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Publicado em 21 de março de 2022 às 12:09
A Ucrânia é, há quase um mês, o epicentro do noticiário internacional devido aos ataques militares que o país diariamente é submetido pela vizinha Rússia. Milhares de ucranianos diariamente buscam refúgio em outros países e deixam as áreas bombardeadas. Porém, a ex-república soviética é o destino de um casal capixaba, que embarca para a capital Kiev no próximo dia 26 (sábado). >
Pode soar ilógico rumar para uma área de perigo constante, com zonas de conflitos e com dificuldades de acesso a tudo, porém a capital ucraniana representa uma nova vida para a professora Priscila e o engenheiro marítimo João Paulo Bogucki, moradores de Vitória. >
No último sábado (19), nasceu o filho deles, João Levi, que foi gestado em uma barriga de aluguel - a Ucrânia é um país com leis facilitadoras para casais que buscam pela gestação de substituição (termo usado para barriga de aluguel), proibida no Brasil, exceto em casos em que a barriga de aluguel seja de uma mulher com parentesco consanguíneo até o quarto grau.>
Há anos tentando engravidar, Priscila e João Paulo viram no país europeu uma oportunidade além das que tentavam para ter o primeiro filho. Em março do ano passado, eles foram para Kiev, conheceram uma clínica que realiza o serviço e logo iniciaram os procedimentos. De lá para cá, muita coisa mudou e a situação se agravou na Ucrânia, mas nada que diminuísse o sonho de anos pela maternidade.>
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"Nós passamos por várias fertilizações in vitro no Brasil que não deram certo, então fomos para lá há cerca de um ano e nos encantamos pelo país. Muito bonito, com pessoas trabalhadoras e fomos muito bem recebidos. Em pouco tempo, a clínica que contratamos fez a implantação. A mulher engravidou, teve uma boa gestação e agora no dia 19 nasceu nosso anjo João Levi. Ele está sendo muito bem tratado em um berçário da maternidade, onde iremos buscá-lo muito em breve", contou João Paulo, que trabalha embarcado em uma plataforma.>
Para chegarem até lá, João Paulo e Priscila precisarão seguir até a Polônia, para dali entrarem na Ucrânia. Devido às condições e restrições por conta da guerra, eles devem seguir de trem ou em comboio até Kiev, onde buscarão o bebê. Até o parto, a gestante do filho do casal permaneceu junto de outras grávidas em um bunker (construção protegida de bombas) no subsolo da capital ucraniana sob monitoramento dos médicos. >
"Teremos de fazer uma logística diferente até chegar lá (Kiev). Nossa previsão é entrar por Lviv - cidade próxima à fronteira com a Polônia - com o suporte da embaixada brasileira, que está nos ajudando muito e também outros casais que passam pela mesma situação. Lógico que ficamos apreensivos por tudo que atravessa a Ucrânia devido à guerra, mas apesar de tudo, as coisas estão correndo bem e estamos em um momento muito feliz. O nosso sonho de anos está lá. Logo traremos nosso filho aqui para Vitória", contou João Paulo.>
"Quando a guerra aconteceu, ela (a gestante) já estava em Kiev, na reta final da gravidez. Não dava para sair de lá", afirmou Priscila em entrevista à Folha de São Paulo. "E sair de Kiev com um recém-nascido é muita responsabilidade, na clínica disseram que não podem entregar para qualquer pessoa, só para os pais", complementou ela. >
A expectativa do casal capixaba é retornar o mais rápido possível ao Brasil assim que estiverem com o filho nos braços. O Itamaraty informou à Folha de São Paulo já ter auxiliado cinco famílias brasileiras a saírem da Ucrânia com bebês recém-nascidos e que outras duas deverão fazer o mesmo até o fim de março - entre elas João Paulo e Priscila.>
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, foram flexibilizados alguns requisitos para o registro de nascimento e a emissão de documentos de viagem aos recém-nascidos, "em caráter excepcional dada a gravidade da situação" na Ucrânia.>
Com informações da Folha de São Paulo>
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