Publicado em 10 de novembro de 2020 às 17:01
O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, afirmou nesta terça-feira (10) que a possível queda no consumo com o fim do auxílio emergencial, em dezembro, poderá ser compensada pela poupança das famílias. >
Segundo o economista, o auxílio cumpriu um papel muito relevante para sustentar o consumo ao longo de 2020. Para ele, apesar de a expectativa do Bradesco ser de uma redução de 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, houve um aumento recorde da massa salarial (soma de todos os salários pagos aos trabalhadores no período).>
"Haverá uma redução dessa massa no primeiro trimestre de 2021, com o fim do auxílio emergencial. Ainda assim, além do fato de que muitas das políticas continuarão estimulando a economia, como crédito, taxas de juros e a prorrogação de alguns programas, a poupança formada pelas famílias devem compensar o consumo perdido com o auxílio", afirmou Honorato no Bradesco Day, evento promovido pelo banco.>
Segundo o economista, o acúmulo de depósitos bancários saiu de aproximadamente R$ 2,4 trilhões em janeiro deste ano para R$ 3,2 trilhões em outubro -um aumento de R$ 800 bilhões equivalente a um crescimento de 33,3%.>
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A expectativa, segundo Honorato, é que tanto as empresas quanto as famílias saquem dessa poupança formada quando houver o fim do auxílio, compensando o consumo perdido.>
"Por isso, não imaginamos que haja uma grande queda do PIB no primeiro trimestre [de 2021]. Tem, sem dúvida, uma desaceleração da economia ao longo do primeiro semestre do ano que vem, mas nada que produza uma recessão sequer parecida com a que vimos neste ano", disse.>
Outro ponto levantado pelo economista-chefe do Bradesco é a recuperação de diversos setores da economia em quase todas as regiões do país, que começam a voltar aos níveis pré-pandemia.>
Dados do Bradesco apontam que indústria brasileira já retomou esses níveis, enquanto o comércio está 2% acima do que crescia antes da pandemia. No comércio, o avanço chega a ser 18% maior na região Norte, na mesma comparação. A única exceção é para o setor de serviços.>
Segundo Honorato, essa retomada também trouxe desequilíbrios setoriais.>
"Temos visto que a utilização da capacidade instalada na indústria está acima da média história, voltando a níveis de 2014. Isso significa que a indústria precisa acelerar a produção para atender a demanda que tem. Os indicadores mostram grande queda dos estoques na indústria e de atraso no prazo de entrega de fornecedores. Isso tem comunicação com os níveis de inflação", afirmou o economista.>
Ainda segundo os dados do banco, o mesmo acontece com o comércio, que também registra estoques nos níveis mais baixos em mais de dez anos e um prazo de entrega com o dobro de atraso no que o observado no período da greve dos caminhoneiros, em 2018.>
"Isso conta muito a respeito da continuidade do processo de crescimento. Se tem estoque para ser reposto e atraso para ser atendido, a indústria e comércio precisam seguir produzindo. Isso pode gerar algumas pressões inflacionárias. Imaginamos também que um pedaço desse risco inflacionário vai se concentrar no consumidor", afirmou Honorato.>
Ele disse, ainda, que, nesse cenário, o Banco Central também deve começar a normalizar as taxas básicas de juros a partir de 2021, elevando a Selic de 2% para 3,5% em meados do ano que vem.>
"Além disso, a dívida vai se aproximar do PIB e exigir um conjunto de ações para que ela seja manejável. Temos condição. É só preciso manter o teto de gastos e uma agenda mínima de reformas. Não precisa nem ser uma agenda super ambiciosa, basta que sejamos capazes de entregar resultados", afirmou o economista-chefe do Bradesco.>
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