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Nanotecnologia no ES transforma celulose em tecido e produz até cosméticos

Nanotecnologia no ES transforma celulose em tecido e produz até cosméticos

Várias empresas capixabas estudam nano materiais para criar novos produtos. Especialistas apontam que, apesar da importância e da grande diversidade de aplicação, avanço do setor esbarra na falta da mão de obra e no preço dos equipamentos

Publicado em 3 de março de 2020 às 12:11

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Para observar materiais nano são necessários equipamentos especiais. (Pixabay)

Imagine um material que tenha o tamanho de 0,0000001 centímetro. Tal item, sem o auxílio de equipamentos especiais, só pode ser mesmo imaginado. Mas, apesar de terem um tamanho nano (equivalente a 10 elevado a menos 7 centímetros), a importância desses produtos é gigantesca e eles podem beneficiar diversas indústrias no Espírito Santo. Atualmente, no Estado, eles já são utilizados para produzir tecidos, roupas e até cosméticos.

No Espírito Santo, a Suzano, na planta de Aracruz, tem adotado o sistema para desenvolver a nanocelulose com foco, a princípio, na produção de tecido. “A nanocelulose pode ser um componente na fabricação de tintas, de cimentos, cosméticos… de uma série de produtos. Existem estudos muito importantes da nanocelulose que são desenvolvidos na planta da Suzano em Aracruz”, destaca a gerente executiva de Desenvolvimento de Celulose e Biorrefinaria da Suzano, Bibiana Ribeiro Rubini.

Nanocelulose fabricada em Aracruz. Textura do material lembra um papel umedecido. É gelado, não gruda na mão e também não é tóxico. (Siumara Gonçalves)

A empresa fechou parceria com a startup finlandesa Spinnova para a fabricação de tecidos. “Quando você observa o mundo dos tecidos, vê muita coisa sintética - que tem origem em derivados fósseis. Agora, a Spinnova desenvolveu um tecido com nanocelulose desenvolvida em Aracruz e está produzindo suas primeiras peças”, conta entusiasmada. “Acredito que em cerca de 2 ou 3 anos, talvez menos, nós já iremos conseguir comercializar a nanocelulose”, acrescenta.

Fios de tecido produzidos a partir da nanocelulose fabricada em Aracruz. (Siumara Gonçalves)

Quem destaca outra utilização da nanotecnologia no Estado é o gerente de pesquisa e desenvolvimento da Adcos, Vitor Cellia Seixas. Na empresa, são desenvolvidos dermocosméticos com nanotecnologia para que os produtos consigam chegar às camadas mais profundas da pele. “Com nanopartículas a gente consegue isolar o princípio ativo do nosso produto. Com isso ele é muito mais bem aproveitado pelo cliente”, resume.

MÃO-DE-OBRA E EQUIPAMENTOS CAROS AINDA SÃO ENTRAVES PARA DESENVOLVIMENTO

Apesar da gama de opções que tem para atuar, a nanotecnologia ainda é um setor pouco explorado. Segundo os especialistas, parte do entrave é explicada pela falta de mão-de-obra e pelo alto custo dos equipamentos que precisam ser utilizados na produção e pesquisa de produtos nanotecnológicos.

“Para a nanotecnologia se estabelecer, os principais investimentos têm que ser feitos na capacitação das pessoas e dos materiais. Todo o trabalho tem que ser muito criterioso - analisando-se as metodologias e os possíveis riscos para quem utiliza os produtos”, analisa a gerente Executiva de Desenvolvimento de Celulose e Biorrefinaria da Suzano.

Outro ponto de atenção, segundo ressalta o gerente de pesquisa e desenvolvimento da Adcos, é a capacitação e confiança dos fornecedores. “A maioria dos nossos produtos vêm de fora do Brasil. Isso porque precisamos ter a certeza de que os materiais têm um tamanho “nano”. São poucos os fornecedores confiáveis, o que faz o preço subir”, destaca.

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Porém, ultrapassando essas questões, a nanotecnologia poderá beneficiar diversas indústrias. “A cada dia a gente avança muito nessa área, então, nos próximos anos o céu será o limite”, afirma Rubini.

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