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Em ano eleitoral, 11 cidades do ES começam 2024 no vermelho

Em ano eleitoral, 11 cidades do ES começam 2024 no vermelho

Dados do Painel de Controle do Tribunal de Contas do Espírito Santo apontam resultado entre receitas e despesas dos municípios capixabas no ano de 2023

Publicado em 4 de abril de 2024 às 18:49

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Onze municípios do Espírito Santo fecharam o ano de 2023 no vermelho. Os dados constam no Painel de Controle do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES) que elabora um ranking a partir das receitas arrecadadas diante das despesas liquidadas.

As demais 67 cidades ficaram no azul, mas algumas tiveram sobra de caixa, que variou de R$ 350 mil a R$ 668 milhões. Esse maior montante foi registrado em Vitória. A "sobra" na Capital foi mais do que o dobro de Vila Velha (R$ 249 milhões) e mais que o triplo da Serra (R$ 188 milhões). Vitória arrecadou, no ano passado, 22% a mais que em 2022. Do total de receitas, 52% são próprias do município. 

Praia do Morro, em Guarapari, estava lotada na manhã deste sábado (26)
Praia do Morro, em Guarapari: cidade começou o ano no vermelho. (Reprodução / TV Gazeta)

Na outra ponta da lista, entre as mais negativadas, estão algumas das cidades que mais recebem recursos de petróleo, como Presidente Kennedy (-R$ 75 milhões) e Marataízes (-R$ 88 milhões). Entre as 11 no vermelho, estão também Guarapari e Venda Nova do Imigrante. As 11 cidades no vermelho são:

  • Bom Jesus do Norte
  • Vila Valério
  • Ponto Belo
  • Alto Rio Novo
  • Venda Nova do Imigrante
  • Guarapari
  • Barra de São Francisco
  • Castelo
  • Muniz Freire
  • Presidente Kennedy
  • Marataízes

O auditor de Controle Externo do TCES, Romário Figueiredo, explica que o painel é composto por informações recebidas mensalmente de todos os municípios, que divulgam o quanto foi arrecadado e o quanto foi gasto em despesas. A ferramenta é de acesso à população. 

Romário explica que esse recorte de receita arrecadada X despesas liquidadas mostra serviços que já foram prestados, entregues e liquidados. Os valores apontados pelo painel apontam as sobras ou o que faltou para o fechar o exercício de 2023.

Em ano eleitoral, 11 cidades do ES começam 2024 no vermelho

"Esse é um recorte do ano de 2023. Mesmo um município que ficou com saldo negativo, não significa que comprometeu o pagamento dos compromissos, porque pode ter tido caixa do ano anterior que supriu as despesas", pontua. 

Saldo de Vitória foi para investimentos

Em Vitória, o secretário municipal de Gestão e Planejamento, Regis Mattos Teixeira, detalha que parte do saldo de R$ 668 milhões já tinha destino determinado. Desse total, Mattos explica que R$ 238 milhões foram direcionados para restos a pagar, que são as despesas e medições de obras, por exemplo, do final do ano que acabam sendo pagas no ano seguinte, ou seja, nos primeiros meses de 2024.

Outros R$ 100 milhões foram para a poupança de previdência dos servidores. "Sobraram de fato, livre do resultado do ano de 2023, algo próximo dos R$ 330 milhões", diz. 

 O destino para esse recurso, segundo ele, tem sido investimentos em obras na cidade, que saiu de uma carteira de R$ 1 bilhão em 2021 para R$ 2,2 bilhões atualmente. "Mais de 80% dos investimentos são feitos com recursos próprios e outra parte tem financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Toda obra que iniciamos já tem recurso garantido para toda a execução", evidencia. 

Mattos também falou sobre o que  favoreceu esse resultado. "Temos feito um esforço de melhorar a arrecadação própria aperfeiçoando o controle e arrecadação de IPTU, ISS e dívida ativa, além da contribuição do desempenho da economia de Vitória com melhora no ambiente de negócios", aponta.  

O que dizem mais municípios

O secretário da Fazenda da Serra, Henrique Valentia, pontua que o resultado não é uma surpresa porque é feito o acompanhamento da receita e das despesas durante todo o exercício. Esse valor será utilizado no decorrer do ano 2024, sobretudo para o custeio de algumas obras que são prioridades para o município.

Em Cariacica, a secretária de Governo, Shymenne Benevicto de Castro, explica que, em 2023, a prefeitura conseguiu superar a expectativa de arrecadação para o ano. O orçamento foi projetado em R$ 1,42 bilhão, enquanto a arrecadação ficou em R$ 1,46 bilhão. "Nossa receita teve incremento de ICMS e em royalties, pois entramos com ação na Justiça questionando os recebimentos", detalha.

Para aumentar a arrecadação, a prefeitura tem feito um trabalho de aumentar a receita própria ao longo da gestão. Uma das medidas é atualizar a base do IPTU, que está sendo feita em 10 anos para não ter impacto para os contribuintes. A prefeitura também tem realizado trabalho para conseguir arrecadar mais ISS, conscientizando empresários sobre a emissão da nota fiscal. 

Sobre o resultado de Vila Velha, a prefeitura informou que o saldo já era esperado pela atual gestão, tendo em vista as ações estratégicas planejadas, executadas e desenvolvidas nos âmbitos do acompanhamento da receita municipal e do controle de despesas. A cidade destacou que teve melhoria no ambiente de negócios e passou a ter mais empresas, o que contribuiu para  arrecadação do ISSQN, bem como as transferências da cota-parte de ICMS.

Com o saldo positivo entre as receitas arrecadadas e as despesas liquidadas, que supera a casa dos R$ 249 milhões, a prefeitura informou que planeja continuar investindo em obras de infraestrutura urbana, drenagem e pavimentação de vias públicas, além de diversas melhorias na cidade, até o final do ano.

 O que dizem os que ficaram no vermelho

No caso de Venda Nova, que aparece na lista em vermelho, o município aponta que a diferença apurada pelo TCES entre a receita arrecadada e a despesa liquidada no exercício de 2023 é resultado da boa arrecadação do município durante o exercício de 2022, que resultou em um superávit financeiro de R$ 36.867.898,79, cobrindo dessa forma a diferença apurada no ano passado.

"Durante o exercício de 2022, assim como em 2023, o valor arrecadado foi maior que o valor orçado para o exercício, onde as principais receitas foram as transferências constitucionais federal e estadual e convênios, além da boa arrecadação própria dos impostos e taxas municipais. Vale ressaltar que boa parte do superávit foi utilizado para investimento em obras e aquisição de equipamentos para melhoria do município", informa o município, por nota.

A Prefeitura de Muniz Freire informou que o município fechou 2023 com superávit, fruto da economia e do planejamento feitos durante os dois primeiros anos da atual gestão para recuperar o equilíbrio financeiro e o poder de investimento próprio. "Prova disso é que o orçamento municipal saltou de R$ 65 milhões em 2021 para R$ 112 milhões agora em 2024", informou o município.

Já o município de Castelo informou que, em 2023, teve superávit de R$ 24 milhões. O prefeito João Paulo Nali destacou que o relatório do Tribunal de Contas não considera o superávit de anos de anteriores, que, no caso de 2022, ficou em R$ 43 milhões.

"Terminamos o ano com suposto déficit porque usamos/gastamos da poupança dos R$ 43 milhões, em investimentos, mais do que arrecadamos", afirma o prefeito.

Os municípios de Bom Jesus do Norte, Vila Valério, Ponto Belo, Alto Rio Novo, Barra de São Francisco, Guarapari, Marataízes e Presidente Kennedy também foram procurados para comentar o resultado. Assim que responderam a reportagem será atualizada.

Errata Atualização
11 de abril de 2024 às 19:45

O texto foi atualizado com o posicionamento de Castelo e Muniz Freire a respeito do resultado apontado pelo Painel de Controle do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES).

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