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Ex-ministro da Fazenda Delfim Netto é novo colunista de A Gazeta

Ex-ministro da Fazenda Delfim Netto é novo colunista de A Gazeta

Em entrevista, economista defende leilão e privatização para melhorar infraestrutura. Ele também apoia as atuais medidas da equipe econômica do governo federal. Coluna estreia nesta quarta-feira (23)

Publicado em 22 de outubro de 2019 às 08:07

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Delfim Netto já foi ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento. (Divulgação)

O ex-ministro da Fazenda (1967 a 1974), da Agricultura (1979) e do Planejamento (1979 a 1985) Delfim Netto defende a realização de leilões, privatizações e Parcerias Público-Privadas (PPPs) para que sejam feitas melhorias na infraestrutura do Brasil. Para Delfim, esta é a única solução possível para que a economia nacional apresente uma melhoria.

Delfim Netto será o novo colunista de A Gazeta. Seus artigos serão publicados semanalmente no site. A estreia acontece nesta quarta-feira (23). Em uma conversa de cerca de 20 minutos, o ex-ministro e ex-deputado federal também disse não ver benefícios imediatos com a reforma da Previdência, ou tributária, além de propor uma medida pouco usual para que os processos de leilões e privatizações tenham mais celeridade. Junto com Delfim, dois outros colunistas da Folha de São Paulo serão publicados semanalmente no site de A Gazeta: Marcus Melo, cientista político, e Marcos Lisboa, economista. Confira a grade de programação.

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    Na verdade, tenho mais de 70 anos de experiência (risos). Estou com 91 anos. Mas o que vejo é que a situação econômica atual é muito delicada. E essa situação não foi criada por esse governo. Essa situação já foi criada no governo Dilma, passou por alguma melhoria na direção correta no governo Temer, e eu acho que agora estamos com uma administração econômica da melhor qualidade. O Guedes tem um programa bastante razoável.

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    É o desemprego. E digo isso pelo seguinte: o maior desperdício que uma nação pode ter é não dar emprego para os seus membros. O homem é a maior riqueza da nação. Se você não dá para o homem a oportunidade de sobreviver com seu próprio esforço - sustentar sua família, educar os seus filhos, dar expectativa que eles tenham uma vida melhor... sem isso a sociedade não se encontra!

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    Para o homem, a maior crise é sempre a atual. Mas essa crise de agora, em particular, por conta desse desarranjo fiscal gigantesco iniciado em 2013, ela é uma experiência não vivida pelo Brasil. Você tem hoje, provavelmente, 28 milhões de pessoas que estão desempregadas ou que estão precisando de mais trabalho para a sua subsistência. Isso é um número espantoso.

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    Estamos vivendo um momento de separação. De um lado temos uma direita troglodita, que nega o conhecimento empírico; e de outro lado uma a esquerda que ficou completamente ignorante porque não entendeu as tolices que fez. E nessa confusão política que precisamos fazer uma política econômica mais racional. Por isso que ela é tão difícil.

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    Todo o nosso problema é fiscal. Como podemos voltar a crescer? Só tem duas formas: por meio de investimento e exportação. A exportação vamos deixar de lado - hoje tem um problema sério da maluquice da briga do Donald Trump, dos EUA, com chineses. Mas podemos ter crescimento interno. Nós temos grandes projetos de infraestrutura.  Só que o Estado não tem mais nenhuma capacidade de investir. Imagine que no ano que vem está previsto um investimento 0,3% do PIB, quando o Estado não poderia investir menos de 5% do PIB. Agora só tem uma saída: retornar os investimentos de infraestrutura por meio dos leilões de projetos de infraestrutura e ter taxas de retorno positivas. O único caminho, na verdade, é esse que o Guedes está propondo.

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    O governo está trabalhando com privatizações, leilões e PPPs, mas cada processo leva um tempo gigantesco. O Mattar (Salim Mattar, secretário de Desestatização do governo federal) fez uma exposição outro dia mostrando que o que ele podia fazer em 75 dias está levando um ano e meio por conta das burocracias e das disputas de poder entre os ministérios. Na minha opinião, não vejo nenhuma outra alternativa a não ser encontrar um mecanismo, que eu chamo de “lei delegada” em que o Congresso, por um prazo limitado, digamos de 18 meses, conceda ao Executivo os instrumentos para acelerar as três coisas: leilões de infraestrutura, PPPs e as privatizações. Claro que com limites que serão impostos pela própria lei delegada.

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    Nós temos um sistema de Previdência que é muito generoso e que não se sustenta. Ou seja, nos últimos anos, as despesas de custeio cresceram muito e esmagaram a capacidade de investimento do Estado. Não tenho dúvida de que a reforma vá ser aprovada. Agora, é uma ideia falsa essa de que aprovada a reforma estava tudo resolvido. Todos sabem que a aprovação da Previdência é importante sim, no longo prazo, mas que no curto prazo ela vai ter um efeito muito pequeno. Ela simplesmente vai reduzir o déficit da Previdência. As coisas precisam de uma ação muito mais rápida.

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    Eu tenho muito mais simpatia pelo IVA dual (Imposto de Valor Agregado cobrado tanto pelo governo federal quanto pelos Estados), que é o que aconteceu no Canadá. Mas isso é prematuro. Você tem muitas propostas e, honestamente, não acredito que saia muita coisa na reforma tributária, a não ser uma simplificação aqui outra lá. A coisa está muito verde para que saia algo importante.

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    Quando fui ministro muitos desses problemas nem existiam. Você nunca teve uma situação fiscal como a que tem hoje. Cada um resolve os problemas que tem, bem ou mal. Não tem ninguém que resolveu problema futuro ou problema passado. Os desafios eram outros.

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