Publicado em 23 de dezembro de 2019 às 12:13
Os primeiros minutos de "Frozen: Uma Aventura Congelante", lançado em 2013, parecem anunciar um conto de fadas como outro qualquer. Ali está uma jovem princesa, Anna, num reino distante chamado Arendelle. Charmosa e desastrada, ela conhece o príncipe Hans, e os dois se apaixonavam, num número musical devidamente coreografado.>
Até que pedem à irmã mais velha de Anna, a rainha Elsa, permissão para que se casem. Elsa encara a caçula incrédula. "Você não pode ser casar com um homem que acabou de conhecer", diz. A sensatez da frase não só arruína os sonhos de Anna, como põe em xeque os filmes de princesa que fizeram a fama da Disney. E prenuncia o tom da narrativa, em que o tal pretendente se revela o vilão da trama e as donzelas prescindem de um herói para salvar o dia.>
A embalagem de século 21 para uma fórmula clássica funcionou. "Frozen" foi o filme mais visto de 2013, faturando US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 3 bilhões, em valores da época).>
E continuou a gerar frutos, entre eles dois curtas, área em parque temático, um musical da Broadway e mais de três milhões de fantasias infantis vendidas nos Estados Unidos só no ano de estreia.>
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Mesmo assim, uma sequência só entrou nos planos do estúdio quando os diretores, Chris Buck e Jennifer Lee, sentiram que havia uma nova história para contar, afirma o produtor Peter Del Vecho à reportagem. No caso, a resposta a uma pergunta que a equipe ouviu à exaustão: de onde vêm os poderes de gelo de Elsa?>
Com estreia no país no dia 2 de janeiro e tendo acumulado mais de US$ 1 bilhão de bilheteria (cerca de R$ 4 bilhões) um mês depois de seu lançamento, "Frozen 2" substitui o cenário glacial do primeiro filme por folhagens avermelhadas, inspiradas em paisagens de Noruega, Islândia e Dinamarca.>
Nele, a rainha gelada começa a ouvir vozes às vésperas das festividades de outono em Arendelle. Ao segui-las, no entanto --cantando "Into the Unknown", aposta de um novo "Let It Go"-- desperta espíritos ancestrais, que forçam a população local a fugir.>
A solução é Anna e Elsa descobrirem a verdade sobre o passado do reino. É assim que as irmãs acabam se embrenhando na floresta encantada, enfrentando a bruma impenetrável ao lado de seus fiéis amigos, Kristoff, a rena Sven e Olaf, boneco de neve que passa por uma crise existencial.>
Lá dentro, descobrem ainda mais seres mágicos, como uma salamandra fofinha e ogros gigantescos, além de uma comunidade nativa inspirada nos lapões, etnia que vive na Noruega, na Suécia, na Finlândia e no norte da Rússia cujos representantes serviram de consultores para a trama. Além de indígenas, "Frozen 2" inclui um personagem negro.>
O que continua igual neste "Frozen" é o estado civil de Elsa, a despeito dos pedidos para que ela ganhasse uma namorada. Na internet, não faltou quem encontrasse paralelos entre a letra de "Let It Go" (por aqui "Livre Estou"), que rima "eu saí pra não voltar" e "não me importa o que vão falar", e o sair do armário.>
A solteirice da personagem tem a ver com a própria gênese de "Frozen", explica o diretor Chris Buck. "Quando fiz o primeiro filme, queria explorar a ideia de que o amor verdadeiro toma muitas formas, não é necessariamente romântico. Daí esse amor familiar, entre duas irmãs", diz.>
Além disso, acrescenta Del Vecchio, a rainha já tem problemas o suficiente na narrativa. "Ela carrega o mundo nas costas. Personagens míticos como Elsa costumam se deparar com um destino trágico, mas felizmente, por causa da irmã, ela transforma isso num feliz para sempre.">
É possível que numa próxima versão eles atendam ao desejo do público, então? Del Veccho desconversa. "Passamos os últimos quatro anos e meio na produção desse segundo filme", diz. "Mas acho que as pessoas querem tanto que ela seja lésbica porque todo mundo consegue se identificar com a Anna e a Elsa.">
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