Golpes na internet: só informação pode conter a epidemia de oportunismo

Para se proteger, valem medidas análogas às que estão sendo preconizadas para conter a Covid-19: evitar o contato com links de mensagens suspeitas é o equivalente ao conselho de lavar as mãos e se isolar socialmente

Publicado em 06/04/2020 às 06h00
Atualizado em 06/04/2020 às 06h00
Whatsapp
No WhatsApp, é preciso desconfiar de mensagens que prometem vantagens e milagres também durante a pandemia. Crédito: Pixabay

Não é só o novo coronavírus que tem sido nocivo durante a pandemia. Enquanto o inimigo invisível se alastra pelo mundo, um outro adversário se propaga nos subterrâneos da internet e se aproveita do medo para atacar, disfarçado de soluções milagrosas ou propostas muito vantajosas. E também explorando o momento em que se acentuam as necessidades dos mais pobres. Golpes e fraudes têm se proliferado no ambiente virtual como uma epidemia de oportunismo. Para se proteger, valem medidas análogas às que estão sendo preconizadas para conter a doença: evitar o contato com links de mensagens suspeitas é o equivalente ao conselho de lavar as mãos e se isolar socialmente. 

No Espírito Santo, até o titular da Delegacia de Crimes Cibernéticos foi alvo da bandidagem digital. Pelo WhatsApp, o delegado Breno Andrade recebeu uma proposta de um bônus extra de internet. Em tempos de quarentena, uma isca das mais atraentes para as pessoas que precisam ficar em casa. A mensagem, sem foto, vinha de um telefone com DDD do próprio Estado, e afirmava que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estaria oferecendo o acréscimo, sendo que essa não é nem mesmo uma atribuição do órgão regulador. "Identifiquei que era uma mensagem com fim de estelionato e obviamente não cliquei", disse o delegado, que deu início às investigações para identificar os criminosos.

Enquanto tantas famílias se veem desamparadas com o avanço do coronavírus e a retração da economia, uma das abordagens mais desumanas desses golpes é a que usa possíveis auxílios estatais como chamariz, aproveitando-se do desespero das pessoas. Com o anúncio do governo federal e da Caixa Econômica Federal de que um voucher de R$ 200 começaria a ser distribuído a trabalhadores informais, imediatamente começaram a pipocar no WhatsApp mensagens falsas sobre o benefício, com links maliciosos, com os quais é possível roubar dados pessoais e financeiros do usuário.

Posteriormente, com a aprovação do auxílio de R$ 600 pelo Congresso e a sanção do Planalto, mais armadilhas se disseminaram, o que reforça a importância de agilidade na divulgação de medidas de distribuição desses recursos.

Reportagem do jornal O Globo mostrou que em apenas dez dias, mais de um milhão de usuários acessaram links relacionados a esse tipo de golpe, segundo informação da empresa de segurança digital PSafe. O cardápio tende a ser variado, com ofertas de máscaras e álcool em gel e serviços de streaming. É preciso, portanto, estar sempre atento a novas modalidades, que se aproveitam das demandas que passam a ter mais destaque.

A cautela do usuário é a única arma contra esses aproveitadores que não poupam nossas grandes tragédias. Tanto que até a cura da Covid-19 já está sendo comercializada abertamente na internet. Nos Estados Unidos, um ator que participou de "Homem de Ferro 2" foi preso justamente por comercializar no Instagram pílulas falsas que prometiam a cura da doença. Keith Middlebrook, que também é fisiculturista, acabou preso pelo FBI.

É preciso desconfiar de tudo. E, principalmente, manter-se informado, com notícias de fontes confiáveis. Só assim é possível saber que ainda não há remédio com eficiência comprovada pelos cientistas contra a Covid-19. Ou saber que governantes ainda não iniciaram a distribuição de benefícios. Com informação, apura-se o faro contra essas artimanhas. Quanto menos incautos, menos espaços para esses golpes.

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