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Empresário cai de cavalo, morre e família disponibiliza órgãos no ES

Empresário cai de cavalo, morre e família disponibiliza órgãos no ES

Péricles Junior, de 31 anos, ficou internado por cerca de quatro dias, mas teve a morte cerebral constatada nesta quarta (22); acidente ocorreu durante uma cavalgada na Barra do Jucu

Publicado em 24 de novembro de 2023 às 06:42

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Péricles Junior, de 31 anos, morreu após cair do cavalo em Vila Velha
Péricles Junior, de 31 anos, morreu por complicações decorrentes ao cair de um cavalo. (Reprodução | Instagram)
Maria Fernanda Conti
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Em menos de uma semana, a vida da família do empresário Péricles Junior, de 31 anos, virou de cabeça para baixo. O homem caiu de um cavalo na última sexta-feira (17) e, dias depois, teve a morte cerebral confirmada. Mesmo em um momento de dor, a doação dos órgãos dele foi autorizada e deve contemplar pessoas na fila de transplante.

Segundo a tia do empresário, Nilce Marques, tudo aconteceu durante uma cavalgada noturna em Vila Velha, onde morava com os pais e o irmão. Péricles cavalgava no animal por volta das 2 horas da madrugada, quando sofrendo uma queda. Quem estava presente no local não soube dizer como, de fato, ocorreu o acidente, mas há a desconfiança de que ele possa ter batido a cabeça contra um meio-fio ou no joelho do cavalo. 

"Na hora, ele só reclamou de dor de cabeça. Os amigos falaram para chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas disse que não precisava. Todo mundo viu que o Péricles não tinha cortes, nenhum machucado visível. Ele só repetia que estava com dor e que queria ir logo para casa, para dormir na cama dele", contou.

Alguns minutos depois, o empresário quis ir embora, e os amigos chamaram um motorista de aplicativo para levá-lo até onde tinha deixado o próprio carro. De lá, Péricles disse que iria para casa, no bairro Novo México, o que não ocorreu. A cavalgada, popularmente conhecida como "revoada", aconteceu na Barra do Jucu.

Péricles Junior, de 31 anos, morreu após cair do cavalo em Vila Velha
Péricles Junior morava com os pais e o irmão em Novo México, Vila Velha. (Reprodução | Instagram)

"Já perto de casa, a uns cinco minutos de distância, ele estacionou o carro em uma das ruas da região e ali ficou. Isso já eram 3h. Meu cunhado [pai do empresário] que achou o Péricles, por volta das 10h. Estava muito quente, e ele dentro do carro, fechado, caído para o lado do carona. Já o colocaram na calçada e o molharam, porque estava completamente ensopado [de suor]", detalhou Nilce.

Imagens de uma casa da região filmaram o momento em que Péricles estacionou o veículo durante a madrugada. É possível ver que ele abre a porta várias vezes para vomitar, até que fecha e não abre mais. A partir disso, só é encontrado quase sete horas depois.

Mobilização da família

Por sempre estar em contato com a família, logo os parentes desconfiaram que havia algo de errado – sobretudo por Péricles ter possivelmente dormido fora de casa, sem avisar. Nas primeiras horas de sábado (18), houve uma intensa mobilização para que ele fosse encontrado. O empresário foi socorrido ainda com vida para o Hospital São Lucas, em Vitória.

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A ficha ainda não caiu. Parece que foi tudo um pesadelo; que vamos acordar, e que nada vai ter acontecido

Nilce Marques
Tia de Péricles
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"Descobriram que ele teve traumatismo craniano. Também apresentou hemorragia e, como ficou muito tempo caído no carro, deve ter sofrido uma pressão em um dos lados da cabeça. Os médicos afirmaram que ele ainda teve duas costelas quebradas", disse Nilce.

Morte e doação

Após diferentes exames, a morte cerebral do empresário foi constatada na quarta-feira (22). O velório deve ocorrer nesta sexta-feira (24) em Vila Velha, no Centro Comunitário de Vila Nova, e o enterro no cemitério de Santo Antônio, na Capital capixaba. 

"Era um menino muito bom, de família e de Deus. Ia de casa para o trabalho, e do trabalho para casa. Carregava um sorriso lindo por onde passava", lamentou a tia. 

A família autorizou a doação dos órgãos do empresário e aguardava, ainda nesta quinta-feira (23), a finalização de todos os procedimentos.

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Minha irmã [mãe de Péricles] e meu cunhado decidiram que ele irá viver outras vidas, dando a oportunidade para quem também precisa. Isso nos conforta um pouco

Nilce Marques
Tia de Péricles
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O que diz a Sesa

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para obter mais informações sobre a doação. A pasta enviou nota informando que "a coordenação da Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo (CET-ES) esclarece que após a confirmação de morte encefálica do paciente internado e validação desse diagnóstico por uma equipe especializada, esse paciente é classificado como doador em potencial e a família é informada sobre a possibilidade de doação dos órgãos".

Ainda segundo a Sesa, após a entrevista familiar, a CET-ES é informada pelo hospital da permissão desta família para a doação de órgãos e tecidos e se inicia a avaliação da história clínica, os antecedentes médicos e os exames laboratoriais.

"A viabilidade dos órgãos é avaliada, bem como a compatibilidade com prováveis receptores e a sorologia para afastar doenças infecciosas. Após esse processo, a CET-ES emite uma lista de receptores inscritos compatíveis com o doador. A central, então, informa à equipe de transplante o nome do paciente receptor, as condições do órgão e aguarda a avaliação da equipe transplantadora sobre a possibilidade de transplante", seguiu, na nota.

No caso de Péricles, segundo a Sesa, foram captados os dois rins e o fígado, transplantados em pacientes do Espírito Santo. O corpo do doador já foi liberado para a família. Segundo a secretaria, mais informações sobre transplantes de órgãos no Espírito Santo podem ser obtidas no site da pasta (clique aqui).

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