A fiscalização frouxa, quando ao menos existe, tem implicações diretas na violência no trânsito. Basta analisar o crescimento expressivo da quantidade de mortes de motociclistas no interior do Estado: não é coincidência que a imprudência seja mais comum onde falta controle rigoroso. A conscientização ainda depende da ameaça de punição aos maus comportamentos ou se torna inócua.
Reportagem deste jornal, na segunda-feira, apontou o aumento de 48% no número de motociclistas que perderam a vida fora da Grande Vitória nos últimos dois anos. Nas cidades menores, a ausência de serviços de transporte sistematizados é implacável, o que faz do veículo de duas rodas a alternativa mais viável de mobilidade, em tempos de crise econômica.
O problema é que a direção sem habilitação é uma prática culturalmente aceita, justamente pela histórica falta de fiscalização mais rigorosa. Tanto que até menores de idade fazem uso das motocicletas com uma frequência inaceitável. O uso de equipamentos de proteção obrigatórios, então, é inexistente, uma ficção. Tudo é permitido longe dos olhos da lei. No interior, eles costumam estar sempre fechados.
Não dá para deixar correndo solto. Ao se exigir uma maior presença de agentes fiscalizadores, sabe-se que nem sempre será possível uma cobertura expressiva em todos os municípios e, principalmente, em suas zonas rurais. Mas já é hora de se estabelecer algum tipo de estratégia de controle, com blitze esporádicas e outras ações que imponham a presença do poder público, demonstrando aos infratores que as regras não são uma fantasia e devem ser cumpridas.
Os acidentes com moto tendem a ser dramáticos, deixando marcas indeléveis naqueles que escapam da morte, com sequelas físicas e emocionais. Para cada seguro pago em caso de morte de motociclista, outros dez são pagos a pessoas que tiveram invalidez permanente. Os dados são da Seguradora Líder, administradora do seguro DPVAT, que cobre danos pessoais.
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No Brasil, ainda não se pode abrir mão da rédea curta na legislação de trânsito. O governo Bolsonaro deu investidas recentes contra o que chama de “indústria da multa”, um populismo que não cabe em um setor ainda tão distante da civilidade. A irresponsabilidade mata e precisa de freios legais. As cidades menores não podem continuar se equilibrando à margem da lei.
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