operação “Lobo de Wall Street”, do Ministério Público, na manhã desta quarta-feira (9), pode ter movimentado R$ 68 milhões em operações suspeitas, semelhantes a de pirâmides financeiras. Existem indícios de venda de cotas de consórcios como investimentos de forma fraudulenta com a promessa de lucro de 20% a 50% em 30 dias.
Até agora, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-Sul), e a Polícia Civil identificaram ao menos 800 contratos assinados com clientes. Ainda não é possível saber quais entre os consumidores são vítimas ou beneficiados pelo possível esquema.
Os investigados também têm vínculos com empresas com características de serem de fachada, já que as forças policiais não encontraram atividades dessas firmas nos endereços visitados. Também é apurado se os membros da suposta associação criminosa já havia atuado em outros crimes de pirâmide financeira.
O delegado disse ainda que a empresa está em funcionamento desde outubro de 2019, mas há suspeita de que o esquema já era aplicado pelos empresários antes de abrirem a empresa.
Segundo o MPES, todos os materiais apreendidos serão enviados ao Laboratório de Tecnologia Contra a Lavagem de Dinheiro (LAB-LD) para extração de informações e os dados serão encaminhados para a delegacia para análise. “A finalidade da operação é a busca de outros elementos de convicção para fomentar o inquérito policial que tramita aqui no Gaeco, para que possibilite uma possível ação penal. Mas ainda temos que aprofundar as investigações. A princípio sabemos que são oito pessoas envolvidas, e a maioria reside em Cachoeiro, mas alguns vivem em cidades vizinhas”, informou o promotor.
A operação Lobo de Wall Street foi em conjunto com o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO Sul), com o apoio da 7ª Delegacia Regional e do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
ESQUEMA PONZI
Apesar de a empresa ter indícios de atuar como uma pirâmide financeira, as atividades se assemelham a um sistema mais elaborado do golpe, que é o Ponzi. Neste caso, os criminosos se aproximam das vítimas e as convencem a fazer investimentos, prometendo lucros rápidos e altos, bem acima do praticado pelo mercado. O dinheiro de uma pessoa que entra no negócio fraudulento é usado para pagar quem já estava na rede.
O sistema, embora não seja considerado sustentável, pode durar por anos e mesmo décadas. Um exemplo é o Ponzi de Bernard Bernad Madoff que sobreviveu por 20 anos, vindo a quebrar na crise financeira de 2008, quando os investidores tentaram sacar sua poupança e descobriram que não havia dinheiro para pagar todos os poupadores da corretora.
Já o esquema de pirâmide financeira clássica funciona da seguinte forma: pessoas pagam para entrar num negócio e ganham dinheiro ao colocar outros investidores. Quanto mais gente agregar ao negócio, mais lucro essa pessoa tem. Mas o negócio acaba também não conseguindo sobreviver por muito tempo, já que a velocidade de inclusão de novos participantes vai se reduzindo até chegar num nível de não conseguir mais honrar com as promessas de lucro.
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