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Letícia Spiller pede desculpas a Dani Calabresa: 'Não apoiei assédio'

Letícia Spiller pede desculpas a Dani Calabresa: "Não apoiei assédio"

Spiller chamou o ex-diretor e ator da Globo Marcius Melhem, acusado de assédio sexual e moral, de "mártir" e também opinou que ele tem um "bom coração"

Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 09:27

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A atriz Letícia Spiller
A atriz Letícia Spiller. (Globo/Raquel Cunha)

A atriz Letícia Spiller, 47, pediu desculpas ao público em geral e especialmente à atriz Dani Calabresa, 39, por causa de comentários feitos por ela em uma entrevista a respeito de Marcius Melhem. No bate-papo, ela chamou Melhem, acusado de assédio sexual, de "mártir" e disse que ele tinha bom coração.

"Em nenhum momento da minha vida eu apoiei ou apoiaria alguém que cometa atos de assédio, de abuso. E, na dúvida, o meu instinto me leva a acreditar na palavra da vítima, logo de cara. Especialmente se for uma mulher", começou.

Na sequência, pediu desculpas. "Jamais atacaria Dani Calabresa. Jamais colocaria em dúvida os seus relatos, o que ela passou. Se, por algum momento, deixei essa impressão, preciso me desculpar. Desculpas ao público que me acompanha, aos meus colegas de trabalhos, às mulheres, às pessoas que passaram por casos de abuso ou assédio. Desculpas à Dani e a todos os envolvidos neste caso."

Mais precisamente sobre o comentário dela com relação a sua proximidade com Marcius Melhem, deixou claro que o conheceu na adolescência e que se referia a ele pelo que lembrava do passado.

"Não temos contato há anos. Assim como muitas pessoas ficaram chocadas com esses relatos, porque são de revirar o estômago, eu também fiquei. E eu espero que todos tenham ficado também, porque são situações de muito sofrimento para as vítimas."

Spiller chamou o ex-diretor e ator da Globo Marcius Melhem, acusado de assédio sexual e moral, de "mártir" e também opinou que ele tem um "bom coração". Ela ainda diz saber de outros casos similares de diretores assediadores.

Durante entrevista ao canal de YouTube Programa Reclame, disse que conheceu Melhem e que ele nunca pareceu ser uma pessoa agressiva. "É uma pessoa muito querida. É duro receber uma notícia assim de uma pessoa querida, de bom coração. Mas acho que as mulheres têm de ter coragem para falar. Esse tipo de coisa não pode existir", opinou.

Na sequência, deu detalhes sobre outros casos dos quais ficou sabendo. "Já ouvi outros casos de assédio de diretores que abusam do poder para assediar uma jovem atriz. Teve vários casos não só o Marcius. O Marcius está virando o mártir da situação, mas tiveram muito outros casos na empresa", comentou ela que começou no teatro ao lado de Marcius Melhem.

DISPUTA JUDICIAL

Após a divulgação da reportagem, Melhem anunciou que tomaria medidas judiciais contra Dani Calabresa, pedindo que ela confirme ou desminta relatos de assédio que teria sofrido. Ele também anunciou que entrou com uma ação da Justiça contra a advogada Mayra Cotta, que representa as mulheres e testemunhas que o acusam de assédio, para que ela prove as denúncias.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Roberto Cabrini, veiculada na edição do último dia 6 do Domingo Espetacular (Record), Cotta rebateu o ator e diretor. "Eu acho lamentável que uma advogada, representando vítimas de assédio sexual, seja também colocada na posição de vítima, diante de uma ameaça desse tipo. Acho perigoso que a função de advogada esteja sendo ameaçada desse jeito", afirmou ela.

O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, considerou inadmissível que Melhem tente intimidar a advogada. "É inadmissível que o acusado tente intimidar a advogada da outra parte. A advogada tem a prerrogativa de representar e falar pelas clientes. Darei ciência à Comissão de Prerrogativas para que todo apoio seja dado à advogada", disse em nota enviada ao F5.

Nesta terça-feira (8), a defesa de Melhem se manifestou explicando o motivo da abertura do processo. Em nota, a advogada Ana Carolina Piovesana diz que "a decisão de Marcius Melhem de judicializar a denúncia feita pela imprensa (sem processo) contra ele é a demonstração clara do seu respeito às pessoas envolvidas e ao Estado Democrático de Direito". A advogada diz ainda que "judicializar o debate é exercer o direito de defesa, consagrado na Constituição Federal".

ASSÉDIO

A colunista Monica Bergamo, da Folha, foi a primeira a expor a extensão das acusações contra o humorista, por meio de uma entrevista com a advogada Mayra Cotta, publicada no dia 24 de outubro. Na sexta-feira (4), reportagem da revista piauí revelou detalhes sobre dois assédios sofridos por Dani Calabresa que causaram comoção de internautas e artistas. Na época dos fatos, Marcius Melhem atuava como diretor humorístico da emissora. Segundo testemunhas e colegas de Calabresa, as situações aconteceram em 2017.

Uma das denúncias revela que Marcius Melhem tentou beijar Calabresa à força, além de agarrá-la contra a sua vontade e de exibir suas partes íntimas durante uma festa da equipe do Zorra, no Rio de Janeiro. Ele também pediu para que a artista "calasse sua boca" sobre a situação.

Calabresa denunciou o fato à chefe de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA), Monica Albuquerque, após deixar o elenco do Zorra. De acordo com a piauí, a primeira decisão em relação ao fato foi recomendar uma terapia ao acusado, sem nenhuma advertência. Na sequência, o caso também foi levado para Carlos Henrique Schroder, diretor-executivo de Criação e Produção de Conteúdo da Globo.

Ainda segundo a publicação, Schroder pediu que uma investigação fosse realizada e novos casos contra Melhem apareceram. Ao menos três atrizes manifestaram incômodo ao contracenar com o ator e diretor, citando situações em que ele roçava o pênis nelas.

No dia 5 de dezembro, em entrevista ao UOL, Marcius Melhem disse que demorou um ano para falar porque antes de tudo queria "entender que tudo que aconteceu e está acontecendo comigo, aconteceu a partir dos meus erros."

"Hoje eu entendo que tive comportamentos, atitudes, que não cabem mais. Entendo que fui, como homem, e é muito doloroso para mim dizer isso aqui porque me expõe, expõe minha família mais do que já estão expostas, minha ex-mulher, minhas filhas, mas estou aqui por uma questão de dignidade. Já não é uma questão de culpado, inocente, não ser ouvido, condenado, é uma questão de dignidade", diz.

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