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Por que MPF quer suspensão do uso da água do Rio Doce em Colatina?

Por que MPF quer suspensão do uso da água do Rio Doce em Colatina?

Entre os pontos apresentados estão resultados de laudos que mostram a contaminação da água e o risco à saúde da população

Publicado em 19 de julho de 2023 às 12:28

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No início de julho o Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Justiça Federal em Belo Horizonte (MG) a concessão de tutela de urgência para suspensão da captação da água do Rio Doce a fim de garantir a adoção de medidas que resguardem a saúde da população de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo. A cidade está localizada na Bacia do Rio Doce, que teve as águas contaminadas por rejeitos após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015.

  • POR QUÊ?

  • Laudos registraram a presença de metais pesados na água como mercúrio, arsênio, manganês, chumbo, cádmio, cobre, vanádio e alumínio, em quantidades superiores aos padrões de segurança estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e pela Portaria 2.914/2011, do Ministério da Saúde.

  • Perícia realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), demonstra a contaminação da água que abastece a cidade de Colatina. A poluição foi comprovada a partir de elementos associados diretamente ao derramamento de rejeitos, como: o aumento expressivo da turbidez da água, a alta concentração de cianeto livre e o volume de chumbo total.

  • MPF ressaltou ainda que "a conduta da Samarco não somente poluiu de maneira intensa e perene o Rio Doce, como agravou de forma altamente relevante outros impactos já existentes, perpetuando-os". Isso porque, segundo o laudo pericial, para tratamento e limpeza da água, a empresa forneceu ao Serviço Colatinense de Saneamento (Sanear) produtos coagulantes e floculantes, em especial, o Tanfloc SG, que acabou por implicar novo risco à saúde humana.

  • O Tanfloc SG é um coagulante auxiliar utilizado no tratamento de águas em geral e de efluentes industriais. O uso do produto químico teria sido sugerido e fornecido pela Samarco para municípios afetados pelo desastre. De acordo com o laudo, nas Estações de Tratamento de Água de Colatina, a dosagem utilizada do Tanfloc não cumpriu o previsto na norma ABNT NBR 15.784/2014, “em quadro de incalculável perigo”. Segundo os peritos, o produto pode causar perda de peso e neoplasias, sendo classificado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer como: carcinogênico, tumorigênico e teratogênico.

  • AS SOLICITAÇÕES DO MPF

  • Que a Justiça obrigue o Sanear a interromper a distribuição de água fora dos padrões de potabilidade definidos pelo Conama e pelo Ministério da Saúde.

  • Conclusão e implantação dos projetos de captação alternativa ao Rio Doce, suficientes para o abastecimento do município com água não contaminada bem como a adequação de todas as estações de tratamento a fim de assegurar condições operacionais efetivas e seguras para o cuidado com a água. 

  • Que a União e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) cumpram obrigação de fiscalizar devidamente a qualidade da água e os serviços prestados pelo Sanear em Colatina. 

  • Que a Prefeitura de Colatina, com aporte financeiro da empresa Samarco, adote medidas de acompanhamento da saúde da população, visando a detecção precoce e a prevenção de doenças relacionadas à exposição e ao consumo da água contaminada.

  • O QUE DIZEM SAMARCO, SANEAR E RENOVA

  • A Samarco informou que "presta os devidos esclarecimentos nos autos do processo". 

  • Já o Serviço Colatinense de Saneamento de Colatina (Sanear) disse que "a captação e o tratamento da água são monitorados por equipe técnica que realiza exames mensais sobre a qualidade da água na bacia do Rio Doce, e a situação da água após o tratamento realizado pelo Sanear". O órgão disse ainda que os resultados são acompanhados pela Vigilância Sanitária e regulados pela ANA (Agência Nacional de Águas). Os dados também são divulgados para os moradores da cidade no Portal da Transparência do município. 

  • A Fundação Renova, que administra as ações de recuperação do rio, disse que não vai comentar o caso porque a ação está em discussão na Justiça. 

  • A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Colatina sobre o assunto, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

    Com informações do g1ES

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