Publicado em 22 de abril de 2018 às 23:59
Agora você tem o dobro de internet. Mas esse plano é muito melhor que o anterior. Permite ligações ilimitadas. Senhor, o seu pacote não existe mais.>
Muitos consumidores têm escutado das operadoras frases como essas para tentar justificar mudanças unilaterais nos planos pós-pago e controle.>
Sem que o cliente tenha pedido ou aceitado, as teles têm alterado os contratos, deixando as contas mais caras. A maioria das pessoas só percebe que algo está errado meses depois.>
Esse tipo de situação há alguns anos era raridade, mas tem se tornado prática no setor de telecomunicações. Para fugir da responsabilidade de pagar por algo que não quis, a saída dos usuários para tentar reverter as cobranças a mais é procurar os órgãos de defesa do consumidor.>
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É o caso do pedreiro Antonio Carlos Renock, 47 anos. Ele tinha um plano de R$ 29,90 que permitia fazer ligações interurbanas para números da mesma operadora de forma ilimitada. O serviço de uma hora para outra não só mudou, não permitindo mais essas chamadas, como também ficou mais caro, passou para R$ 61.>
Ele só conseguiu resolver o problema com ajuda do Procon da Serra. Eu tentava ligar, conversar, mas a operadora não fazia qualquer alteração. Quando fui no Procon, na quarta-feira (passada), a empresa disse que iria voltar com as chamadas ilimitadas e barateou o plano, deixando em R$ 44,90. Se a situação não melhorar, vou cancelar a linha.>
Nos três primeiros meses do ano, 144 consumidores registraram queixas contra as operadoras no Consumidor.gov e na Anatel para relatar a troca de plano sem aviso-prévio. No ano passado, foram 920 reclamações contra 879 em 2016, um aumento de 4,66% na quantidade de denúncias relacionadas a esse tipo de abuso.>
Na visão do gerente de atendimento do Procon Estadual, André Marques, as teles conseguem identificar os clientes que não monitoram muito bem as suas contas e trocam o plano sem aval do usuário apostando nessa distração.>
Quando o consumidor se dá conta de que está pagando mais caro pelo serviço, as empresas tentam convencer o cliente que é um bom negócio permanecer com esse novo pacote. Podemos ver essa mudança forçada como uma cobrança indevida, explica.>
Outras atitudes que têm se tornado comuns entre as operadoras é o encerramento de um plano. A descontinuidade é permitida pela Anatel, no entanto, consumidores relatam que em menos de um ano o plano chega ao fim. A empresa pode cancelar o plano, mas precisa comunicar 30 dias antes para o consumidor ter prazo para escolher se quer rescindir o contrato ou se quer novo plano. Acredito que, em alguns casos, as empresas maqueiam a descontinuidade com a intenção de oferecer outro plano para o cliente, acrescenta Marques.>
DIREITOS>
Mudança de plano sem o consumidor pedir>
Segundo o Procon, o plano não pode ser alterado sem o consumidor solicitar. Se a mudança, por exemplo, afeta os minutos de ligações, a internet e ainda deixa o plano mais caro, o cliente pode considerar essa prática também como cobrança indevida.>
Amostra grátis>
Os órgãos de defesa do consumidor entendem que, se o plano do consumidor foi alterado para um mais completo sem ele pedir, a diferença não pode ser cobrada. A alteração é considerada uma amostra grátis.>
Encerramento do plano>
Caso um plano seja encerrado, a operadora tem 30 dias para avisar ao consumidor a extinção desse pacote. O cliente, segundo os especialistas, têm direito de optar por um novo pacote ou mesmo encerrar o contrato.>
NOVO PACOTE DEVE SER "AMOSTRA GRÁTIS" >
Planos não solicitados pelos consumidores deveriam ser gratuitos. Pelo menos é o que prevê o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Pela lei, o consumidor não pode ser forçado a pagar por algo que não pediu. A regra do amostra grátis vale nessas situações, segundo a promotora de Justiça Sandra Lengruber, coordenadora do Centro de Apoio e Defesa do Consumidor (Cadc).>
Ela diz que o fato de o contrato não ter um prazo determinado para acabar não obriga o cliente a continuar com um plano que não pediu. Esse consumidor não é obrigado a pagar fatura. Tudo que é fornecido sem o cliente pedir tem que ser gratuito. Se o consumidor não concordou com a mudança, ele não pode ser cobrado por isso, orienta.>
A diretora do Procon da Serra, Nívia Passos, afirma que as empresas percebem o perfil de consumo e fazem a alteração do plano. Essa mudança não pode ocorrer sem que o cliente seja avisado. A maioria das pessoas que nos procura não consegue resolver o problema sozinha. Com o Procon, a operadora acaba oferecendo uma opção de plano que fica mais próximo da realidade financeira do cliente.>
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