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Nia DaCosta e Jordan Peele falam como foi criar a tensão em "A Lenda de Candyman"

Nia DaCosta e Jordan Peele falam como foi criar a tensão em "A Lenda de Candyman"

Longa estreia nesta quinta-feira (26), trazendo de volta a lenda urbana que assombrou os EUA nos anos 1980 e 1990

Publicado em 26 de agosto de 2021 às 10:07

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  • Jânio Nazareth

    É jornalista, direto de Los Angeles (Twitter @janionazareth)

Nia DaCosta, uma revelação de 31 anos e com apenas um longa-metragem no currículo, dirige e também é co-roteirista de "A Lenda de Candyman", que chega aos cinemas nesta quinta-feira (26). O longa dá continuação aos eventos do filme original lançado há 29 anos - "O Mistério de Candyman" (1992). Um dos roteiristas e produtores é o cineasta Jordan Peele, criador do sucesso "Corra!".

A história volta ao bairro Cabrini Green, em Chicago, 10 anos depois da demolição do último edifício do conjunto habitacional. O lugar hoje é habitado pela classe média alta.

Um pintor e a namorada, diretora de uma galeria de arte, se mudam para um apartamento de luxo. Com a carreira em decadência, ele conhece um morador antigo do lugar e a história dos crimes que aconteceram há vários anos no local. Os assassinatos são a inspiração que ele buscava para rescussitar o trabalho, mas abrem uma porta para a assustadora realidade do Candyman.

Nia conta que, quando criança, já ouvia as histórias do Candyman, muito antes do primeiro filme ser lançado. "Candyman era uma lenda urbana, quando eu estava crescendo. Não era, necessariamente, ligada a um filme. Era muito presente", conta a diretora.

"Eu frequentei a escola perto dos conjuntos habitacionais populares. Eu morava do outro lado da rua dos conjuntos habitacionais. Para nós, o Candyman estava logo ali na esquina", continua ela.

"A primeira vez que eu assisti (o filme), estava no primário. Mas isso foi depois de conviver com a ideia de um demônio, um fantasma, matando gente nos conjuntos habitacionais. Acho que a primeira vez que vi o filme, foi assustador, como é para a maioria das pessoas. Mas eu já tinha uma ideia na minha cabeça. Então, foi como ligar uma coisa à outra. Ah, este é o Candyman. Agora, eu entendo!", observa Nia DaCosta.

Jordan Peele revela que o primeiro filme foi uma grande influência na sua carreira. "O Candyman original é um dos meus favoritos. É um filme que me influenciou muito, principalmente, porque acho que saiu em 1992. Eu tinha 13 anos. Eu era fã de filmes de terror", conta o roteirista. Abaixo você confere o trailer original do primeiro filme.

"Não tínhamos um Freddy negro (A Hora do Pesadelo). Não tínhamos um Jason negro (Sexta-feira 13). Adorávamos o Freddy e o Jason, mas quando saiu o Candyman, foi muito ousado, muito catártico. E foi assustador. Esse foi um dos filme que me disse que pessoas negras podem estar em filmes de terror, mesmo que existissem muitos exemplos de pessoas negras em filmes de terror. Este, para mim, foi muito fera", diz ele.

Nia DaCosta explica que Candyman é uma alusão à violência que vivemos nos dias atuais. "A estória do Candyman é duradoura, por isso é emocionante conta-la em qualquer época. Desde a origem da própria estória , no contexto do primeiro filme, nos anos, 80, 90, até agora, estamos falando sobre o ciclo de violência e como a história se repete".

O colega , Jordan Peele, explica o paralelo entre os dois filmes e o ciclo da violência. "No filme original, a Helen, interpretada de forma magistral pela Virginia Madsen, é um peixe fora d'água no conjunto habitacional Cabrini Green. O foco está no medo dela e, consequentemente, no medo da audiência deste espaço. Agora, Cabrini Green foi demolido, valorizado. A história que me atrai mais, agora, é o meu medo do espaço", conta o cineasta

"O Candyman é uma figura eterna. O que nós fizemos com esta versão foi procurar fazer a conexão com esta epidemia de violência contra corpos negros neste país. E o Candyman não é singular, ele é um conceito, uma história, é o bicho-papão. Isto significa que ele está além dos limites do tempo. Ele é eterno", observa o produtor.

A diretora revela que o filme trouxe um desafio divertido de resolver. "Como você mantém a tensão, quando você diz Candyman pela quinta vez e sabe que as pessoas que disseram isso vão morrer? Como você prolonga isso, como você faz isto ser excitante toda vez que acontece? E também: como você faz uma pessoa dizer Candyman cinco vezes de forma interessante toda vez que acontece no filme? Então, foi divertido imaginar maneiras diferentes de fazer isso, cenários diferentes, pessoas diferentes que passam por isso, maneiras diferentes de dizer Candyman cinco vezes", conta ela.

CARREIRA EM ASCENSÃO

Nascida em Nova Iorque, Nia DaCosta também estreia no clube das super-produções de Hollywood neste ano. A cineasta já está filmando "The Marvels", a continuação do filme Capitã Marvel, sendo a pessoa mais jovem a dirigir um filme da franquia e também a primeira mulher negra na direção de um filme do estúdio conhecido pelos super-heróis em quadrinhos.

"A Lenda de Candyman" é apenas o segundo longa-metragem da diretora. Ela chamou a atenção dos grandes produtores ao ganhar o prêmio Nora Ephron, no renomado Festival de Filme Tribeca, em Nova Iorque ao dirigir e escrever o roteiro do filme de suspense policial "Little Woods".

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