Publicado em 20 de novembro de 2020 às 19:34
O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, afirmou nesta sexta-feira (20) que entraram no cardápio de opções do governo para reduzir o endividamento as operações feitas com reservas do Banco Central. >
Segundo ele, o governo pretende reduzir a relação entre DBGG (dívida bruta do governo geral) e PIB (Produto Interno Bruto) em 2021. Para isso, são consideradas tanto devoluções antecipadas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à União como operações com ativos da autoridade monetária.>
"Esses são itens que entram no nosso cardápio de ações", afirmou, logo após citar as vendas de reservas feitas em 2019 pelo BC e as devoluções do BNDES. A declaração foi dada durante entrevista sobre o relatório bimestral de receitas e despesas.>
Ele citou que, em 2019, as duas medidas fizeram o governo reduzir o nível de endividamento, mesmo quando as expectativas do mercado não apontavam a retração. "Fizemos em 2019 [redução do endividamento] e iremos fazer, dadas as intenções, em 2021", disse.>
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Ele ressaltou, no entanto, que a medida seria decidida pelo BC. "Quem se pronuncia sobre vendas de ativos é a autoridade monetária. Uma vez que o BC decida tomar suas ações, há impacto positivo sobre o montante da dívida bruta", afirmou.>
Na véspera, o ministro Paulo Guedes (Economia) já havia comentado a venda de reservas. Ao falar sobre a necessidade de baixar a dívida pública do Brasil em relação ao PIB, Guedes listou medidas. Entre as ações, disse que é possível "até vender um pouco de reservas".>
Segundo ele, ter uma reserva de US$ 400 bilhões ou US$ 500 bilhões é necessário quando o real está sobrevalorizado, o que não estaria ocorrendo atualmente. Hoje, as reservas internacionais do Brasil estão próximas a US$ 350 bilhões.>
Técnicos do governo ouvidos pela reportagem ressaltam que vender reserva reduz o endividamento bruto, mas não ajuda na principal preocupação atual, que é trajetória de crescimento contínuo da dívida pública federal e os vencimentos de curto prazo da dívida pública.>
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já disse que a venda das reservas não faria diferença para a percepção de investidores sobre o risco do país porque eles já consideram esse tipo de ativo nas contas sobre o endividamento público brasileiro.>
"Quando os investidores falam disso, eles consideram a reserva. Então do ponto de vista de percepção do risco, não faz diferença", afirmou Campos Neto em junho.>
As declarações de Waldery foram dadas nesta sexta-feira (20) durante entrevista sobe o relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas. A previsão de rombo nas contas públicas caiu R$ 36 bilhões em relação à expectativa anterior, para déficit de R$ 844,5 bilhões.>
A previsão anterior, feita há menos de um mês (por meio do balanço das ações da Covid-19), era de rombo de R$ 880,5 bilhões.>
Em relação ao relatório bimestral anterior, a diferença foi de R$ 16,4 bilhões. A melhora foi proporcionada, nas receitas, por um aumento de R$ 16,5 bilhões. Segundo o Ministério, o crescimento na expectativa de arrecadação é devido à retomada da economia.>
Nas despesas, houve um corte de R$ 11,7 bilhões. O principal efeito foi uma diminuição nos recursos demandados pelo Bolsa Família, de R$ 10,9 bilhões, devido à inserção dos beneficiados em outro programa no período, o auxílio emergencial.>
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