Publicado em 17 de setembro de 2019 às 14:35
A Bienal do Livro do Rio de Janeiro terminou neste domingo, 8, com menos público, mais venda e uma forte reação de autores e editores contra vontade de Crivella de barrar venda de Vingadores - A Cruzada das Crianças e outras obras.>
A mostra reuniu, entre os dias 30 de agosto e 8 de setembro, 600 mil pessoas no Riocentro. Se por um lado o número de visitantes vem diminuindo nos últimos anos - foram 680 mil em 2017 e 677 mil em 2015 - a venda de livros foi comemorada por editores e organizadores. Estima-se que tenham sido vendidos 4 milhões de exemplares, dos 5,5 milhões disponíveis, na Bienal.>
O sábado (7) foi o dia mais cheio, quando a Bienal registrou 100 mil visitantes. Era feriado, mas foi também o dia em que o youtuber Felipe Neto distribuiu cerca de 14 mil livros LGBT - numa resposta à polêmica iniciada na quinta-feira, 5, quando o prefeito Marcelo Crivella emitiu uma notificação exigindo que a Bienal protegesse as edições da HQ Vingadores - A Cruzada das Crianças, que trazia um casal gay; foram determinadas ainda as inspeções dos fiscais da Prefeitura, que foram à feira em busca de "conteúdo impróprio".>
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Também em resposta à tentativa de recolher ou esconder os livros com o que o prefeito chamou de "conteúdo impróprio", as editoras apresentaram seus livros LGBT com mais destaque nos últimos dias da feira, quando os visitantes também se manifestaram dentro do pavilhão.>
Na coletiva de encerramento, escritores divulgaram um manifesto contra "as insistentes tentativas de censura", no qual defendiam que o ataque de Crivella não era direcionado à Bienal do Livro, mas aos brasileiros. "Não precisamos ter quem determine o que podemos ler, pensar, escrever, falar ou como devemos nos relacionar", diz o manifesto assinado, até domingo, por cerca de 70 autores.>
DESEMPENHO>
Foi uma boa Bienal para a Planeta, que registrou aumento de 73% no faturamento, em comparação à edição passada. A Companhia das Letras, de 30%. Já a Intrínseca, que teve crescimento nulo em 2017, cresceu 18% agora - e obras como Boy Erased, sobre a "cura gay", esgotaram no estande.>
Dos 15.438 exemplares vendidos pela Faro, 2.796 tinham a temática LGBTQI. Muitos deles esgotaram, como Homem de Lata, de Sarah Winman; 1+1: A Matemática do Amor, O Garoto Quase Atropelado e Feitos de Sol, os três de Vinicius Grossos; e Rumo ao Sul, de Silas House.>
O crescimento de venda geral nos estandes das editoras se justifica, também, porque a Livraria Saraiva, às voltas com sua crise e em recuperação judicial, não foi à Bienal este ano e o público foi procurar os livros nas próprias editoras.>
Em 10 dias de feira, mais de 300 autores nacionais e estrangeiros, incluindo artistas, acadêmicos, filósofos, cientistas, lideranças religiosas e de movimentos sociais, ativistas e youtubers se revezaram pelos palcos da Bienal - sem contar a programação feita pelas editoras em seus estandes.>
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