Publicado em 4 de março de 2022 às 14:04
Depois de amargar tombo com a chegada da pandemia em 2020, a economia brasileira teve alta de 4,6% em 2021, apontam dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta sexta-feira (4), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).>
O resultado veio próximo das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam alta de 4,5%. O crescimento de 2021 é o maior desde 2010, quando o PIB teve aumento de 7,5%.>
O IBGE também informou que, no quarto trimestre do ano passado, o PIB avançou 0,5% frente aos três meses imediatamente anteriores. Nesse recorte, a estimativa mediana do mercado era de elevação de 0,1%. >
Com o resultado, o país recuperou as perdas sofridas com a pandemia e está 0,5% acima do patamar observado no quatro trimestre de 2019, o último sem efeitos da Covid. Ainda assim, o PIB se encontra 2,8% abaixo do pico da série histórica, registrado no primeiro trimestre de 2014.>
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O fôlego de reação do PIB, contudo, tende a ser curto, indicam analistas. É que, após a alta em 2021, o indicador deve desacelerar em 2022. Segundo economistas, a tendência é de estagnação neste ano. Em outras palavras, a previsão é de PIB próximo de 0% no acumulado até dezembro.>
A mediana das projeções do mercado sinaliza avanço de 0,30% em 2022, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada na quarta-feira (2) pelo BC (Banco Central).>
Impacto dos juros elevados, inflação persistente e renda fragilizada explicam o cenário mais pessimista para este ano. Em conjunto, esses fatores jogam contra o consumo das famílias, motor da economia brasileira.>
Outros riscos para o PIB vêm da tensão global gerada pela guerra entre Rússia e Ucrânia e das incertezas eleitorais no Brasil, que podem frear investimentos produtivos ao longo do ano.>
"O cenário para 2022 é de estagnação, com inflação ainda alta e renda baixa. A política monetária também deve pesar, desacelerando a atividade", diz o economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos.>
"Ainda é complicado falar dos efeitos da guerra, mas um dos possíveis reflexos é a diminuição do crescimento global", completa.>
De acordo com analistas, a alta de 2021 reflete, em boa parte, o efeito da base de comparação fragilizada, já que a fase inicial da crise sanitária havia derrubado o PIB em 2020.>
No ano passado, a melhora do indicador também foi estimulada pelo avanço da vacinação contra a Covid-19, que permitiu a reabertura de negócios dependentes da circulação de consumidores.>
"Boa parte do crescimento em 2021 se deve ao carrego estatístico. Além disso, houve impacto da reabertura da economia. Esses foram os dois fatores principais", afirma o economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles.>
"Tivemos ainda o efeito positivo do forte crescimento da economia global", acrescenta.>
Produtos, serviços, aluguéis, serviços públicos, impostos e até contrabando. Esses são alguns dos componentes do PIB, calculado pelo IBGE, de acordo com padrões internacionais. O objetivo é medir a produção de bens e serviços no país em determinado período.>
O indicador mostra quem produz, quem consome e a renda gerada a partir dessa produção. O crescimento do PIB (descontada a inflação) é usualmente chamado de crescimento econômico.>
O levantamento é apresentado pela ótica da oferta (o que é produzido) e da demanda (como esses produtos e serviços são consumidos). O PIB trimestral é divulgado cerca de 60 dias após o fim do período em questão.>
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