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Morador de rua pede ajuda, é ignorado e mulher morre afogada na Curva da Jurema

Morador de rua pede ajuda, é ignorado e mulher morre afogada na Curva da Jurema

Vítima chegou a ser vista pelo sem-teto quando estava se afogando. Ele tentou alertar as pessoas que estavam no local, no entanto só foi ouvido por um guarda-vidas, mas já era tarde

Publicado em 29 de março de 2022 às 12:52- Atualizado há 2 anos

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Homem em situação de rua ficou desolado após a confirmação da morte da mulher
Homem em situação de rua ficou desolado após a confirmação da morte da mulher. (Oliveira Alves)

Uma mulher morreu afogada no mar da Curva da Jurema, em Vitória, na manhã desta terça-feira (29). A vítima chegou a ser vista por um morador de rua enquanto se afogava. Ele tentou chamar a atenção de pessoas que estavam em uma canoa havaiana, e também  da Polícia Militar, mas não foi ouvido.

O corpo da mulher foi encaminhado ao Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, mas ainda não foi identificada, já que estava sem documentos e apenas com o cartão GVBus.

A repórter Juirana Nobres, da TV Gazeta, esteve na Curva da Jurema nesta terça-feira e conversou com o homem em situação de rua. Sem gravar entrevista, ele disse que, ao ver a mulher se afogando, pediu ajuda à polícia e às pessoas que estavam em uma canoa havaiana, mas só foi ouvido por um guarda-vidas. A mulher, porém, morreu na água.

"Ele chamou algumas pessoas da canoagem, ninguém deu atenção a ele. Aí ele foi na Polícia Militar aqui da Curva da Jurema, também ninguém deu atenção. Quando eu passei, observei isso, talvez por ser morador de rua. Eu perguntei e ele falou 'vem cá, vou te mostrar' e saiu correndo. Eu nem estava uniformizado ainda. Tiramos, mas, pelo tempo, ela veio a óbito", disse o guarda-vidas Calisbento de Jesus.

Após a publicação desta matéria, o grupo de canoagem Base Jurema entrou em contato com a reportagem parar se manifestar sobre o ocorrido. Segundo Isabella Sadovsky, proprietária da base, as pessoas que estavam no barco não entenderam o que estava acontecendo, já que não estavam com as embarcações atracadas próximo à areia.

"Estávamos em transição de aula, das 6h para a das 7h, no meio do mar. Ouvimos uma gritaria, mas acaba que isso é normal na região, então não entendemos. Quando nos aproximamos, percebemos que havia algo que parecia um corpo boiando. A pessoa que pedia atenção na areia, nem pensamos era alguém em situação de rua. Ele (o homem) estava como qualquer outro banhista, então com certeza não houve nenhum preconceito e relação a ele", disse.

A representante do grupo de canoagem Base Jurema disse que, quando o grupo se aproximou da areia e viu o corpo na água, imediatamente acionou a polícia. "Apesar de dizerem que a pessoa estava se afogando, não tinha movimento. Ela estava boiando, aparentemente já morta. A polícia disse que não havia muito a ser feito, que teríamos que ligar para o 190. Quando voltamos, já haviam retirado a senhora da água e iniciado o procedimento de salvamento. Juntou mais gente e a ambulância foi chamada. Percebemos que a mulher deveria estar morta há algum tempo, com boca roxa. Havia engolido muita água e a barriga estava inchada", finalizou.

O QUE DIZ A PM

Em nota, a Polícia Militar informou apenas que a ocorrência foi atendida pelo Corpo de Bombeiros e que apenas prestou apoio no local.

O QUE DIZ O CORPO DE BOMBEIROS

Os Bombeiros, por sua vez, afirmaram que foram acionados na manhã desta terça-feira para um afogamento na Curva da Jurema. Segundo a corporação, o militar que coordena a equipe de guarda-vidas que atua no local estava no posto, quando ouviu populares gritando por socorro e entrou no mar para ajudar a socorrer uma mulher que havia se afogado.

"Ela foi colocada na areia e o sargento iniciou o procedimento de tentativa de reanimação de imediato, até a chegada de uma ambulância do Samu. A equipe médica atestou o óbito da banhista e a Polícia Civil foi acionada", disse a corporação.

O Serviço de Salvamento Marítimo de Vitória (Salvamar) da Prefeitura da Capital comunicou que um guarda-vidas que estava chegando para assumir o turno viu um homem pedindo ajuda na Curva da Jurema. Ao chegar ao local, conforme o Salvamar, o profissional constatou que havia uma mulher desacordada, boiando na beira do mar, cerca de cinco metros de distância da areia.

O órgão argumentou que foram realizados procedimentos para reanimação, mas sem sucesso, até a chegada de uma ambulância do Samu.

Errata Atualização
29 de março de 2022 às 17:30

Após a publicação desta matéria, uma representante da equipe de canoagem Base Jurema, que praticava atividades no mar na região da Curva da Jurema na manhã desta terça-feira (28), entrou em contato com A Gazeta para falar a versão do grupo sobre o ocorrido. O texto foi atualizado.

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