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Publicado em 25 de julho de 2022 às 17:45
Após a informação que um condomínio de luxo seria construído no terreno onde funciona o Ilha Shows, na Praia do Canto, em Vitória, o proprietário e gerente do empreendimento, Kaedy Azevedo, afirmou que não foi informado da venda do local e entrou na Justiça para barrar a construção. >
Kaedy diz que o contrato vai contra a lei federal n°8.245/1991, que estabelece que o locatário tem preferência caso o proprietário deseje vender o imóvel locado. >
“A minha empresa está estabelecida há 16 anos com contrato vigente até o final de 2023, fui surpreendido com notícias na imprensa que o imóvel já vinha sendo negociado e vendido. Ao mesmo tempo, procurei informações na Prefeitura de Vitória e o processo ainda não foi aprovado. São várias contravenções deliberadas e divulgadas, que não tem fundamento. A gente está tomando providências cabíveis e legais, acionando todos os órgãos para que os procedimentos sejam adotados e esclarecidos”, explicou Kaedy. >
Ainda de acordo com o proprietário, não poderia ser divulgado o condomínio ou algum empreendimento sem ter oferecido ao inquilino, no caso o Ilha Shows, o direito de compra. “Além de desrespeitar meu contrato de locação que ainda está em vigor”, acrescentou.>
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Além da ação na Justiça, Kaedy também enviou uma denúncia ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES), onde afirma que o empreendimento está em estágio embrionário na Prefeitura de Vitória, existindo apenas o protocolo de topografia, sem autorização de construção, portanto, ainda não deveria estar sendo comercializado. Além disso, o imóvel estaria irregular por invadir o terreno de outra propriedade. >
O advogado Sandro Câmara, que faz as defesas das proprietárias do terreno onde está o Ilha Shows, negou que a negociação com a construtora a frente do condomínio de luxo, seja ilegal. Ele explicou que o contrato é de permuta, que desobriga os locadores de prestarem esclarecimentos de venda a quem aluga o local. >
A permuta de imóveis não exige que o pagamento seja feito em dinheiro, mas, sim, através de bens equivalentes. Em muitos casos, no entanto, existe a possibilidade de pagar a diferença em dinheiro. A permuta se aplica a qualquer tipo de imóveis, terrenos, casas, apartamentos e imóveis a serem construídos.>
"E tem também a sublocação do espaço, que estava sendo entregue a outras empresas, sem autorização das proprietárias. O contrato é expresso em vedar isso. Além das reformas que foram feitas para adaptação do espaço cedido, proibida também por contrato", disse o advogado. >
Para o advogado, o direito das proprietárias está sendo prejudicado. “Como proprietários estão sem a posse do imóvel e não estão recebendo o equivalente ao que deveriam receber, pois ele alega que teve prejuízo com a pandemia. O que há é um prejuízo grave às minhas clientes que estão impedidas da posse do imóvel e concluir uma negociação que pertence a elas. Ele não é dono do imóvel”, concluiu Sandro Câmara.>
Ainda de acordo com o advogado, existe uma ação de despejo que vem se arrastando há muito tempo por falta de pagamentos de aluguel. >
Em relação a isso, Kaedy disse que os alugueis, IPTU e seguro se encontram em dia. "O processo de despejo não condiz pois a única inadimplência e discussão dos aluguéis são do período de pandemia onde todo mercado de eventos ficou 100% parado. Assim que voltamos a trabalhar voltamos a pagar e isso está sendo discutido na Justiça", comentou. >
A Gazeta noticiou na última sexta-feira (22) que o terreno onde funciona o Ilha Shows, na Praia do Canto, em Vitória, deve dar lugar a um condomínio de luxo. Atualmente, o local é alugado para a casa de eventos Privilège Vitória. A obra será realizada pela TMA Construtora e ainda está em fase de aprovação na prefeitura da Capital. >
O empreendimento consiste em 16 casas, de 400m² até 458m², com valores a partir de R$ 7,5 milhões. As obras estão previstas para começar no segundo semestre de 2023 e serem entregues até o fim de 2025.>
Todas as casas vão ter vistas para a Praia de Camburi, com três pavimentos, sendo o último uma parte de lazer privativo.>
Com uma portaria principal, que será independente do condomínio, as casas serão de alto padrão de acabamento, e cada residência terá um elevador privativo e três vagas de garagem.>
De acordo com o diretor comercial da construtora, Minzer Tuma, o projeto está sendo desenvolvido de acordo com o PDM (Plano Diretor Municipal) de Vitória, seguindo todas as diretrizes, não havendo desmatamento da região.>
Segundo a empresa, o projeto já foi levado para a prefeitura. Já a administração, por sua vez, esclareceu que a Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec) vai analisar o empreendimento para avaliar seu impacto e suas condições de implantação no local.>
A assessoria de imprensa do Privilège Vitória informou que os empresários responsáveis pela casa de eventos já estão cientes do empreendimento, mas preferem não falar a respeito. Disse ainda que, por enquanto, a casa funciona normalmente.>
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