Publicado em 19 de agosto de 2020 às 16:34
A polêmica em torno do Centro Cultural Carmélia acabou trazendo à tona discussões sobre a utilização de outros espaços públicos parecidos para fins culturais nas últimas semanas, como é o caso de um casarão abandonado em Jesus de Nazareth, comunidade da Capital. O imóvel, construído na década de 50, é da Prefeitura de Vitória, mas há anos está sem ser ocupado e acabou, atualmente, virando depósito para ambulantes e alguns comerciantes, que também mantém o lugar em pé. >
A comunidade espera um final diferente da demolição: a construção de um espaço cultural. Segundo a PMV, o desejo não é impossível de ser realizado e dá sinais para tal acontecimento.>
Em imagens às que a reportagem teve acesso, é possível ver a construção antiga em avançado estado de degradação. Já sem telhado e com estrutura aparentemente comprometida, a casa fica em uma região de uma espécie de parque e estacionamento da comunidade de Jesus de Nazareth. Um dos que mostra o local como ponto turístico é o guia Fernando Martins, do projeto Tour no Morro. >
Ele, que realiza passeios turísticos pela região, conta que por diversas vezes viu a comunidade precisar de um local que concentrasse a cultura que os próprios moradores do morro produzem. O guia já realizou trabalhos de arte com artistas de Jesus de Nazareth e usa, improvisadamente, um cômodo de uma casa como ateliê. >
>
"Já levei mais de mil visitantes para o morro desde 2014 para turismo. Os turistas reclamam de não ter uma loja de artesanato local e há muito tempo vemos a necessidade de criar um polo de cultura, gastronomia e turismo na região. Transformando o casarão nesse centro, os próprios moradores podem alimentar o local com oficinas, exposições... Ali dá para reformar e, além de tudo, ainda manter um prédio histórico vivo", opina. >
Fernanda Pereira, diretora do Instituto Mão na Massa, projeto social com mais de 20 anos de atuação e história no bairro, concorda: "Temos uma comunidade tradicional da pesca. A ideia é a gente resgatar toda a história de dentro da comunidade. E esse casarão soma em todos os sentidos. Mostrar artesanato, culinária... Dentro desse espaço cabe tudo. Tudo o que a gente sempre sonhou para a comunidade". >
Segundo ela, a prefeitura já estudou até fazer uma escola no local, mas nenhum projeto foi desenvolvido por lá. O mesmo diz o guia de turismo, que destaca que a última operação que o espaço recebeu foi de um supermercado. "Era o depósito desse mercado. Antes já foi chefatura de polícia, também. Mas está há muito tempo abandonado. Hoje, alguns ambulantes e comerciantes usam o lugar para guardar carrinhos e coisas do tipo. Se não fosse isso, (o casarão) já teria caído", acredita. >
Fernando identifica que o terreno que abriga o imóvel está ao lado de um pequeno condomínio e mini espaço comercial. Além disso, uma espécie de estacionamento também está instalado nas imediações. >
Procurada, a Secretaria de Gestão, Planejamento e Comunicação de Vitória (Seges) respondeu, por meio de nota, "que o imóvel pertence à Prefeitura de Vitória. Informa, ainda, que está dialogando com a comunidade sobre a realização de um projeto no local que contemple praça, área de lazer e centro cultural". >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta