De sexta (20) a domingo (22), o Teatro da Ufes será transformado numa grande sala de aula comandada por Cristiane Torloni. Na ocasião, a atriz dará novamente vida a Maria Callas, lendária cantora de ópera greco-americana, ministrando uma série de aulas no espetáculo "Master Class", que obteve três grandes temporadas de sucesso no país.
Apesar de interpretar a personagem desde 2015 - quando iniciou a primeira temporada do espetáculo em São Paulo -, continua sendo um aprendizado para Torloni representar a diva no período em que estava afastada dos palcos, ministrando aulas na tradicional escola de música de Nova York, a Julliard School.
"Viver Maria Callas é um desafio. Interpretar uma personalidade é sempre um risco maior, porque as pessoas podem ir lá conferir (risos). Quando se faz um personagem que vem da sua imaginação a própria Joana DArc, por exemplo, que, apesar de ser um personagem da Idade Média, com muito registro da passagem dela para o bem ou para o mal, é um personagem que te desafia", destaca a atriz, em entrevista ao Divirta-se.
E este desafio é visto no palco a medida que Callas repreende seus alunos, da mesma maneira que encoraja o grupo a seguir e perseguir seus sonhos. O texto mistura biografia e ficção e traça a interação da cantora com os alunos, trazendo ainda os problemas da vida pessoal de Callas, que inclui seu relacionamento com o célebre bilionário, o armador grego Aristóteles Onassis, e a perda de alcance vocal.
"Mas o texto de Callas é tão atual, ela foi uma mulher tão à frente de seu tempo em alguns aspectos, que precisei de mais de 40 anos de carreira para vivê-la! Venho me preparando há 44 anos. Cada espetáculo é um resumo de tudo aquilo que você viveu antes e ele vai testar se você fez ou não o seu dever de casa. Eu tenho o privilégio de estar de novo encontrando o José Possi, que é meu grande provocador. Recentemente tivemos um ensaio técnico e parecia que era a primeira montagem", completa Torloni, mostrando admiração pela personagem.
A própria atriz destaca que, para o espetáculo ser completo, a participação do elenco premiado foi primordial. "É uma alegria e um privilégio, estou acompanhada de artistas magníficos. A nossa sintonia é surpreendente. No palco, são todos protagonistas. Para mim, é uma bênção estar tão bem acompanhada. Eu fico emocionada todos os dias vendo as meninas cantarem. É um trabalho que exige uma precisão danada, que vai além da dança. Tenho uma preparadora física, assim como os outros cantores".
Todos os elogios não são para tanto. O elenco é composto por Julianne Daud, que tem no currículo espetáculos como "O Beijo da Mulher Aranha", "Joanna de Flandres" e "New York, New York - O Musical"; Raquel Paulin, com "Mamma Mia!", "Shrek", "Mudança de Hábito" e "Rent"; o tenor Jessé Scarpellini, com "Os Miseráveis", "Whicked", "O Homem de la Mancha", entre outros. O ator e pianista Rafael Marão, o tenor Rodrigo Filgueiras e Laura Duarte completam a turma de "Master Class".
ADAPTAÇÃO
O espetáculo foi apresentado pela primeira vez em 1995, na Broadway. Sua primeira temporada resultou em 598 apresentações e colecionou prêmios como o Desk Drama Award de 'Melhor Espetáculo da Broadway', além de três prêmios Tony Award (o Oscar do teatro americano): 'Melhor Atriz' (para Zoe Caldwell), 'Melhor Atriz Coadjuvante' (para AudraMcDonald) e o cobiçado prêmio de 'Melhor Espetáculo da Broadway'.
A adaptação nacional, mesmo com cortes em relação à obra original, também obteve êxito desde 2015 e ganhou prêmios como o Aplauso Brasil, o Quem, o Arte Qualidade Brasil e o aclamado Shell. "Houve algumas adaptações para a versão brasileira. Foram feitos cortes no texto, que era longo. O cenário da peça é diferente da montagem americana. Esse é um espetáculo que me pede ainda mais disciplina, rigor e dedicação. Estamos saindo na nossa terceira turnê e estamos nos apresentando em 12 cidades. Tem que ser uma atleta da arte em todos os sentidos para viver isso que a gente está vivendo agora. Tem que ter muita força física", esclarece Torloni sobre o esforço em interpretar Callas.
Mas para a Christiane, tudo vale a pena pois acaba recebendo lições para a vida: "Ela continua me ensinando. A maneira como ela entendeu as personagens dela... O olhar era como o de um pintor, que te faz olhar o mundo de outra maneira. Principalmente no que diz respeito às heroínas, ela é um guru, uma mestra, uma inspiração. Ela fala isso no texto: 'Essa é a minha interpretação. Não é a de Shakespeare. Não é a de Verdi. É a de Callas'", interrompe a atriz que termina a entrevista se rendendo a elogios para a diva da ópera.
"Ela não era só uma intérprete. Era uma grande musicista, tocava piano muito bem. Ela entendia tanto de música quanto os maestros que a regiam. E por isso ela pôde desfrutar deles e eles dela como ninguém. Ela não era só uma cantora interessada em cantar notas. E tinha uma questão, talvez seja o que mais me inspire, é que ela não tinha uma relação com alguém que a desafiasse. Era Callas que desafiava Callas. Isso é uma outra maneira de ver tudo. A maioria das pessoas tem o desafio de fora para dentro. Ela não, vinha de dentro dela".
(Com informações de Gustavo Cheluje)
SERVIÇO
Master Class com Christiane Torloni e elenco
Onde: Teatro da Ufes (Av. Fernando Ferrari, s/n, Goiabeiras, Vitória)
Quando: 20, 21 e 22 de setembro de 2019 (sexta, sábado e domingo), às 21h (sexta e sábado) e às 18h (domingo)
Ingressos: R$ 100 (inteira); R$ 50 (meia-entrada) - Vendas por meio do Tudus.com.br ou na bilheteria do local
Informações: (27) 3376-0933
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta