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Crítica: Novo 'O Rei Leão' é lindo, mas sem alma

Crítica: Novo "O Rei Leão" é lindo, mas sem alma

Filme do diretor Jon Favreau impressiona pela qualidade técnica, mas perde o charme e o carisma do filme original

Publicado em 12 de julho de 2019 às 23:19

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"O Rei Leão" versão 2019. (Disney/Divulgação)

“O Rei Leão” (1994) é um daqueles clássicos geracionais que marcaram a vida de crianças e adolescentes na época de seu lançamento e até mesmo muito depois, naquela famosa fita VHS verde que tanto ocupou os videocassetes familiares por anos. A trama shakespeariana que envolve Simba, Mufasa, Scar, Timão, Pumba e vários outros personagens foi a primeira animação da Disney criada a partir de uma história original e lançou canções que até hoje habitam o imaginário popular – como a vencedora do Oscar “Can You Feel de Love Tonight”, de Elton John, e “Hakuna Matata”, que no Brasil virou “Hatuna Matata” devido à sonoridade de uma certa sílaba.

Um clássico atemporal e intocável... Bem, pelo menos era. A internet foi à loucura com a divulgação do trailer do “live action” de “O Rei Leão” em 2018. Com qualidade de animação impressionante e comandado pelo bom Jon Favreau, que já havia feito algo parecido com “Mogli – O Menino Lobo”, o filme logo se tornou um dos mais esperados de 2019, sucesso garantido na temporada de verão dos EUA.

"O Rei Leão" versão 2019. (Disney/Divulgação)

Com pré-estreia na quarta-feira (17) em sessões à meia-noite, e estreia em circuito comercial no dia seguinte, o novo “O Rei Leão” é um filme difícil de ser analisado. A história continua funcionando bem, mas as comparações com o filme original são inevitáveis e, de certa forma, cruéis.

REALISMO

Visualmente o filme é um espetáculo. Criados com animação em 3D, os animais são incrivelmente te reais e o grande destaque do filme. Mas o maior atrativo do filme também se torna seu calcanhar de Aquiles.

Há uma diferença grande no carisma dos personagens, mas a culpa não é dos excelentes atores que emprestam as vozes ao novo filme (Donald Glover, James Earl Jones, Seth Rogen, entre outros) – a sensação de ver, por exemplo, um suricate e um javali em diálogos divertidos e cantorias é no mínimo diferente. Sem expressões humanas ou os exageros faciais da animação em 2D, o novo “Rei Leão” às vezes parece um documentário da Net Geo uma matéria especial do “Fantástico” com animais falantes.

"O Rei Leão" versão 2019. (Disney/Divulgação)

Essa característica afeta a construção dos personagens como o vilão Scar. Enquanto no filme original os movimentos e os olhares do personagem davam a ele shakespearianos contornos perigosos e traiçoeiros, no filme de Jon Favreau ele parece apenas um leão cansado. A pergunta que fica é: como dar personalidade ao visual de um animal real?

A tecnologia resulta na perda de charme dos animais, mas o cenário construído digitalmente impressiona. O filme transporta o espectador para as savanas africanas e suas cores como se o público estivesse dentro de um documentário.

A fidelidade do diretor não se dá somente ao mundo real, mas também ao filme original. Ao invés de fazer uso de licenças poéticas e adaptar o texto a um novo tempo, Jon Favreau se atém ao roteiro do filme de 94 – algumas cenas são recriadas quadro a quadro, mas outras ganham versões “extendidas” para ocupar os 30 minutos adicionais que o novo filme possui.

MAS E AÍ?

Como a Disney deve ter imaginado, o público que deve lotar as salas de cinema mundo afora deve ser formado por adultos em busca de nostalgia e que provavelmente tentarão empurrar o filme goela abaixo de seus filhos. A tecnologia é de cair o queixo, mas cobra seu preço e o visual realista do filme pode afastar e até assustar algumas crianças. A história, é claro, continua boa e emocionante, mas a simplicidade e a ingenuidade do original fazem falta.

Mesmo com todas as críticas feitas ao filme, vale ressaltar que “O Rei Leão” passa longe de ser um ruim, ele apenas não consegue se igualar ao clássico original.

NOTA: 6,5

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