Publicado em 8 de agosto de 2020 às 15:02
Com um círculo de amizades em que pelo menos 14 pessoas, no Brasil e no exterior, morreram em decorrência da Covid-19, o professor em MBA e palestrante Sidemberg Rodrigues, 58 anos, tinha plena noção da gravidade da doença e os protocolos de saúde sempre fizeram parte da rotina da família. Entretanto, mesmo com todos os cuidados, ele, a mulher e os dois filhos foram infectados pelo coronavírus. >
Cada membro da família reagiu de maneira distinta à Covid-19, com sintomas de maior ou menor intensidade, e diferentes níveis de comprometimento de seu quadro geral de saúde. Cláudia, a esposa do professor, foi quem sofreu os maiores impactos da doença, inclusive com um episódio de fraqueza, que resultou em queda, corte e sete pontos na cabeça.>
Para Sidemberg, ainda que na família ninguém tenha evoluído com gravidade a ponto de precisar de internação, a recuperação de todos é um milagre. >
"Penso que sim, na medida em que atrasamos na busca de ajuda e, mesmo perdendo prazo, conseguimos recuperar. Essa doença é muito traiçoeira e cada pessoa responde diferente ao tratamento. Todos que se livram dela devem agradecer, já que ninguém sabe quem se salvará", valoriza.>
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O atraso a que se refere Sidemberg é que, apesar dos sintomas, a família apenas foi atrás de assistência após o resultado do exame dar positivo. A conduta nada tem a ver com displicência, mas, ao contrário, uma resposta a uma orientação recorrente de que as pessoas somente devem buscar uma unidade de saúde na hipótese de uma síndrome respiratória grave, ou tratamento caso tenham diagnóstico da doença. >
Sidemberg Rodrigues
Professor e palestranteNa opinião de Sidemberg, o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença nos cuidados e recuperação do paciente. Embora, no caso da sua família, a confirmação do contágio tenha se dado já numa segunda etapa da evolução da doença, o fato de todos terem conseguido se restabelecer sem maiores complicações é celebrado.>
"Tudo, para mim, é um milagre. Meus filhos tiveram sintomas leves. Comigo, os sintomas foram moderados, apesar de ser hipertenso e sedentário. Contrariei tudo que é estatística. Minha esposa, mesmo com sintomas mais fortes, não precisou ser internada", aponta.>
Com longa trajetória profissional em uma multinacional, Sidemberg estabeleceu relacionamentos em várias países, de onde também veio boa parte de suas perdas frente à Covid-19. Questionado sobre as mortes, o agora professor avalia que, sobretudo no exterior, seus amigos não deram a devida importância para a doença, e mantiveram hábitos como frequentar pubs e restaurantes. Máscara também não fazia parte do vestuário quando saíam às ruas. >
"Esta é uma doença que mais precisa de autorresponsabilidade. As pessoas que morreram, saíram, foram almoçar fora, não usaram máscara, minimizaram a gravidade da doença que, em estágio inicial, é mais simples de tratar. Muita gente pensa que 'não bebo, não fumo, vou passar por isso tranquilo'. Mas é preciso ter seriedade, procurar ajuda, seguir o tratamento até o fim. Não dá para saber quem vai evoluir com gravidade. Na minha casa, com cada um foi de um jeito", observa.>
Sidemberg diz que, com o resultado positivo, ele ficou mais rigoroso dentro de casa, tanto para que todos cumprissem o tratamento médico indicado, quanto para as medidas de higienização dos ambientes. "Perdi muita gente, e o medo que eu estava era tão grande, com quatro infectados de uma vez em casa, que praticamente adotei um regime militar. Só quero morrer de causa natural", finaliza. >
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