Publicado em 14 de julho de 2022 às 17:20
O número de adolescentes que usam camisinha durante as relações sexuais diminuiu em todo o Brasil nos últimos 10 anos, segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quarta-feira (13). Em Vitória, em 2019, 46% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental afirmaram que se protegiam, enquanto esse percentual era de 65,6% em 2009.>
Apesar de preocupante, a situação do Espírito Santo ainda é uma das melhores do país. Entre as 27 capitais analisadas, Maceió́ e Vitória foram as que apresentaram as menores chances de os estudantes apresentarem esse tipo de comportamento. Os municípios que ocupam o topo do ranking são Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC) e Manaus (AM).>
O levantamento também aponta que cresceu o número de adolescentes com a vida sexual ativa em Vitória, sobretudo aqueles entre 13 e 15 anos. Em 2009, 22,3% dos alunos escutados já tinham tido relações sexuais. Dez anos depois, esse valor já era de 27,3%, representando um aumento de quase 23% no período.>
A ginecologista e obstetra Anna Bimbato explica que a falta do uso da camisinha, aliada à vida sexual cada vez mais precoce, já têm refletido nos consultórios. O principal motivo, de acordo com ela, seria o alto índice de adolescentes com doenças sexualmente transmissíveis (DST).>
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"As pessoas deixaram de ter medo das infecções sexuais, principalmente os jovens. Hoje, acham que todas as doenças sexualmente transmissíveis têm tratamento, mas não é bem assim. Eles não viram como a AIDS matou nos anos 1980", destaca. >
Ela detalha que uma das doenças que mais tem disparado no país é a sífilis, que, se não tratada corretamente, pode levar à morte. Os sintomas variam, mas os mais frequentes costumam ser feridas nos órgãos genitais, irritações na pele, entre outros. >
"Existem inclusive algumas doenças que são assintomáticas. Quem tem clamídia, por exemplo, não apresenta sintomas, mas é um quadro que pode levar à infertilidade. A pessoa fica sem saber o que tem e quando decide ter um filho, não consegue", exemplifica e médica. >
Outro problema ocasionado pela falta do uso da camisinha é a gravidez na adolescência. A internet contribui para o agravo desse quadro, segundo afirma Bimbato. >
Anna Bimbato
Ginecologista e obstetraConforme mostra a pesquisa do IBGE a taxa de iniciação sexual das meninas, entre 2009 e 2019, aumentou de 14,1% para 22,7%. >
Para minimizar os riscos, a ginecologista orienta um maior diálogo entre as famílias e um esforço redobrado das entidades de saúde e educação para conscientizar os adolescentes sobre a importância do preservativo. >
"Esse assunto deveria ser abordado especialmente dentro de casa, porque as crianças sabem das coisas cada vez mais cedo e os pais ficam receosos em conversar. Além disso, a nossa educação sexual nas escolas, nas unidades de saúde, precisa ser reforçada. O jovem não tem consciência das consequências que isso traz para a vida dele. Eles procuram ajuda no Google, nas redes sociais, o que não é bom. A partir do momento que decidir ter uma vida sexual ativa, deve ser acompanhado de perto por profissionais".>
Quanto a educação em sala de aula sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, o estudo do IBGE mostra que a quantidade de alunos que recebeu esse tipo de orientação aumentou. Em 2009, o percentual de adolescentes de Vitória que informaram tal aspecto foi de 84,9% e, em 2019, de aproximadamente 90,6%. >
Ainda de acordo com a pesquisa, houve um aumento expressivo em relação ao uso de álcool e de outras drogas durante a adolescência. Em 2019, cerca de 60,5% alunos do 9º ano do ensino fundamental da Capital Capixaba já haviam experimentado alguma bebida alcóolica. >
Sobre o consumo de drogas ilícitas, o estudo revelou que teve um crescimento de 7,9% para 16,6% ao longo da década. Além disso, 20% desses estudantes capixabas já fumaram cigarro alguma vez na vida.>
Em relação à precocidade da exposição, ou seja, aqueles alunos do 9º ano que usaram droga pela primeira vez com 13 anos ou menos, houve crescimento de mais de 110%, sendo de 3,3% em 2009 e de 7,1% em 2019.>
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