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Refluxo em cachoeira: entenda o que é e como pode ser fatal

Refluxo em cachoeira: entenda o que é e como pode ser fatal

Apesar de o termo não ser muito conhecido pela população em geral, o fenômeno é bem mais comum do que as pessoas imaginam. O refluxo acontece em qualquer fluxo de água, segundo comandante dos Bombeiros

Publicado em 15 de abril de 2021 às 12:51

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Apesar do termo não ser muito conhecido da população em geral, o fenômeno é bem mais comum do que as pessoas imaginam. O refluxo acontece em qualquer fluxo de água
Refluxo em cachoeira: entenda o que é e como pode ser fatal - Cachoeira do Banbuzal, em Castelo. (Matheus Martins/TV Gazeta Sul)

Na última segunda-feira (12), um atleta de jiu-jítsu desapareceu depois de mergulhar em uma cachoeira, em Castelo, no Sul do Espírito Santo, e o caso gerou um alerta para quem frequenta cachoeiras e rios. Isso porque durante as buscas, o Corpo de Bombeiros divulgou que no local acontece o fenômeno chamado refluxo, que dificulta o trabalho dos mergulhadores.

Apesar de o termo não ser muito conhecido da população em geral, o fenômeno é bem mais comum do que as pessoas imaginam. O refluxo acontece em qualquer fluxo de água, como explica o comandante do Corpo de Bombeiros de Cachoeiro de Itapemirim, Herbert Carvalho.

“O refluxo é um comportamento comum em qualquer fluxo de água. Imagino o curso de água indo reto e encontrando uma barreira. Uma parte da água vai contornar para a direita, outra parte para a esquerda e outra parte para baixo. Se a parte de baixo for rasa, aquele fluxo vai naturalmente encontrar o fundo, mas se o fundo for profundo, ele gira um redemoinho para baixo. Como um moinho para baixo, tipo um liquidificador. Parte vai desviar para esquerda e direita, mas vem mais água e o redemoinho continua, porque tem o movimento da água o tempo inteiro”, explicou Herbert.

felippe gussao afogado castelo
Atleta desaparecido Felippe Gussão. (Reprodução/Redes Sociais)

Ainda segundo o comandante, o que torna o refluxo perigoso é a profundidade do fundo e a velocidade da correnteza. A força do refluxo está totalmente ligada à força da correnteza e ao volume de água e o fundo. Em um córrego, por exemplo, o fenômeno acontece da mesma forma, mas de forma bem fraca. O local onde o refluxo é mais intenso e perigoso, é em foz de rio.

“Esse fenômeno ocorre 100% do tempo que a água está descendo a corredeira abaixo. Se tiver raso, ninguém nem percebe, mas se vier de uma cachoeira, é mais forte. Porque ela vem, cai, gera uma energia cinética muito forte pra baixo e, dependendo da fundura, se reflete lá embaixo e desenvolve o movimento de redemoinho”, disse.

Equipe de mergulhadores realizam buscas. (Corpo de Bombeiros)

ARMADILHA

O que o comandante destaca é que o refluxo não é visto da superfície e isso pode ser uma armadilha. “Por isso que 90% das pessoas que morrem em água, é em água doce, porque o que está embaixo não está em cima. Todo mundo vê em cima, tudo calminho ou não vê onda batendo, acha que embaixo está do mesmo jeito, mas não está", alerta. 

Local onde atleta de jiu-jitsu desapareceu após mergulhar no dia 21 de abril
Cachoeira do Bambuzal em Castelo/ES. (Divulgação/Sesp)

O banhista deve ficar atento, porque quando o refluxo é forte, acaba segurando a pessoa embaixo, levando ao óbito. “O refluxo pode jogar a pessoa lá pra baixo e ela colidir com alguma coisa, ficar desnorteada e ficar embolado tempo suficiente para se afogar. E dependendo da força, ela pode até se prender lá por baixo. Para sair do refluxo é sorte, não tem o que fazer. É muito perigoso”, falou Herbert.

RISCO PARA OS BOMBEIROS

Sobre o trabalho dos Bombeiros em locais com refluxo, o comandante explicou que é complexo e que existe risco para o profissional. “O mergulhador não consegue trabalhar num refluxo forte porque ele fica ali a mercê daquela energia, girando. Não consegue se manter totalmente imóvel e perde a direção. Não consegue fazer a varredura no trecho que queria", destaca. 

CAUTELA É A MELHOR DICA

Outra característica do refluxo é que ele não é fixo. Pode aparecer ou sumir com o passar do tempo. “Hoje pode estar perigoso e amanhã pode estar tranquilo. Uma enxurrada, por exemplo, pode aumentar ou diminuir o fundo de uma corredeira. Se ela trouxer areia e aterrar o fundo, vai diminuir. Se for o contrário, pode varrer o fundo e aumentar a profundidade. Entrar com cautela é a melhor orientação. A orientação da água no umbigo é a melhor para todo mundo”, disse o comandante.

Felippe Gussão desapareceu na última segunda-feira (12), após mergulhar em uma cachoeira, em Castelo
Bombeiros fazem buscas por atleta desaparecido em cachoeira em Castelo. (Corpo de Bombeiros)

BUSCAS POR ATLETA

Na manhã desta quinta-feira (15), as buscas por Felippe Gussão continuam de forma superficial. De acordo com o protocolo do Corpo de Bombeiros, este é o último dia previsto de buscas. No início da tarde desta quinta, militares do Corpo de Bombeiros e tripulantes do Núcleo de Operações e Transportes Aéreo (Notaer), com apoio do helicóptero Harpia, dão continuidade às buscas.

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Felippe Gussão desapareceu na última segunda-feira (12), após mergulhar em uma cachoeira, em Castelo
Notaer faz buscas por atleta desaparecido em cachoeira em Castelo. (Corpo de Bombeiros)

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