Publicado em 9 de dezembro de 2019 às 06:00
O dólar fechou o mês de novembro em alta, com recorde nominal de cotação chegando a R$ 4,27 durante o pregão do último dia 26. Diante da supervalorização, exportadores capixabas estão otimistas com o balanço financeiro deste ano e de olho no faturamento de 2020. >
Considerada a capital estadual do agronegócio, o município de Linhares, na região Norte do Espírito Santo, se evidencia na exportação de vários produtos, com destaque para o mamão. Quem atua nesse setor explica que as mudanças na moeda norte-americana beneficiam a classe, mas nem sempre são sinônimo de maior lucratividade.>
Bruno Pessoti
Diretor da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex)Segundo Pessoti, a valorização da moeda estrangeira é uma oportunidade para quem quer começar a exportar a produção. A alta do dólar não deixa de ser um atrativo para as empresas iniciarem a comercialização internacional. O papaya é uma fruta exótica e temos muito a crescer no mercado mundial. Com o programa de exportação, as empresas conseguem manter o mesmo preço paras os produtores o ano todo, não tendo as oscilações do mercado interno, explica.>
Neste ano, segundo ele, a fruta foi bem valorizada no mercado brasileiro, com um dos maiores preços nas últimas duas décadas. O ano de 2019 será razoável, pois no primeiro semestre tivemos 90 dias de preços muito altos no mercado interno, pra te falar a verdade, o maior nos últimos 20 anos, afirma.>
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Emerson Adami, diretor da Doce Fruit, exporta a fruta para os Estados Unidos e a Europa. Para ele, o aumento na moeda é vantajoso, já que as vendas fechadas há 60 dias serão recebidas no valor da cotação atual. Olhando rapidamente, a balança comercial vai fechar o que a gente exportou há cerca de dois meses, que é mais ou menos o prazo que estamos vendendo lá fora. No entanto, daqui a dois meses não sabemos como vai estar a moeda, ressalta.>
O processo de compra e venda dos produtos, segundo ele, é longo e depende exclusivamente da qualidade da safra. Entretanto, o preço do mercado interno oscila durante o ano e acaba interferindo na cotação internacional. O preço do produto depende muito do mercado interno. Muitas vezes pegamos a fruta com um preço superior que resulta em prejuízo para a gente exportar. Porém, quando o mamão está mais acessível, se torna melhor para vender no exterior, reforça.>
Neste ano, serão mais de 2 milhões de quilos da fruta vendidos no exterior apenas pela empresa do Emerson. Segundo ele, a expectativa para 2020 é boa, mas há incertezas. A expectativa para 2020 é boa, ainda mais com essa tendência de alta no dólar, mas para o mercado interno é sempre uma incógnita, a gente nunca sabe como vai ser.>
Se os exportadores conseguem lucrar mais com o aumento da moeda norte-americana, a valorização é boa também para os produtores locais. São eles os responsáveis pela produção e qualidade da fruta que será vendida no exterior.>
Paulo Roberto Bruneli é produtor de mamão e compartilha os benefícios de vender para as exportadoras. A vantagem para nós é que eles (os exportadores) já lançam um preço muito melhor do que vendemos aqui. Eles nos dão uma garantia de preço mínimo que é bem acima do valor pago no mercado interno, comenta.>
Com o programa de exportação, as empresas conseguem manter o mesmo preço para os produtores o ano todo, não tendo as oscilações do mercado interno, reforça o exportador Bruno Pessoti.>
De acordo com dados do Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, de janeiro a novembro de 2019 o Espírito Santo movimentou mais de US$ 8 bilhões em exportações de diversos produtos. Um aumento de 2,7% em comparação com o mesmo período do ano passado. Apenas com a exportação de mamão, foram US$ 18 milhões.>
A economista e consultora financeira Melissa Modeneze explica que, para entender o sobe e desce do dólar e como ele influencia as exportações, é preciso analisar vários fatores. Com o dólar alto, ganha mais quem recebe pagamentos em dólar, e perde quem tem custos a pagar na moeda americana. Para os exportadores capixabas é muito interessante que a alta do dólar seja mais prolongada para que o aumento renda mais negócios e mais produtos vendidos no exterior. Neste cenário, os produtos brasileiros ficam extremamente competitivos no mercado exterior, visto que a mercadoria chega em custo/dólar menor, proporcionando uma demanda interessante ao produtos brasileiros, esclarece.>
No entanto, segundo a economista, o aumento é bom para um lado, mas não tão vantajoso para outro. Para os exportadores capixabas que possuem insumos cotados em dólar, é preciso avaliar tecnicamente o preço do produto final para que a lucratividade seja a realmente desejada. Já para o mercado interno, alguns produtos de consumo que são impactados pela alta do dólar tendem a aumentar, tais como combustível, trigo, eletrônicos, alguns itens da cesta de Natal, entre outros, ressalta.>
Para 2020, Melissa reforça que será necessário maior cautela, principalmente por conta dos cenários incertos no exterior. Conforme as projeções do Banco Central, a previsão é o dólar ficar a cerca de R$ 4,00, porém, vale aguardarmos alguns cenários se concretizarem na política internacional, tais como as eleições nos EUA, mercado europeu e investimentos prometidos ao Brasil, conclui. >
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